Entrevista | 13-10-2021 15:00

Armindo Pinhão: um dos mais novos autarcas dos anos 80 que nunca mais quis voltar à política

Armindo Pinhão: um dos mais novos autarcas dos anos 80 que nunca mais quis voltar à política
Armindo Pinhão foi eleito presidente da Câmara de Alpiarça aos 29 anos pela CDU

Armindo Pinhão foi eleito presidente da Câmara de Alpiarça com 29 anos e quando saiu desligou o interruptor da política para sempre.

Estava predestinado pelo PCP a ser presidente da Câmara de Alpiarça apesar de não ter uma militância activa. Discreto, pouco falador, com uma vida pacata, Armindo Pinhão foi ao colo do partido para assessor do presidente da câmara em 1982 porque os dirigentes comunistas queriam que aprendesse a gestão camarária. Um ano depois, com 29 anos, ganhou as eleições. Muitos dos autarcas da região tinham idade para serem seus pais. Fez três mandatos porque não queria fazer mais e foi para a sombra da Região de Turismo do Ribatejo, onde, até ir para a pré-reforma, não quis brilhar para não tirar palco ao presidente, que era do PS. No turismo foi o criador da Rota do Vinho e da Vinha, talvez cedo demais, porque agora é que o enoturismo está na moda quando a rota morreu. Foi o criador de uma cooperativa agrícola de génese municipal, que continua em actividade e é um caso extraordinário no país. Armindo Pinhão é a antítese de muitos dos políticos actuais, por voltar ao seu canto e resistir à tentação de exercer influência política ao ponto de nem ser visto em iniciativas públicas. Aos 68 anos, Armindo Pinhão, que jogou futebol nos Águias de Alpiarça e no União de Almeirim, que entrou em duas peças de teatro, mais para compor o elenco do que para representar, continua a viver a vida de forma pragmática e tem-se entretido com o projecto vitivinícola da filha.

Estamos no parque do Carril. Quando era presidente de câmara imaginava que este espaço se tornasse numa zona de lazer?

Nos anos 40 do século passado as mulheres de Alpiarça vinham aqui lavar a roupa porque não havia água canalizada, mas também não havia poluição. Com o desenvolvimento industrial a vala real passou a ter problemas. Temos um problema na vala que são as infestantes, sobretudo a erva pinheirinha. Nos últimos tempos tem-se feito investimentos na arborização do parque, que está muito agradável.

Quando entrou para presidente de câmara as preocupações eram outras…

Em 1983 as preocupações eram o abastecimento de água, o saneamento básico, a electrificação. Não havia fundos comunitários e vivia-se uma grande crise no sector da construção civil, em que muitos trabalhadores foram absorvidos pelas câmaras. Para rentabilizar esse pessoal a Câmara de Alpiarça teve que fazer muitas obras por administração directa.

Até 1985, quando surgiram os fundos comunitários, como é que foi gerida a câmara?

Estivemos dois anos a balançar. As câmaras não podiam fazer letras bancárias, mas havia as declarações de dívida. As letras obrigavam ao pagamento de juros. As declarações de dívida eram aceites pelas empresas que iam fazendo os trabalhos sem receberem, mas o Tribunal de Contas dizia que não se podia pagar-lhes juros de mora. As empresas estavam a fazer-nos um favor e entendi pagar sempre juros, por uma questão de justiça, apesar de correr o risco de ter problemas com o tribunal.

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