Quem é a presidente da CCDR-LVT que acorda de madrugada a pensar no trabalho

A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional dá esta semana uma entrevista a O MIRANTE, que pode ler na edição em papel, mas para já publicamos o seu perfil.
A arquitecta Maria Teresa Mourão de Almeida fez-se cedo à vida, casando aos 21 anos, um ano depois da revolução do 25 de Abril. Enquanto estudante de arquitectura começou a dar aulas de desenho três anos antes de terminar a licenciatura. Lecionou em escolas de Alverca e do Laranjeiro e estudava à noite. Era uma época em que tudo acontecia rapidamente.
Quando se formou, em 1977, não havia emprego para arquitectos e Teresa Almeida e o marido, também arquitecto, viram nos Gabinetes de Apoio Técnico (GAT) que estavam a ser criados uma oportunidade. Já com uma filha mudaram de uma vida citadina, mais intelectual, para mergulharem no Alentejo profundo. Foram trabalhar para o GAT de Castro Verde, que dava apoio a cinco municípios, onde esteve três anos muito felizes. Mais uma vez a rapidez da mudança dominou a sua vida. Foi um tempo de aprendizagem rápida num serviço novo constituído por jovens recém-licenciados e retornados das ex-colónias que tinham muita experiência.
Fez muitos desenhos, muitos projectos, alguns que ainda gosta de revisitar pelo gosto que teve em criá-los. Entre eles está o projecto de habitação de uma cooperativa e a creche de Odemira. Foi para arquitectura pelas vivências do contexto familiar. O pai era engenheiro civil na Câmara de Lisboa e, curiosamente, trabalhava no prédio em frente ao seu gabinete na CCDR de Lisboa e Vale do Tejo. O pai esteve muito presente também nas opções dela de enveredar pelo sector público. Nunca trabalhou no privado.
Depois da experiência no GAT foi para Setúbal, de onde pensava já não sair. Trabalhou em projectos que considerou desafiantes na área da habitação social e consolidou a sua tendência para a área do planeamento. Foi a autora do Plano Director Municipal de Setúbal, que concluiu em quatro anos, tendo sido publicado em 1994. O PDM está a ser revisto.
Confessando-se uma grande admiradora dos funcionários públicos, Teresa Almeida foi vereadora pelo PS na Câmara de Setúbal, função que adorava porque o trabalho de um autarca nunca está concluído. Hoje confessa que já não voltava para a vida política autárquica. Candidatou-se à presidência em 2009 mas não ganhou e fechou um episódio na sua vida. Foi ainda governadora civil do distrito de Setúbal.
Teresa Almeida já tinha sido presidente da CCDR-LVT durante dois anos, entre 2010 e 2012. Como dirigente pública geriu também o Departamento do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa. Foi ainda gestora do Programa Operacional Mar 2020, que tem como objectivo implementar em Portugal as medidas de apoio no âmbito do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.
É natural de Vale de Cambra, distrito de Aveiro, de onde saiu muito nova. Apenas fez a primeira classe no norte. Depois estudou sempre em Lisboa. Considera-se uma pessoa que calcula muito bem as missões que lhe são confiadas e diz lidar bem com as pressões. É organizada e costuma acordar a meio da noite, aproveitando a insónia para reflectir sobre o trabalho e ponderar decisões. Confessa que é habitual fazer o exercício de se colocar no lugar do outro, porque se entender os problemas que estão do outro lado há mais condições para os resolver.
Casada há 45 anos tem duas netas de 15 e 10 anos de idade e um neto com sete meses. É neles que concentra as suas atenções nos tempos livres.

