Entrevista | 04-05-2021 07:00

“Santarém é uma das cidades mais bonitas do país”

“Santarém é uma das cidades mais bonitas do país”
TRÊS DIMENSÕES
Etelvina Gaudêncio trabalha na Scalconta, onde é directora técnica, há 43 anos

Etelvina Gaudêncio tem 65 anos e trabalha na Scalconta, em Santarém, onde é directora técnica, há 43 anos. Antes de entrar na área da contabilidade fez um pouco de tudo: foi aprendiz de cabeleireira, trabalhou numa padaria, minimercado, pastelaria e teve um restaurante. Diz que todos esses empregos foram importantes para a sua aprendizagem. Guarda memórias muito felizes da infância. Adora cozinhar e viajar. Vive em Almeirim e trabalha em Santarém, duas cidades que lhe estão no coração.

Vi nascer bezerros e aprendi a dar-lhes de mamar. Nasci em Ulme e tínhamos uma pequena quinta. A minha infância foi solitária, porque era a mais nova de quatro irmãos, mas fui muito feliz. Pegava no meu cão, o “Manda Vir”, e numa pequena carroça e passávamos o dia a passear pelo campo. Chegava a casa à hora de jantar. Eram outros tempos, que foram muito felizes. O senhor Manuel ‘Abóbora’, como lhe chamávamos, chamava-me para ordenhar as vacas com ele. Gostava de apanhar rãs e não tinha medo nenhum de cobras. Uma vez andava com uma pequena na mão a assustar quem aparecesse ao pé de mim.

O meu primeiro trabalho foi aos 13 anos como aprendiz de cabeleireira. Estudei até ao actual 6º ano mas os professores sempre disseram que eu deveria continuar a estudar. Com oito anos fui viver para Almeirim onde aprendi a ser cabeleireira mas fiz muita coisa. Trabalhei numa padaria, onde aprendi a fazer pão e, aos 14 anos, começava a trabalhar às seis da manhã. Depois fui trabalhar para um minimercado. Como queria voltar a estudar fui trabalhar para Santarém para poder frequentar o horário pós-laboral.

A escola da vida é passar por muitos empregos que nos tragam valor acrescentado. Trabalhei numa pastelaria e estudava à noite. Aos 17 anos comecei a trabalhar num escritório, onde ajudava a fazer o que fosse preciso. Queria era aprender. Tirei o curso de Comércio e Contabilidade, na Escola Industrial de Santarém. Sempre gostei de contas, os números falavam comigo. Depois de passar por algumas empresas, sempre na área da contabilidade, cheguei à Scalconta, onde estou há 43 anos.

O nascimento do meu filho foi o momento mais importante da minha vida. Na altura estava a frequentar o curso de Gestão, no ISLA, mas tive que abandonar porque foi impossível conciliar tudo. Comecei a ter muito trabalho e muita responsabilidade e tinha o meu filho, que sempre foi uma prioridade. É importante tirar um curso, é uma mais-valia num mundo tão competitivo como aquele em que vivemos, mas sei que tomei a opção certa e não me arrependo. O nascimento de um filho é tão avassalador, é um amor incondicional, que tudo muda. E é importante que assim seja. Se já não podemos ir ao cinema vamos ao circo. Fazemos programas onde podemos incluir o nosso filho.

Adoro cozinhar. Tive um restaurante, que se chamava “Noite e Dia”, em Santarém, entre 1975 e 1978. Faço uma boa sopa de pedra, que não fica atrás das dos restaurantes de Almeirim. Uma das minhas especialidades é bacalhau com natas. Também faço muito bem pratos relacionados com marisco. Gambas à la planche é um prato que me pedem muito para fazer. Gosto mais de cozinhar mas aprecio um cozido à portuguesa, um bom bife ou um bom peixe. Sou um bom garfo.

Santarém é uma das cidades mais bonitas do país. É uma cidade que tem tudo, a começar pelos monumentos que são lindos. Recentemente, mostraram-me o rio Tejo às sete da manhã e a imagem é magnífica. A vista sobre o rio é deslumbrante. É uma cidade com muito sol, apesar de ser muito quente no Verão mas é normal numa cidade do interior. Também gosto muito de Almeirim, onde ainda vivo. Tem crescido muito, continua a expandir-se e há muita qualidade de vida. A Chamusca é uma vila castiça mas perdeu um pouco de vida nos últimos anos. Ulme é o local onde a água tem muito boa qualidade.

Adoro viajar e já conheci todos os continentes. A Turquia, nomeadamente a zona da Capadócia, ficou-me na memória. É muito bonito. A República Dominicana é perfeita para descansar e apanhar sol. Depois da pandemia viajo para qualquer lado mas quero muito conhecer as ilhas espanholas como Tenerife e Lanzarote. Nos tempos livres gosto de caminhar e adoro dançar. Toco cavaquinho mas lamento que agora esteja tudo fechado para fazer o gosto ao pé e à mão.

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