Entrevista | 04-12-2024 15:00

“Não estou preocupado com os problemas do PS; quero resolver os problemas das pessoas e concretizar projectos”

“Não estou preocupado com os problemas do PS; quero resolver os problemas das pessoas e concretizar projectos”
Autarca João Teixeira Leite garante que a sociedade civil está viva em Santarém

Não se assume ainda como candidato a presidente da Câmara de Santarém, mas só falta mesmo o anúncio oficial. Numa entrevista em que optou pelo registo politicamente correcto, João Leite não deixou de enviar alguns recados aos adversários socialistas.

A recentemente criada Plataforma Cívica – Pensar Santarém foi idealizada por si com o objectivo de desafiar pessoas de diferentes áreas do saber e sem filiação partidária. Não há aí um PSD escondido ‘com o rabo de fora’, passe a expressão? Não. São 30 pessoas independentes, totalmente livres e apartidárias. Aliás, o desafio que lancei ao professor Alfredo Silva, pessoa muito interessada em Santarém, doutor na área do desporto, foi precisamente o de pensarmos, aqui no universo do concelho, num conjunto de pessoas que gostam do território e que estão disponíveis para dar um contributo para o desenvolvimento e para o crescimento de Santarém. Ouve-se dizer há muitos anos que os partidos estão fechados sobre si mesmos e eu quis dar esse passo em frente e abrir o PSD à sociedade civil. O desafio é apresentarem um documento durante o primeiro semestre de 2025 que pode ser aproveitado por todos.
Mas nesse grupo há várias personalidades ligadas ao PSD, algumas até eleitas pelo partido em órgãos autárquicos. Como independentes. Aliás, o próprio coordenador do grupo, o professor Alfredo Silva, é deputado municipal e sempre se assumiu como independente. No PSD, temos sempre o objectivo de envolver nas listas pessoas que não são filiadas e que vêm da sociedade civil.
É difícil dissociar a criação dessa plataforma do partido do seu criador e também do momento pré-eleitoral que já se vive. Já há alguns meses que vimos fazendo contactos. Estou muito focado em resolver os problemas das pessoas, em continuar a atrair investimento privado. Não estou preocupado com os partidos e muito menos com os problemas do Partido Socialista.
No comunicado sobre a criação da plataforma referia-se que havia pessoas de outros quadrantes políticos. Pode indicar-nos alguma? São pessoas independentes e acredito que algumas, em termos ideológicos, sejam mais próximas da esquerda, outras sejam mais à direita. A nossa preocupação foi de que não houvesse qualquer filiação partidária. E não há mesmo. E já muitas outras 30 pessoas fizeram notar que gostavam de participar. A sociedade civil está viva em Santarém.
Tem vindo a anunciar repetidamente uma série de grandes investimentos para o concelho, municipais e privados. Não receia que haja alguns que não corram como espera e que isso se vire contra si nas próximas eleições? Há duas dimensões: temos um conjunto de investimentos privados que temos comunicado, e esses estão no terreno; e há também uma dimensão de investimento público a decorrer. O que temos vindo a apresentar são projectos com financiamento assegurado, seja através do Portugal 2030, do PRR ou de financiamento bancário.
Vamos ter um ano de eleições com muitas inaugurações. Vamos ter um ano de eleições com concretizações, como já tivemos este ano e como vamos ter nos anos seguintes. As coisas têm o seu momento.
É provável que a oposição vá falar em eleitoralismo. Que me chamem uma pessoa de acção e de concretização. É isso que gosto de ser e de fazer. É isso que me atrai no poder local: poder fazer acontecer e melhorar a vida das pessoas.

Com Moita Flores “nem tudo correu bem, mas é passado”

