Margarida Lopes: a nova presidente da Câmara de Mação promete trabalho de proximidade
Um ano depois de ter sido nomeada vice-presidente, Margarida Lopes é agora a actual presidente da Câmara Municipal de Mação.
Tem 44 anos e foi eleita vereadora pelo PSD nas eleições autárquicas de 2017. Assumiu a vice-presidência da autarquia a 15 de janeiro de 2024, sucedendo a António Louro. Formada em Comunicação Social, em 2003 iniciou funções como técnica superior de comunicação na Câmara de Mação, vila onde reside, tendo entrado na política em 2009, quando aceitou um convite de Saldanha Rocha, então presidente do executivo. Em entrevista a O MIRANTE, realizada no final da primeira sessão camarária que comandou, Margarida Lopes admite que nunca pensou ser presidente do município, mas diz que há muito para fazer e que já tem nas suas mãos vários dossiers para dar seguimento.
Algum dia pensou vir a ser presidente da Câmara de Mação? Não, nunca pensei nisso. Sou funcionária da câmara há 23 anos e a determinada altura, devido também ao acompanhamento que fazia da própria actividade autárquica, passei a acompanhar muito o trabalho aqui feito. Mas nunca imaginei ocupar este cargo. Mas, a partir de determinada altura, recebi um convite para integrar as listas do PSD. Aceitei e fui ficando, fui conhecendo, fui-me inteirando também de tudo. Estive sempre nas listas desde 2009 e em 2017, devido aos bons resultados obtidos, fiquei como vereadora. Agora, precisamente um ano depois de ter sido nomeada vice-presidente, torno-me presidente da Câmara Municipal de Mação. É o fruto de várias circunstâncias que me trouxe ao dia de hoje.
Há quanto tempo sabia que ia ser a presidente? Foi quando o presidente Vasco Estrela me transmitiu, na altura em que teve a certeza de que ia tomar a decisão de suspender o mandato. Foi-me transmitido as pretensões dele e hoje estamos aqui, prontos para dar continuidade ao trabalho desenvolvido.
São muito poucas as mulheres presidentes de câmara em Portugal. Fazer parte deste lote restrito fá-la sentir especial? Tenho sentido muita solidariedade feminina nos últimos tempos. Em Mação os cargos de poder têm sido ocupados por homens, talvez por isso esteja a receber muitas mensagens de apoio. Sobretudo, é gratificante estar presidente da Câmara de Mação, mas não posso negar que é mais especial por ser mulher.
Tendo em conta a sua vida profissional, deve ter muita proximidade com os funcionários da autarquia. Como vai gerir agora a relação? Tenho uma relação de muitos anos com a maior parte deles. Em determinada altura houve um corte, por assim dizer, porque passei a exercer um cargo de chefia. No entanto, as relações profissionais mantêm-se normais, sempre com base no respeito. Estão reunidas todas as condições para continuar a correr bem.
Está satisfeita com as escolhas que tem tomado? Na política sabemos que há sempre pessoas que não concordam com aquilo que fazemos e obviamente que não somos obrigados a fazer tudo da mesma maneira, pensar da mesma forma. Isso chama-se viver em democracia. Até ao momento as coisas têm ocorrido bem e não estou desiludida com a política. Tenho poucos dias de experiência enquanto presidente da câmara. Sei que vou estar preparada para lidar com as responsabilidades deste cargo.
Já ligou a Vasco Estrela a pedir conselhos? Não tenho problemas em admitir que sim. Sempre que tenho alguma dúvida ou acho que devo ligar, telefono e pergunto. Até porque há vários assuntos que estavam com ele. Fiquei com os pelouros que estavam à sua responsabilidade, é natural que no passar de pastas peça apoio para saber mais e estar mais envolvida em determinados assuntos. A seu tempo vou-me organizando, mas sim, falo regularmente com ele e mantenho a ligação com ele.
