Luís Mourão é o rosto da Piscina Municipal de Tomar há 44 anos
Luís Mourão é funcionário na Piscina Municipal Vasco Jacob há 44 anos. Gosta de ler, ver filmes, fazer teatro, acampar e viajar. Conhece o complexo como ninguém, fez muitas amizades ao longo das décadas e tem um rol sem fim de histórias para contar.
O rosto mais conhecido da Piscina Municipal Vasco Jacob, que abriu em Tomar em 1961 e que continua a ser um espaço de eleição, chama-se Luís Mourão. É funcionário da Câmara Municipal de Tomar desde 1979, ano em que entrou para trabalhar na manutenção da piscina Vasco Jacob. Apesar do trabalho árduo e da grande responsabilidade, afirma a O MIRANTE que não trocava o seu ofício por nada e que, quando chega o Verão, fica sempre entusiasmado para voltar à piscina.
Luís Mourão tem 64 anos, nasceu na aldeia de Cem Soldos, em Tomar, onde ainda reside. Em conversa com O MIRANTE explica que o seu pai tinha muitas fazendas e que, por isso, cedo se habituou à vida de campo. Luís Mourão conta que sempre gostou de trabalhar: “trabalhava nas férias escolares, trabalhei com máquinas ceifeiras, depois comecei a trabalhar como canalizador a ajudar o meu pai e o meu cunhado, só depois é que fui para a câmara municipal”, refere a O MIRANTE, numa conversa que decorreu num dia quente do mês de Julho.
Entrou na Câmara Municipal de Tomar há 46 anos, sendo que ainda teve uma breve experiência a trabalhar na área da construção civil. Mas rapidamente ficou encarregue da Piscina Municipal Vasco Jacob, trabalhando também, no início, no parque de campismo da cidade. Actualmente trabalha na piscina durante o Verão e o resto do ano no Complexo Desportivo Municipal.
“O trabalho que faço requer atenção e esforço físico, é preciso saber bem o que se está a fazer porque estamos a lidar com águas públicas, é uma grande responsabilidade”, sublinha. Durante muitos anos realizou o trabalho sozinho, mas actualmente conta com a ajuda do irmão que é 18 anos mais novo. A labuta começa de manhã cedo, antes da piscina abrir ao público e só termina à noite: “no final do dia gosto de dar um mergulho, quando já não está ninguém, para me refrescar”, conta, com um sorriso.
Luís Mourão tem assistido à evolução dos tempos na piscina Vasco Jacob. Diz que já não se juntam as famílias aos sábados e domingos como antigamente. “As famílias juntavam-se e faziam piqueniques que duravam o dia inteiro. Agora o que se vê mais são grupos de jovens”, refere.
Dos 44 anos de trabalho, há muitas histórias que ficam, como as da época em que os militares, às sextas-feiras, na sua folga, iam relaxar para a piscina. Também há histórias mais dramáticas e difíceis de esquecer, como a de um jovem que caiu da prancha de cinco metros e fracturou a perna em vários sítios, tendo estado internado bastante tempo. “Hoje está totalmente recuperado e até já esteve a trabalhar na piscina”, partilha. Luís Mourão está actualmente de baixa porque foi operado a uma hérnia inguinal, mas prepara-se para voltar ao trabalho. “Gosto de estar na piscina, vou ter saudades, mas também penso que há outras pessoas que têm que ocupar o meu lugar, para eu também ir fazer outras coisas”, sublinha em jeito de despedida, acrescentando que vai passar a dedicar mais tempo a viajar e ao teatro, paixão que tem desde criança.