Entrevista | 24-06-2022 12:00

É uma vergonha poluírem o Nabão e não haver punição 

Hugo Costa é presidente da Assembleia Municipal de Tomar e não coloca fora de hipótese, um dia, ser presidente da Câmara de Tomar

Hugo Costa, 38 anos, é presidente na Assembleia Municipal de Tomar, deputado na Assembleia da República e líder distrital de Santarém do Partido Socialista. A despoluição do rio Nabão e a regionalização são dois assuntos que o preocupam e que defende com “unhas e dentes”.

Se convidasse o primeiro-ministro para vir a Tomar, onde o levava?  

O Convento de Cristo de Cristo é passagem obrigatória. Depois levava-o a passar à beira do rio Nabão, caminhar no centro histórico, visitar o Aqueduto dos Pegões ou a Sinagoga. Felizmente há muita coisa para ver. Também gosto de mostrar a albufeira de Castelo de Bode.  

São sítios bonitos, mas não têm sido suficientes para fixar população. Qual tem sido o problema?  

São necessárias medidas que atraiam pessoas, que criem emprego e que permitam habitação. Parece simples, mas conseguir isto é muito difícil.  

A economia do concelho está demasiado dependente do turismo?  Tomar tem um centro histórico único e que é diferente dos outros centros históricos do país, porque temos Património Mundial da Humanidade e temos a marca templária. Penso que o turismo é muito positivo porque traz emprego. No entanto, acho que Tomar deve ter também uma forte perspectiva empresarial. Historicamente tem uma importância industrial grande, mas o mundo de hoje não é o mundo de há 50 anos e não podemos defender qualquer tipo de indústria só porque sim. Acho que ninguém quer uma indústria poluidora no concelho de Tomar.   

Tomar tem aproveitado bem o financiamento comunitário?  

Eu sou daqueles que acredita que não se deve candidatar a fundos comunitários só porque eles existem. Durante alguns anos houve essa lógica e historicamente não aproveitámos bem. Basta pensar que temos uma taxa de saneamento abaixo dos 70%, porque não se aproveitou no momento certo os fundos comunitários para resolver os problemas. Hoje já se aproveita melhor, nomeadamente através de mecanismos intermunicipais. É importante que os nossos autarcas tenham capacidade para serem ouvidos em Lisboa, onde está o Poder Central.   

Porque é que ainda não se conseguiu resolver o problema com a Tejo Ambiente?  

A questão da água e do saneamento é um problema de base. A água é um bem escasso e o preço é regulado por entidades reguladoras. O primeiro Estudo de Viabilidade Económica e Financeira da Tejo Ambiente ter falhado em 30/40% demonstra muita incompetência de quem fez esse estudo. Acredito que a Tejo Ambiente tem os seus prossupostos positivos, nomeadamente na capacidade de fazer investimento, como está a ser feito no saneamento e na despoluição do rio Nabão. Acredito nas empresas intermunicipais, mas elas têm que servir as pessoas e ter eficiência.   

As empresas intermunicipais têm pouca proximidade com as pessoas?   

Isso é responsabilidade dos autarcas que fazem parte dessas empresas. Têm que garantir que as empresas respondem como se fosse o município.   

O rio Nabão está sempre na ordem do dia por causa dos episódios de poluição. Como olha para o problema?  

Honestamente, penso que é uma vergonha assistirmos a descargas que poluem o rio e não haver punição para quem comete esses crimes ambientais. Não há muitas cidades que tenham um rio a atravessá-la e Tomar precisa do Nabão para se diferenciar. Há muita gente a aproveitar-se dessas descargas poluentes. É um problema de polícia.   

*Leia a entrevista completa na edição semanal em papel desta quinta-feira, 23 de Junho

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