Entrevista | 14-05-2025 18:00

Elisabete Pessoa: “o ensino está obsoleto há muitos anos”

Elisabete Pessoa: “o ensino está obsoleto há muitos anos”
Elisabete Pessoa deu aulas 32 anos e colabora com o movimento associativo de Casais da Lagoa, de onde é natural

Elisabete Pessoa deu aulas durante mais de três décadas no primeiro ciclo, em várias localidades do concelho de Azambuja. Natural de Casais da Lagoa, a professora exigente, ligada ao associativismo, foi homenageada pela Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo, no âmbito das comemorações do 25 de Abril. A cerimónia reconheceu também, a título póstumo, a docente Ricardina Beirão Barros, pelo seu legado educativo e cultural.

Durante 32 anos, Elisabete Pessoa deu aulas no primeiro ciclo de ensino básico. Natural de Casais da Lagoa, concelho de Azambuja, tentou primeiro ser educadora de infância, mas a experiência correu mal e concorreu com a irmã ao Magistério Primário em Santarém. Na altura, vivia em Azambuja e apanhava todos os dias o comboio com a irmã, e outras amigas que enveredaram pelo ensino, para estudar em Santarém. Mais tarde, Elisabete Pessoa concluiu a licenciatura para subir de escalão na carreira. “Sempre me empenhei nas minhas tarefas. Era exigente com os alunos e colaborava muito com os pais. As turmas eram grandes, e sabemos que no meio de 25 alunos um ou outro não é tão bem comportado. Nesses casos, chamava a atenção e fugia um pouco à pedagogia”, diz a O MIRANTE.
A professora começou a dar aulas em Canados, Alenquer, em 1975. No ano seguinte, começou a leccionar no concelho de Azambuja, onde permaneceu até se reformar, em 2007. Leccionou em Quebradas, Aveiras de Cima, Casais da Lagoa, Aveiras de Baixo e na vila de Azambuja.
Não chegou a apanhar a geração que usa telemóveis dentro da sala de aula e refere que tinha uma maneira própria de trabalhar. Seguia as indicações do Ministério da Educação, mas nunca descurou actividades mais dinâmicas e criativas, para além do ensino de Português, Matemática e Meio Físico. “O ensino está obsoleto há muitos anos. Andei contrariada com o ensino a minha carreira toda. Quem está dentro das escolas deve ter autonomia e uma autoridade própria. Além disso, devia de haver mais professores e auxiliares. Não sendo todos os dias, uma escola deve ter médico, enfermeiro e psicólogo”, defende.

Junta de Aveiras de Baixo reconhece dedicação das professoras
Elisabete Pessoa foi homenageada pela Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo no âmbito das comemorações do 25 de Abril. Segundo o presidente da junta, José Martins, além de ter dado aulas, Elisabete tem tido um papel determinante no movimento associativo. Já aposentada, impulsionou as caminhadas de grupo na Mata Nacional das Virtudes e actividade física para todos. Dirigiu a Associação de Moradores e Naturais de Casais da Lagoa e fez parte dos órgãos sociais da Associação Desportiva e Cultural de Casais da Lagoa. Dinamizou peças de teatro e o Jantar dos Avós.
Na ocasião, confessou não estar à espera da homenagem. “Incomodou-me a homenagem, mas pensei que não era para mim, mas sim para todos os professores, que devem ser valorizados e respeitados”, vincou Elisabete Pessoa, aconselhando os professores em início de carreira a terem muita paciência e a dedicarem-se aos alunos o melhor que conseguem.
A Junta de Aveiras de Baixo homenageou ainda, a título póstumo, a professora Ricardina Beirão Barros pelo seu contributo no movimento associativo e promoção da cultura, tradições e costumes da terra. O prémio foi recebido pela neta, Margarida de Barros Fortunato, que sublinhou que a avó vivia para a educação e para os alunos, e agradeceu que o seu nome não seja esquecido.

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