Exercício da política enquanto intervenção cívica é das actividades mais altruístas que conheço
As notícias de O MIRANTE de que sempre gostarei são as que falam do Cartaxo de forma positiva. Nessas alturas sinto um orgulho grande e um reconhecimento especial. Sem vós estas notícias dificilmente chegariam às pessoas.
A liberdade de imprensa é fundamental na construção diária de uma sociedade democrática, inclusiva e transparente. Tratando-se do direito dos meios de comunicação divulgarem informação ou publicarem opiniões sem intervenção do Estado, sem censura, considero-a um direito inquestionável, mas não absoluto porque nenhum direito democrático existe isolado, mas sim em correlação com outros direitos fundamentais. É importante manter regras que possam não só proteger a liberdade de imprensa, mas também assegurar o direito, por exemplo, à privacidade dos indivíduos, em especial dos mais vulneráveis, ou ao bom nome das instituições.
Procuro sempre informação junto de órgãos de comunicação social, ainda que a partir das suas edições online. A publicação de informação por jornais, rádios ou noticiários televisivos em canais digitais é, na minha opinião, o futuro, quer pela facilidade de acesso a partir de qualquer dispositivo, a qualquer hora, em qualquer lugar do mundo, mas também pela facilidade de aliar diferentes abordagens de uma mesma notícia – jornalística, de opinião, de interpretação de especialistas, por exemplo. Aliar o texto ao vídeo, aliar opinião escrita a entrevistas. Mas considero que continuará a haver sempre lugar para o jornal impresso.
Informação totalmente gratuita pode ser promotora de igualdade mas há que ter em conta a sustentabilidade do modelo de negócio. Há que garantir profissionais qualificados, detentores não só de competência técnica mas também de uma postura ética na sua profissão que assegure, ao leitor, que a informação é credível, foi confirmada e não é condicionada por interesses de qualquer ordem. Penso que deverá haver subscrição paga para acesso à informação, como há na compra de um jornal em papel.
Sem os jornais regionais há muita informação importante que não chega às pessoas. E pessoas com menos informação são pessoas com menos participação e mais permeáveis às falsas notícias veiculadas nas redes sociais por perfis falsos ou pouco transparentes nas suas intenções e objectivos. Pessoas mais informadas são pessoas mais protegidas de extremismos, falsos profetas ou fraudes e mais capazes de participar na comunidade, de intervir e tomar posição em defesa dos seus direitos.
Nasci e cresci em democracia. Quando olho para o modo como as gerações antes do 25 de Abril foram obrigadas a viver, sem liberdade de expressão, num país fechado à Europa e ao mundo, circulação ou reunião, com enormes falhas na educação das crianças e no apoio social aos idosos, sem poder local democrático, considero que tem sido um privilégio enorme viver em liberdade e ser presidente de câmara em democracia. Mas a democracia é um processo em permanente construção e é no exercício diário da nossa liberdade que a projectamos de forma consistente no futuro.
Com o 25 de Abril nasceu um país novo, livre e pleno de esperança no futuro. Não nasceu como um plano cumprido, mas como uma nova possibilidade que ao longo dos últimos 50 anos temos vindo a construir em tantos sectores – desde logo, na educação, de acesso livre e universal, que permitiu ter hoje uma geração tão capaz, com profissionais altamente qualificados. O país abriu-se ao mundo e podemos, hoje, mostrar alta competência na tecnologia, nas empresas, na ciência, no desporto e na cultura.
A Inteligência Artificial está já presente em inúmeras áreas e permite a criação de ferramentas que demoraríamos imenso tempo a criar. Como em todas as criações do ser humano, ao longo de séculos, a IA será útil e segura na medida do uso que fizermos dela. Acredito que os seres humanos que desenvolvem esta tecnologia o fazem com o intuito de melhorar a vida de outros seres humanos e que os ganhos serão mais do que os perigos. Mas devemos manter-nos alerta enquanto cidadãos e comunidades e enquanto actores políticos com responsabilidade de decisão.
Quem nos tem mostrado a realidade das alterações climáticas tem sido o próprio planeta. O que era uma previsão da comunidade científica e um alerta tantas vezes partilhado por grupos de cidadãos está hoje presente nas nossas cidades. Chega-nos em forma de fenómenos meteorológicos de consequências devastadoras para a economia, para a saúde, para o futuro da nossa vida no planeta como a temos conhecido. Vale muito a pena alterar comportamentos. Não é razoável sabermos o que sabemos hoje e continuarmos a agir do mesmo modo. É necessário que os países assumam colectivamente, e no mesmo calendário de acção, políticas globais consistentes que sejam aplicadas, de facto.
Entre os deveres Constitucionais destaco os subjacentes ao Estado de Direito Democrático. Nomeadamente os que, ao nível do Poder Local, devem balizar, a todo o tempo, o trabalho dos eleitos e as decisões políticas que tomam em nome da sua comunidade. É essencial o dever de respeitar a soberania popular, livremente expressa no acto eleitoral, assegurando o pluralismo de expressão da comunidade. É preciso ouvir as pessoas, dar espaço às associações de cidadãos, quer sejam desportivas, culturais, políticas ou sociais, para que possam intervir em liberdade e criar dinâmicas que acrescentem valor e competitividade.
As notícias de O MIRANTE de que sempre gostarei são as que falam do Cartaxo de forma positiva e com reconhecimento. Sempre que o concelho, as nossas associações, empresas ou cidadãos são motivo de destaque no jornal, seja pelos resultados que alcançaram, pelo reconhecimento que obtiveram a nível nacional ou internacional, seja porque celebram novos projectos ou uma longa vida ao serviço da comunidade, sinto um orgulho grande e um reconhecimento especial a O MIRANTE. Sem vós estas notícias dificilmente chegariam às pessoas.
O exercício da política enquanto intervenção cívica em prol da comunidade é das actividades mais altruístas que conheço. Já as pessoas que a exercem são pessoas e o que forem enquanto pessoas reflectir-se-á nas suas acções. Quanto maior a intervenção da comunidade, quanto mais os cidadãos fiscalizarem menor será o espaço deixado a quem vê no exercício da política um modo de alcançar benefícios pessoais. É preciso reforçar a obrigação de prestar contas das acções, decisões e também dos resultados alcançados por cada eleito político. É essa responsabilização que os cidadãos devem exigir.