Entrevista | 07-10-2020 12:30

Uma esperança do atletismo que despontou no Cartaxo

Uma esperança do atletismo que despontou no Cartaxo

Patrícia Silva deu os primeiros passos no atletismo no Cartaxo e hoje, aos 20 anos, corre pelo SL Benfica. É filha de Rui e Susana Silva, dois ex-campeões de atletismo que, a par da sua menina, têm uma profunda ligação ao Cartaxo e ao Ribatejo.

Foi há cinco anos que O MIRANTE entrevistou pela primeira vez Patrícia Silva, uma menina que já se revelava uma esperança do atletismo com a camisola da Escola de Atletismo do Cartaxo. Desde aí muita coisa mudou na vida de Patrícia e na vida de todos nós. A pandemia de Covid-19 e o consequente confinamento - temas incontornáveis da actualidade - apanharam-na a recuperar de uma lesão e atrapalharam o processo. “Estava lesionada quando apareceu este vírus e não pude dar continuidade ao tratamento porque fechou tudo”, lamenta.

Debelada a lesão que a impediu de correr durante meio ano, explica que ainda está a adaptar-se a um novo mundo no atletismo. “Agora as pistas têm uma lotação definida e, se estiverem ocupadas, não podemos treinar”, diz. No entanto, “como não há tanto trabalho específico em início de época, tentamos treinar noutros sítios sem ser nas pistas”.

Filha dos ex-atletas e campeões Rui Silva e Susana Silva, Patrícia conta-nos que os pais, também eles ligados aos treinos da modalidade, “estão bem e a tentar adaptar-se a este novo atletismo”.

Para trás ficou o sonho de seguir carreira em Medicina, revelando com um sorriso envergonhado que tem tido um “percurso académico um bocado atribulado”. Na altura das candidaturas acabou por optar por Farmácia, a que se seguiram as Ciências Biomédicas, onde esteve dois anos; mas também não foi desta e agora irá concorrer a Ciências do Desporto. Posta de parte está a vontade de ir para o estrangeiro, por ser “muito apegada” à família.

A respeito da mudança para Lisboa, a atleta de Ereira assume as acentuadas diferenças: “Morar numa cidade é completamente diferente de morar num meio rural. Mas, a nível de clube, por muito apoio que tenhamos na nossa terra, é impossível igualar as condições do Benfica. É o sonho de todos os atletas chegarem a este patamar e foi por isso que vim”.

E será possível ser atleta de alta competição num meio mais pequeno, como o Cartaxo? “O que é necessário é um grupo de treino. Logicamente também são fundamentais outros tipos de apoio, como massagistas e fisioterapeutas - e nas grandes cidades é mais fácil ter tudo isto perto - mas, se tivesse este grupo de treino no Cartaxo, não tenho a mínima dúvida de que seria fácil ser atleta de alta competição”, afirma.

O amor ao Cartaxo

Por falar no Cartaxo, morar em Lisboa não a impede de visitar a terra que a viu crescer, como conta com orgulho “Os meus avós ainda moram lá e regresso com bastante frequência. É onde passo a maior parte das férias”.

Apesar de agora viver a 50 quilómetros do Cartaxo, isso não a impede de seguir a actualidade desportiva da região. “Gosto de acompanhar o atletismo no Cartaxo e há vários miúdos que estão a ter excelentes resultados; até há campeões nacionais. A nível de formação o Cartaxo está muito bem e, nestes escalões, ainda não se notam muito as desigualdades”.

E se há uns anos as provas oficiais eram um suplício, actualmente são o ponto alto do seu trabalho. “Agora divirto-me muito, especialmente após ter estado lesionada várias vezes”, diz. Prova disso é o 6º lugar obtido nos 1500m do Europeu de sub-23 de 2019. “Em vez de ficar nervosa, consegui desfrutar da experiência”. Quem não pôde acompanhar de perto esta vitória da filha foi Susana Silva, sua treinadora e com quem Patrícia ainda divide “o cordão umbilical”.

A breve trecho, Patrícia Silva tem como principal objectivo “não ter lesões” para conseguir voltar às pistas cobertas. Ao ar livre quer voltar onde já foi feliz e “tentar bater o 6º lugar”. A acumular conquistas e recordes desde há vários anos, revela que por vir de “um meio mais pequenino” sente-se “muito grande” a representar Portugal. “É um orgulho para as pessoas da nossa zona”.

O melhor momento da sua ainda curta carreira foi a semifinal que lhe permitiu chegar à última etapa da prova. “Já tinha estado em muitas [semifinais] e ficou sempre aquele agridoce de saber que poderia passar”. Sobre o vínculo aos encarnados, que termina em Outubro, diz que a pandemia veio baralhar as contas, mas acredita que a renovação está bem encaminhada “Estou lá há quatro anos e adoro o Benfica”, conclui.

Bodyboard é a mais recente paixão

Se nas pistas a timidez fica para trás, fora delas Patrícia mostra-se uma jovem reservada e de pés bem assentes no chão. No pulso leva a palavra Mãe tatuada e no coração um amor à família e ao atletismo que a ocupa quase 24 horas por dia.

Do pouco tempo livre de que dispõe, diz que o bodyboard é a mais recente paixão. Começou por experimentar este desporto há poucos meses nas praias da Figueira da Foz e agora quer desafiar as ondas de Carcavelos para ver se tem mesmo jeito ou se foi apenas um amor de Verão. No que toca a actividades mais recatadas, confessa que a quarentena a ensinou a gostar de ver séries, das quais destaca as produções espanholas La Casa de Papel e Elite.

Quanto ao futuro, “não ser treinadora” é ponto assente e a área da biomecânica afigura-se como a opção predileta.

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