Entrevista | 30-03-2021 07:00

“Tenho saudades de me sentir livre”

“Tenho saudades de me sentir livre”
TRÊS DIMENSÕES
Rosário Saramago

Rosário Saramago, médica dentista, Entroncamento.

Rosário Saramago nasceu há 47 anos em Ovar. Viveu num pequeno lugar do concelho de Santa Maria da Feira, também no distrito de Aveiro, até aos 17 anos. Entretanto, licenciou-se em medicina dentária na Universidade do Porto e estabeleceu-se no Entroncamento há 21 anos, onde abriu uma clínica dentária com o seu nome. Tem dois filhos e garante que são a sua prioridade. Quando a pandemia terminar quer voltar a abraçar amigos e família, ver o mar e viajar. Diz que as pessoas já não têm medo da cadeira do dentista e que um sorriso bonito continua a ser um óptimo cartão-de-visita.

A minha mãe sempre disse que gostava de ter um filho médico. Ela dizia que cada um seguia a carreira que quisesse mas que ela gostava muito que um de nós fosse médico. Sou a filha mais nova e acho que fiquei com aquela sugestão na cabeça. Concorri para medicina, medicina dentária e engenharia química e entrei na segunda opção. Também gostava da área de engenharia química e bioquímica mas tomei a opção certa.

No início da profissão andava de mochila às costas porque trabalhava em muitos locais. Depois de concluir o curso na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, em 1997, fui trabalhar para a clínica de um colega mais velho. Um dia surgiu a oportunidade de trabalhar numa clínica em Castelo Branco. Estive lá ano e meio até que me foi proposta sociedade numa clínica em Tomar.

Quando decidi ter a minha própria clínica optei pelo Entroncamento, onde trabalho há 21 anos. Quando trabalhava em Tomar tinha lá casa mas entretanto comprei casa no Entroncamento, para estar mais perto dos meus filhos. Sou natural de Ovar, distrito de Aveiro, mas adaptei-me bem ao Ribatejo. O Entroncamento é uma cidade acolhedora e não muito grande. Vive-se com segurança aqui.

Se os meus filhos estiverem doentes e tiver que os acompanhar não trabalho. A minha vida mudou quando fui mãe. As prioridades mudam. Se os meus filhos precisarem de mim estou disponível para eles e se isso implicar não trabalhar não trabalho. Eles são a prioridade. Aproveitamos as manhãs do fim-de-semana para caminharmos e aproveitarmos o bom tempo.

Tenho saudades de me sentir livre. Sinto falta de ir ver o mar e estar com a minha família e amigos. Sinto falta de ser livre, porque neste momento não o somos. Até posso querer ficar o fim-de-semana em casa mas fico porque quero. Esta sensação de não podermos fazer o que queremos livremente condiciona-nos permanentemente.

Assim que passar o confinamento quero viajar. Depois de abraçar e beijar toda a minha família e amigos vou viajar com os meus filhos. Adoro viajar. Ainda não sei para onde vamos, depende da estação do ano. Adorei a viagem que fizemos à Noruega. Fiz Erasmus nesse país e sempre disse que um dia os levava lá. Da Noruega fomos até Oslo e de Bergen fomos de barco até ao Mar do Norte. Também visitamos os fiordes que são lindíssimos. Foi uma viagem que fica na memória.

O Serviço Nacional de Saúde ter serviço de médico dentista foi uma boa medida. Infelizmente, o ordenado médio nacional não permite a muitas pessoas irem ao dentista. No SNS as pessoas pelo menos têm acesso a uma ou duas consultas por ano para os serviços básicos como fazer uma destartarização, tratar um dente ou extrair um dente.

Um sorriso bonito é cada vez mais um cartão-de-visita para qualquer pessoa. A mentalidade mudou e o poder económico também. As pessoas já têm noção da importância de ter uma boca saudável. É preferível ir, no mínimo, uma vez por ano ao dentista, porque aí já é possível detectar eventuais problemas e tratá-los atempadamente, do que tratar quando a situação já está mais grave.

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