Grupo Desportivo de Samora Correia aposta na formação e futebol feminino
Paulo Abreu traça um balanço positivo dos primeiros meses como presidente do Grupo Desportivo de Samora Correia.
O clube mantém a estabilidade financeira e está mais perto de ter usufruto legal do Campo da Murteira. A aposta na formação de jogadores e investimento no futebol feminino são algumas das metas da direcção que ambiciona a conquista do título de campeão para as equipas de iniciados e juniores.
Dar continuidade ao projecto iniciado em 2017 e manter a estabilidade financeira do clube são alguns dos objectivos da direcção do Grupo Desportivo de Samora Correia (GDSC). Paulo Abreu, bancário, 38 anos, está ao comando do clube há quase seis meses após ter desempenhado o cargo de vice-presidente desde 2017. Conhece bem a casa uma vez que jogou futebol durante duas décadas ao serviço do clube.
Em entrevista a O MIRANTE admite que não fazia ideia do que era estar a desempenhar funções como director mas o balanço é positivo. “Consegui implementar o que queria fazer como a festa de final de época da Academia Mário Camora e arrancar com a obra no edifício do antigo bar dos seniores, que será uma sala multiusos para servir refeições aos atletas ou para fazer reuniões. Também melhoramos os sistemas de rega com canhões automáticos”, conta.
A nova direcção vai manter-se em funções até 2025 e pretende aumentar o número de atletas dos actuais 260 para os 300. No Campo da Murteira joga-se futebol dos quatro aos 39 anos nos campos de futebol onze, futebol sete, futebol cinco e num relvado sintético. “Temos a felicidade de ter este espaço todo e arrisco-me a dizer que no distrito de Santarém mais nenhum clube tem as mesmas condições que nós em termos de relvado. Ainda assim necessitamos de mais um campo, pois já começa a ser curto”, refere o dirigente desportivo.
No ano passado a equipa de futebol de iniciados e a equipa de juniores foram vice-campeãs distritais. A meta é continuar a lutar para subir ao nacional e serem campeões. O único escalão do clube actualmente a jogar na 2ª divisão distrital é o de juvenis. O caminho do GDSC é continuar a apostar na formação de jovens atletas para permitir que a equipa sénior seja maioritariamente composta por atletas formados na casa. Esta época 60% dos atletas da equipa sénior já são oriundos das escolas do clube.
“Não podemos pagar grandes valores aos jogadores e por isso tentamos dar condições que outros clubes não têm. Exemplo disso é o campo de relvado natural, as infraestruturas, o balneário, o posto médico e garantir as refeições ao domingo. São pormenores a que os jogadores dão importância e assim é mais fácil cativá-los para continuarem neste projecto”, diz o presidente.
Reaproximar os sócios e investir no feminino
O GDSC conseguiu dar a volta e não tem dívidas a saldar. Com um orçamento para 2023 de cerca de 135 mil euros, não está no horizonte da actual direcção contrair empréstimos bancários. São cerca de 300 os sócios pagantes, a maioria encarregados de educação que têm os filhos a jogar no clube. Com a deslocação do GDSC para longe da cidade, o passado de dívidas e as descidas de divisão, os sócios foram-se distanciando. “Estamos a fazer um trabalho de reaproximação dos sócios. Vamos organizar iniciativas para angariar mais sócios e para reactivar os sócios antigos. O director adjunto Francisco Fonseca, que é uma pessoa conhecida em Samora Correia, vai fazer um levantamento dos sócios e saber se querem ou não continuar”, refere Paulo Abreu.
Boa notícia para o clube foi o acordo assinado entre a Câmara Municipal de Benavente e a Companhia das Lezírias por causa dos terrenos no Estádio da Murteira. O acordo vai permitir que os terrenos passem para a posse da autarquia, que depois dará o usufruto ao GDSC. O município já pagou uma primeira tranche de 250 mil euros à Companhia das Lezírias e durante dez anos vai pagar anualmente 50 mil euros para ficar com os terrenos na sua posse. “Temos problemas por não termos o documento de usufruto dos terrenos. Temos uma declaração da câmara, mas o documento de usufruto vai permitir receber apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude para melhoria das instalações do clube, o que até agora não era permitido”, explica o presidente.
O GDSC está também a investir no futebol feminino, uma promessa eleitoral da direcção. Existem para já dois escalões, de Sub-13 e Sub-17, mas a vontade é evoluir para abrirem equipas de outros escalões. Isto implica mais disponibilidade de campo e mais pessoas disponíveis. A equipa tem um delegado responsável para estas duas equipas e mais dois treinadores e uma adjunta.
A pressão dos pais com que nem sempre é fácil de lidar
As polémicas e os problemas que surgem nos clubes com maior massa associativa não trazem nada de bom para quem quer colocar o educando no futebol. Para Paulo Abreu o futebol nacional está a desvalorizar o jogador enquanto pessoa sendo o mais importante obter dinheiro com o atleta. “Os valores que são transaccionados pelos clubes os jovens atletas é uma máquina difícil de controlar apesar das regras. Assusta um pouco… A alegria e a paixão pelo futebol parece que quando chega a determinada idade já não interessa”, lamenta.
Muitas vezes são os próprios pais a não darem um bom exemplo aos filhos. Ainda o jogo não começou e já estão a chamar nomes ao árbitro e aos jogadores. Alguns pais também pressionam os filhos para serem os melhores, o que nem sempre é saudável e produtivo. “Fazemos tudo em prol do atleta mas não conseguimos controlar o que se passa em casa. Muitos treinam melhor quando os pais não estão, porque não se sentem pressionados. Um dos nossos desafios é conseguir manter os jogadores motivados, focados no jogo mas divertirem-se. Podem ser felizes na mesma e não precisam ser o Cristiano Ronaldo”, defende.