Concelho de Vila Franca de Xira precisa de uma universidade de aeronáutica em Alverca
Depois de quatro anos como líder da bancada da coligação PSD/CDS/MPT/PPM, Madalena Lage é agora a nova presidente da assembleia de freguesia de Vila Franca de Xira.
Depois de quatro anos como líder da bancada da coligação PSD/CDS/MPT/PPM, Madalena Lage é agora a nova presidente da assembleia de freguesia de Vila Franca de Xira. A jovem autarca de 27 anos quer aproximar os jovens da sua terra, o que só será possível com fortes atractivos como a instalação de uma universidade e a existência de habitação acessível e de qualidade. Madalena Lage é contra as quotas de mulheres na política, considera uma vergonha o que se passa com o devoluto Vila Franca Centro e critica a mudança de administração privada para pública do Hospital de Vila Franca de Xira, salientando que os novos gestores precisam de fazer muito mais para darem saúde de qualidade.
A nova presidente da Assembleia de Freguesia de Vila Franca de Xira, Madalena Lage, defende a instalação de uma universidade em Alverca que se dedique, sobretudo, ao ensino das áreas da aeronáutica e ciências. A autarca que tem 27 anos e dois filhos, acredita que o ensino superior promovia o dinamismo económico e social do concelho. E seria também a melhor forma de concretizar a visão que a jovem tem para fixar os jovens da terra, estancando a fuga para Lisboa. Além disso será necessário apostar em habitação de qualidade, que é reduzida e a que existe tem rendas muito elevadas para a capacidade dos jovens.
Madalena Lage, que regressou às origens depois de ter trabalhado em Lisboa, considera que é preciso combater a perda de população jovem. Para além de uma universidade e de habitação a preços acessíveis, também é preciso fixar a população jovem dando-lhes uns rebuçados, como a animação nocturna e a diversidade cultural. Para a jovem a junta de freguesia pode ser um porta-voz no combate a este problema, salientando que conta pelos dedos de uma mão os colegas de turma que hoje conseguem viver em Vila Franca de XIra. “Temos de tornar a cidade mais atractiva. Da minha geração muitos foram para Lisboa e já não voltaram”, lamenta a O MIRANTE.
A autarca considera-se uma apaixonada ferrenha pela sua terra e uma aficionada pela festa brava. Diz que apesar dos problemas com habitação Vila Franca de Xira é das melhores cidades para se viver na Área Metropolitana de Lisboa pela qualidade de vida que oferece. Madalena escolheu voltar às origens e vive no Bom Retiro com o marido. Formada em ciência política e relações internacionais, a autarca trabalhou numa fundação ligada à educação e na Universidade Católica. Actualmente dá apoio ao gabinete dos vereadores da coligação liderada pelo PSD na câmara municipal e faz dessa a sua ocupação principal.
A sua paixão pela política começou cedo com o Partido Social Democrata. Aos 18 anos integrou pela primeira vez uma lista à assembleia de freguesia mas em lugar não elegível. Em 2017 foi eleita líder da bancada da coligação PSD/CDS/MPT/PPM. Nas últimas autárquicas subiu ao lugar de presidente da assembleia, sucedendo a Filipe Valente. Madalena Lage não gostou de várias assembleias no último mandato em que o tema era sempre o caso das agressões entre o líder da CDU na assembleia de freguesia e o secretário da Junta de Vila Franca de Xira, eleito pelo PS. “Tentámos chamar a atenção para nos centrarmos no que era relevante porque nem sempre isso acontecia”, lamenta.
“A política é o que gosto de fazer e o que me apaixona. Vivo-a como vocação. Fico com os cabelos em pé quando oiço alguém dizer que não é político. Devemos ter orgulho em sermos políticos, mesmo havendo a ideia generalizada que somos todos corruptos e vigaristas. Lá porque alguém está na política não significa que esteja à procura de tacho”, critica.
Listas baseadas em mérito e não no género
A autarca é contra a imposição de quotas de mulheres na política por acreditar que as listas devem ser constituídas com base no mérito e não no género. O seu objectivo como presidente da assembleia é conseguir levar mais gente às sessões e aproximar o órgão da vida da cidade. Madalena Lage reconhece que as pessoas só se interessam pela política quando algo lhes diz respeito, quando há um problema na sua rua ou na escola dos filhos e que a culpa disso é dos políticos locais. “Nem sempre sabemos fazer uma boa comunicação e as intervenções nem sempre são simples, fáceis de entender e demoram tempo demais. É um percurso que temos de continuar a fazer e dar maior visibilidade às assembleias”, defende.
Sobre o reeleito presidente da junta, entende que se viveram quatro anos positivos para a freguesia, com melhorias visíveis na limpeza e higiene urbana. Mas para a jovem continua a haver falta de ambição em fazer mais do que a simples gestão corrente. Para presidente da assembleia é preciso que o executivo da junta aposte mais na valorização da marca Vila Franca de Xira, promova um maior envolvimento com o associativismo e incentive a cultura tauromáquica. “Podemos ir muito mais longe”, realça a autarca, que quando era pequena brincava às largadas de toiros no recreio da escola primária.
A doença do hospital e a vergonha do Vila Franca Centro
Desde que o hospital de Vila Franca de Xira mudou a sua gestão de privada para pública que os serviços têm piorado e a situação deixa Madalena Lage muito preocupada com o futuro. “Funcionava muito bem e os meus filhos nasceram lá. Era reconhecido internacionalmente e de um momento para o outro as coisas caíram. Tudo por culpa de uma decisão meramente ideológica”, critica.
Acabar com a parceria público-privada que ali existia foi um erro, considera a autarca. “Se o hospital com gestão privada oferecia um bom serviço à população, por que motivo se acabou com ela? Hoje estamos a ter imensas dificuldades. Gostava que funcionasse melhor, nem que fosse a tentar replicar o modelo de funcionamento da parceria”, defende.
O estado degradado do antigo Vila Franca Centro também merece queixas da nova presidente da assembleia. Diz que é um mono que deve envergonhar todas as pessoas da cidade. “Esperamos que da reunião que vai haver entre a câmara e os proprietários possa ser dado um primeiro passo para a resolução do problema. Não acredito que aquilo algum dia possa voltar a ser um centro comercial”, lamenta. Para a autarca o espaço teria sido melhor aproveitado para centralizar os serviços municipais ou até para colocar o novo tribunal do comércio em vez de ser construído de raiz na antiga escola da Armada.