Quais são as prioridades no concelho de Mação? Temos vários projectos em andamento, como a requalificação urbana por exemplo. A Acção Social e a Educação, que têm sido marcos muito importantes e para os quais temos trabalhado, também são para priorizar, nomeadamente no apoio às famílias e aos jovens. Existe também um programa de incentivos à fixação de médicos em Mação, um problema que existe e que tem de ser resolvido rapidamente. Através deste programa já cá tivemos três médicos. Um já esteve e já saiu e, entretanto, temos duas médicas ao abrigo do regulamento. Queremos que as pessoas possam ter os cuidados de saúde garantidos e vamos trabalhar para isso.
E em termos de habitação? A questão da habitação a custos acessíveis é também uma grande aposta que temos feito e que estamos a fazer com o IHRU, para que as pessoas possam ter acesso mais fácil à habitação. Existe muita procura e por isso temos a obrigação de garantir que há oferta. Temos dado também muita atenção às tradições. A questão do associativismo é também uma prioridade. As associações são a força motriz do nosso concelho.
Qual foi a primeira medida enquanto presidente do município? É tudo muito recente, portanto não quero estar a particularizar nenhuma medida. Posso dizer-lhe, com certeza, que não faltará trabalho para fazer.
Mas há algum projecto que gostasse de implementar? Tenho um projecto que gostaria de implementar, que é o Arquivo Municipal. Outro dos nossos projectos é a reabilitação da Escola e do Jardim de Infância de Mação, pela sua importância e por ser muito necessário. É um edifício que já tem alguns anos e o objectivo é remodelar e dar melhores condições às nossas crianças.
O facto de existir muitas freguesias que ainda não têm comunicações e rede móvel continua a preocupá-la? Muito. A falta de telecomunicações e de internet é um entrave a que as pessoas se possam fixar em Mação. A câmara disponibiliza espaços de co-working para que quem vem de fora ou está em tele-trabalho possa usufruir. Estou a falar da vila de Mação especificamente. O que preocupa mesmo é o resto do concelho, porque sabemos que há zonas onde não há rede e que a internet não tem a velocidade que devia ter. A fibra não chegou a todo o lado e isso é uma grande lacuna.
O que pode acrescentar ao cargo de presidente da Câmara de Mação? Gostava de manter a forma como a autarquia tem sido gerida. Falo principalmente na proximidade com as pessoas, mas também na forma como os dossiers eram tratados. Manter a capacidade de trabalho e executar todos os projectos e medidas a que nos propomos.
Quer ser candidata à presidência nas próximas eleições? Estou aqui fruto das circunstâncias e em breve vai haver a apresentação do candidato ou candidata, conforme foi comunicado na reunião de câmara. Vai ter que aguardar pela decisão. Se fosse convidada teria que ponderar os vários factores, mas a verdade é que já conheço os cantos à casa.
Pelouros redistribuídos com mudança de presidente
A nova presidente da Câmara de Mação, Margarida Lopes (PSD), revelou na última sessão camarária a redistribuição de pelouros que fez pelo executivo municipal, tendo entregue a vice-presidência do município a Vasco Marques. Assim, Margarida Lopes acumula os pelouros que já detinha com os pelouros do presidente cessante, dividindo todas as funções executivas com o agora nomeado vice-presidente, sendo os únicos dos quatro eleitos do PSD em trabalho a tempo inteiro. A vereadora Tânia Pires mantém-se sem pelouros, assim como o vereador que tomou posse, Francisco Correia.
O vereador socialista Nuno Barreta continua também sem funções ou competências atribuídas. De acordo com o despacho do município, a nova presidente vai ter os pelouros da gestão e coordenação de pessoal e serviços municipais, programas comunitários, finanças, associativismo, desporto, educação, ambiente, protecção civil, coordenação de obras municipais, entre outros. O vice-presidente acumula também vários pelouros, entre os quais património municipal, energia, formação profissional, emprego e programas ocupacionais, entre outros.