Entrevista | 20-01-2021 07:00

“As coisas só funcionam se todos estiverem felizes no que estão a fazer”

“As coisas só funcionam se todos estiverem felizes no que estão a fazer”
TRÊS DIMENSÕES

Rui Teixeira, 50 anos, director de loja do Auchan de Alverca.

Rui Teixeira já leva 27 anos de ligação ao grupo Auchan. Chegou à loja de Alverca com a missão de a renovar e torná-la no principal centro de comércio entre Santarém e o Vasco da Gama, em Lisboa. Para isso estão a chegar investimentos de seis milhões de euros. Apaixonado por música e festivais, é um líder que gosta de ter a porta aberta aos colaboradores, aposta nos produtores locais e apaixonou-se pela história de Alverca e as gentes ribatejanas.

Já conhecia Alverca de passagem mas quando aqui cheguei fui logo conhecer a cidade. Fascinou-me a curiosidade de termos tido o primeiro aeroporto do país. E não nos podemos esquecer da importância da Igreja dos Pastorinhos que tem o segundo maior carrilhão da Europa e o terceiro maior do mundo. Alverca tem um potencial incrível de desenvolvimento pela sua proximidade ao rio. Tem espaços verdes e está a melhorar no ordenamento do território. Alverca não tem de ser um dormitório: pelo contrário, pode ser uma cidade com qualidade de vida. Isso pode ser um dos pontos de desenvolvimento e atractividade a ser trabalhar nos próximos anos.

Tenho várias paixões mas a minha obsessão é a música. Infelizmente não tenho jeito para tocar nenhum instrumento. Agora com a idade já se tornam algo desconfortáveis, mas continuo a ir a festivais. Em 2020 planeava ir ao Primavera Sound e ao Paredes de Coura, que são dois festivais de que gosto muito. Estou a ler uma autobiografia de Kurt Cobain dos Nirvana e passo a vida a ouvir música. Também gosto muito de jazz e música clássica.

Tira-me do sério a falta de honestidade. Acho que tira a toda a gente mas mexe muito com o meu estômago. Deixa-me muito tenso. Ainda tenho vários sonhos por concretizar. Enquanto cá andarmos temos sempre de manter vivos os nossos sonhos. É uma das coisas que nos alimenta. Não tenho sonhos megalómanos. Nasci no Porto e um último sonho que tenho é voltar ao Porto para viver entre a foz do Douro e o mar. É uma zona que me apaixona imenso. Outros sonhos são conhecer a Austrália ou atravessar os Estados Unidos de carro pela Route 66. São experiências para conhecer culturas e novas vivências.

Entrei para o então Jumbo da Maia no final da licenciatura, há 27 anos. Fui promovido a director de hipermercado aos 30 anos. Depois fiquei responsável por lojas em Castelo Branco, Gaia, Faro e Alfragide, onde estive mais tempo. Actualmente além de ser responsável pela loja de Alverca tenho a responsabilidade das lojas Auchan de Torres Vedras, Caldas da Rainha e do Auchan do Campera, no Carregado. Cheguei a Alverca com a desafiante missão de virar a casa, inaugurada em Novembro de 1993.

Fizemos obras e mudámos a face do Auchan de Alverca. É a primeira fase de um investimento total a rondar os seis milhões de euros. Agora vamos partir para a intervenção nos parques de estacionamento, fachada do edifício, zonas sociais para colaboradores e cais de mercadorias. Estamos apostados em ser a principal superfície comercial do concelho e já apresentámos projectos na câmara para a nossa segunda grande fase de obra.

Queremos que o Auchan de Alverca venha a ser o centro do comércio entre Santarém e o Vasco da Gama, em Lisboa. Vamos fazer um aproveitamento integral do edifício para o adaptar a um centro comercial de nova geração. Muito orientado para serviços, onde se prevê residências séniores, clínica de saúde, ginásio e lojas. A grande alavanca será um parque de aventura infantil. Tudo isto irá gerar postos de trabalho. Já temos vários acordos na parte comercial mas ainda estamos a desenvolver a oferta de serviços. É um projecto de investimento feito pela Auchan, pelos centros Allegro e por fundos de investimento. É projecto para três a cinco anos a iniciar brevemente.

Apostamos forte na nossa oferta qualitativa e no lema do bom, são e local. Temos novos produtos de saúde na parafarmácia e produtos biológicos, vegan e sem lactose, bem como novas áreas de frutas e de produtos avulso. Compramos a produtores da zona. Um exemplo disso foi o acordo feito em Agosto com um produtor de melão de Almeirim que foi um sucesso. Mas também trabalhamos com a Dona Uva da Castanheira e com cooperativas de Arruda dos Vinhos e Carregado. Temos tido uma preocupação muito grande em apoiar a produção local.

As pessoas de Alverca têm um nível de lealdade e fidelidade verdadeiramente incomum face ao resto do país. Foram tremendamente compreensivos nos cinco meses de obra em que incomodámos muito o conforto de compra. Tiveram a tolerância de nos deixar trasbalhar num período tão difícil e estão todos cá novamente connosco. Por isso só posso agradecer e reconhecer a todas as pessoas.

A confiança, a abertura e a excelência são os meus valores fundamentais. Trabalho com 300 pessoas em Alverca e o maior desafio é ter tempo e disponibilidade para todos. O maior desafio de um líder é ter capacidade de comunicar com as pessoas com quem trabalha. É uma questão de organização. As coisas só funcionam se todos estiverem felizes no que estão a fazer. Sou um líder de porta aberta. É preciso vestir a camisola e gostar do que se faz. Um líder que não goste de pessoas não tem competência para liderar.

Um hipermercado é uma amostra da sociedade. Há pessoas altamente comprometidas e de boa índole com o que fazem e outras que têm algum grau de toxicidade. Temos de perceber isso, a origem e as causas para estarem nessas situações. Muitas vezes há problemas pessoais por trás que desconhecemos e que fazem com que não estejam totalmente empenhadas no trabalho. Se as escutarmos e ajudarmos elas podem evoluir.

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