Quando anuncia oficialmente a sua candidatura a presidente da Câmara de Santarém? O PSD falará sobre esse ponto no dia 25 de Abril de 2025, Dia da Liberdade. O foco de momento é poder estar como presidente da câmara e resolver os problemas das pessoas, atrair investimento privado e concretizar projectos.
Nessa altura já se saberá quem é o candidato do PS. Não estou minimamente preocupado com os problemas do PS. O que posso dizer é que o PSD, ao dia de hoje, já tem o seu candidato escolhido, já tem a maioria dos candidatos às juntas de freguesia escolhidos, à assembleia municipal. Esse trabalho está a ser feito com tranquilidade, com discrição e com o tempo que Santarém merece.
Qual seria para si o adversário mais complicado de defrontar como cabeça-de-lista do PS, Diamantino Duarte ou Pedro Ribeiro? O que é importante deixar claro é que quando se trabalha de forma dedicada e empenhada o trabalho acaba sempre por compensar. Quando o foco é trabalhar em prol das pessoas, tudo o resto passa a ser secundário. Não estou preocupado com os problemas do PS nem com os candidatos que o PS ainda tem que escolher.
Já se percebeu que a estratégia eleitoral do PS vai passar também por o associar à gestão de Moita Flores na Câmara de Santarém, que deixou uma dívida monstruosa. Convive bem com esse passado? Temos muito orgulho no nosso passado. Aliás, muito recentemente foi feita uma análise no PS que eu jamais faria no PSD. Tivemos no PSD excelentes candidatos à câmara municipal, que pensaram o território. Foi o caso do presidente Ricardo Gonçalves, com quem foi um gosto trabalhar e que fez um trabalho notável de consolidação das contas. O dr. Moita Flores foi presidente da Câmara de Santarém, mereceu a confiança por parte da população e foi talvez a pessoa com a maior votação de sempre. Fez um trabalho em diversas dimensões que foi importante. Nem tudo correu bem, mas é passado. Eu estou focado no presente e, sobretudo, no futuro.
A sua vice-presidente na câmara, Beatriz Martins, disse-nos numa entrevista no Verão passado que gostava de continuar na equipa. Há lugar para ela nos lugares vulgarmente designados de elegíveis? O PSD terá sempre nas suas listas, e nos lugares elegíveis, os melhores. A vereadora Beatriz Martins é um dos melhores quadros do PSD e tem uma qualidade que apreciamos muito, que é a liberdade total. Não precisa da política para viver. Estamos a falar de um dos nossos melhores quadros e o PSD jamais desperdiçará os seus bons quadros.
Há possibilidade de o vereador Diogo Gomes, que suspendeu o mandato na sequência da polémica do skate parque, regressar ao executivo? Essa é uma pergunta que deve ser feita ao próprio. Os mandatos são dos próprios. O vereador suspendeu o mandato por motivos que são públicos, eu preferia que fosse o próprio a responder.
Não tem indicação nenhuma nesse sentido? Não tenho essa indicação.
Sente-se confortável com o acordo de governação que o PSD mantém com o PS desde início do mandato? Muito. E queria deixar aqui uma palavra de apreço aos vereadores do PS que recentemente sentiram-se, talvez, legitimamente e injustamente desconsiderados. Têm feito um trabalho notável nas áreas que lhes foram delegadas. Tenho o maior apreço pelo vereador Nuno Domingos e pelo vereador Nuno Russo e quero deixar-lhes este abraço especial, porque acredito que não tenham gostado de ouvir o líder da sua própria concelhia dizer que Santarém está mais pobre. Só pode ser dito por quem não tem noção do trabalho realizado este mandato.

Almeirim tem de estar satisfeito por Santarém ter segurado fábrica de cenoura bebé

Deu-lhe especial satisfação conseguir o projecto da fábrica de cenoura bebé para o seu concelho, que esteve previsto para Almeirim? Até tendo em conta que o presidente socialista da Câmara de Almeirim tem sido apontado como possível candidato em Santarém. Deu-me especial satisfação porque conseguimos assegurar um projecto que fica na região. Somos capital de distrito, temos uma dimensão e uma responsabilidade acrescidas. Esse projecto ficou cá. Por um conjunto de vicissitudes estava prestes a sair da nossa região e o que fiz ao longo dos últimos quatro meses, com diversas equipas aqui na câmara, de uma forma discreta, foi reunir com diversas entidades, como a APA, o Governo e outras. Isso permitiu construir uma solução. A minha satisfação maior é que um investimento de 85 milhões de euros, que vai criar 200 postos de trabalho, fique no concelho de Santarém e na região. Se outros não tiveram capacidade, são eles que devem fazer essa análise. Enquanto presidente da câmara tentarei sempre dialogar com as instituições públicas, não as tratarei com os pés, para que Santarém possa vencer este tipo de desafios.
Falou com o presidente da Câmara de Almeirim após se ter consumado essa reviravolta? Falei de outros assuntos, não deste.
Sente que acabou por cometer uma traiçãozinha ao seu vizinho? Não, de todo! Almeirim tem de estar satisfeito, como está Alpiarça, como está o Cartaxo, por Santarém ter segurado este investimento para a região. É um investimento que vai ter impacto nacional. São precisos praticamente 2 mil hectares para a produção. Isto ultrapassa a nossa região. Não fiz qualquer contacto com o presidente de Almeirim, nem tenho nenhuma reacção a esse nível. O que nos chegou de feedback é que houve incómodo. Mas o projecto ficou na região e devemos ficar todos felizes.
É como se sente ao ver a grande base logística da Mercadona em Almeirim? Há investimentos que estão a decorrer no norte do nosso concelho, em Alcanede, que estão a 30 minutos de distância da cidade de Santarém. Obviamente que ver a base logística da Mercadona a 5 minutos da nossa área urbana deixa-nos satisfeitos, porque os postos de trabalho criados ali vão ser absorvidos pela nossa população. Esta é a visão que temos do território.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1696
    25-12-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1696
    25-12-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo