Entrevista | 05-05-2021 18:00

“Alverca não pode continuar a deixar fugir investimento aeronáutico”

“Alverca não pode continuar a deixar fugir investimento aeronáutico”
ENTREVISTA COMPLETA
Mário Lopes diz que Alverca não tem tido o rumo que merece nas últimas gestões PS e CDU

Não há desculpa para a União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho não estar na linha da frente do desenvolvimento económico do concelho de Vila Franca de Xira, diz Mário Lopes.

Empresário do ramo da aeronáutica, foi fundador da associação de pais da Escola Básica da Malvarosa e diz que todos os anos a cidade perde milhões deixando voar negócios do sector da aviação. Quando o desafiaram para ser candidato à junta pelo PSD respirou fundo e decidiu avançar mesmo sem experiência política. Confessa-se um cidadão simples que quer contribuir para a comunidade. É a O MIRANTE, jornal do qual é leitor, que dá a primeira entrevista.

Quem é o Mário Lopes?

Não sou político nem nunca me envolvi na política. Sou uma pessoa de carácter, pró-activa e não sou de virar as costas a ninguém. Não tenho inimigos nem telhados de vidro. Gosto muito de viver em Alverca. Depois de vários anos a residir no centro da cidade mudei-me para a Malvarosa, onde resido há 12 anos. Alverca dá-nos qualidade de vida e segurança. É pacata. Não tenho dúvida que Alverca é o ex-líbris para viver na Área Metropolitana de Lisboa. Com acessos tão bons a Lisboa não há desculpa para Alverca não estar na linha da frente do desenvolvimento futuro do concelho.

Estar perto de Lisboa é uma vantagem ou um problema?

Garantidamente uma vantagem. Podemos atrair melhor investimento se o soubermos fazer. O último mandato do Carlos Gonçalves à frente da junta foi uma oportunidade perdida, não melhorou em nada a cidade. É impressionante. Foram 4 anos absolutamente perdidos e mal aproveitados. Gostava de ser um autarca mão na massa e estar mais presente na vida dos cidadãos e conseguir falar com todos. Sinto que não ser político de carreira me dá uma vantagem, porque tenho de estudar os assuntos, perceber o que realmente precisamos para melhorar as coisas e isso requer planeamento, trabalho e investigação. Mais importante que os partidos é ter confiança nas pessoas. São elas que fazem a diferença. Gostava de dar melhores condições aos jovens. Além do desporto não temos nada para os jovens em Alverca. Não há nada que os cative para o teatro ou a cultura. Só socializam nas esplanadas dos cafés.

Fundou a Associação de Pais da EB1 da Malvarosa e foi presidente durante quatro anos criando um ATL e equipando a escola com quadros interactivos. O que o levou a avançar nesse projecto?

Na altura quis ajudar a comunidade e as crianças que frequentavam a escola. Sempre que posso gosto de dar de mim para quem me rodeia. Na escola sempre chamei os pais para que participassem activamente na vida da escola. Entendo que as escolas não são locais onde despejamos os filhos e vamos embora. Não podem ser parques de estacionamento de crianças onde voltamos ao fim do dia para as ir buscar. Que é o que acontece hoje em dia em muitas escolas, infelizmente.

Trabalha no sector aeronáutico e lida de perto com governos e empresas do sector. Quão esquecido está o cluster aeronáutico de Alverca?

Não existe. Lamentavelmente, os anos vão passando e não surge nada. Continuamos a deixar fugir investimento para Évora e estamos a desperdiçar oportunidades. Estamos a perder todos os anos milhões de euros de investimentos do sector da aviação e não estamos a saber aproveitar o que Alverca pode dar. Os pássaros estão todos a fugir da gaiola e nada está a pousar. O alverquense é uma pessoa empreendedora, abre o seu negócio e luta, mas depois não há mais nada. Porque não criar, ou dar incentivos, à criação na cidade de um politécnico na área da aviação, mecânica e engenharias? Fico triste do cluster nunca ter passado de uma miragem.

A União de Alverca e Sobralinho é a que mais contribui em impostos para os cofres do município. Merece tratamento especial?

Não. Concordo com o princípio da igualdade. Mas é preciso melhorar a higiene da cidade. Há situações lastimáveis com acumulação de lixo. É terrível. Na zona central de Alverca porque não se mudam os caixotes por ilhas ecológicas para melhorar a estética da cidade? Porque não se arranja melhor os canteiros e as zonas verdes? São coisas pequenas que mudam tudo no nosso dia-a-dia. Sinto que Alverca não tem tido investimentos. Parece que no dinheiro da câmara há uma ponte que sai de Alhandra e acaba na Póvoa, onde Alverca fica na mesma. Não desenvolve. Agora como há eleições estão a acelerar com várias obras, claro. Mas há coisas terríveis...

Como por exemplo?

Veja-se o parque de contentores de Alverca. Está horrível. As pessoas compraram casas de 400 mil euros para terem uma vista sobre contentores. Estão a pensar na continuidade do caminho ribeirinho e vão dar aquela vista a quem ali passar? Há coisas que se podem melhorar bastante. Tudo se consegue com muito trabalho e temos de ser persistentes. Temos de andar em cima dos problemas.

A variante à Estrada Nacional 10 é a solução para os problemas de tráfego ou defende a isenção de portagens na Auto-Estrada do Norte (A1)?

Concordo com Alberto Mesquita e a solução é acabar com as portagens entre Alverca e Vila Franca de Xira. Pelo menos para os veículos pesados. A EN10 é um horror com imenso ruído e poluição. Uma variante junto da linha de comboio também seria uma possibilidade mas com as obras do campo de estágio do FC Alverca deixei de conseguir ver onde se poderá meter essa variante…

Concorda com a União de Alverca com o Sobralinho?

Não. São duas realidades díspares e deviam ser independentes. No Sobralinho é preciso melhorar a higiene urbana e o palácio não é dinamizado o suficiente. É um espaço lindo e está ali a morrer. Uma pena.

Um apaixonado por aviões e sem tolerância para erros

Mário Lopes, 45 anos, casado, nasceu no concelho da Figueira da Foz mas em 1999 trocou essa cidade por Alverca, terra onde constituiu família e de onde não se vê sair. Já se sente um filho da terra, especialmente desde que os seus dois filhos nasceram. Começou por trabalhar na empresa de transporte de mercadorias do pai depois foi auxiliar de acção médica nas urgências do Hospital da Figueira da Foz. Sonhava ir para um centro urbano e o irmão, que já vivia em Alverca, cativou-o a mudar-se.

Foi funcionário da OGMA - Indústria Aeronáutica entre 1999 e 2003, altura em que se viu no desemprego. Não desistiu de lutar e criou a sua própria empresa de fornecimento de materiais para a manutenção aeronáutica que tem hoje clientes por todo o mundo, em particular na América Latina. Entretanto abriu também uma lavandaria self-service na cidade.

Não gosta de comprar a carne e o peixe nas grandes superfícies e por isso todos os dias vai ao mercado da cidade. Também é fã da feira semanal onde compra roupas e outros acessórios para o dia-a-dia. “Ando nas ruas mas sou muito discreto”, confessa. Não tolera erros e gosta de ser perfeccionista no que faz.

Adora aviões, não lê por falta de tempo mas gosta de música dos anos 80 e 90 como Guns N’Roses, Dire Straits ou U2. Já realizou várias viagens ao mundo devido à sua profissão e a Tailândia foi o local que mais o cativou. Se pudesse, confessa, gostava de criar na cidade uma instituição de apoio à terceira idade. Também já fez voluntariado como Família Amiga da Fundação CEBI, acolhendo crianças em risco que estão institucionalizadas naquela entidade.

Ler jornais para estar informado

Mário Lopes confessa-se leitor de O MIRANTE desde os tempos em que fundou a associação de pais da escola da Malvarosa. “É um jornal muito importante na nossa comunidade, é esclarecedor e tem notícias muito boas. Leio bastante e é até muitas vezes através dele que tomo conhecimento de várias situações na cidade”, diz.

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