Em Vale do Paraíso há uma vontade imensa de manter vivas as tradições
Do tradicional leilão das fogaças até ao desembrulhar das rifas na quermesse e à procissão de 13 andores levados em ombros por quem deu mais, a Festa em Honra de Nossa Senhora do Paraíso é a prova da vontade de uma população orgulhosa por manter vivas as centenárias tradições.
Ainda se prepara a mesa para o leilão quando chega ao largo da igreja o grupo do peditório que, ao som da banda, foi de porta em porta pedir um contributo para os sacos de pano que vêm pesados e a tilintar de tantas moedas. Uns aproveitam para meter a conversa em dia, outros esperam com entusiasmo pelo início do leilão das fogaças. Nascida em Vale do Paraíso há 68 anos, Amarílis Dimas apressa-se a beber o café para se juntar às primas próximas da mesa do leilão, que não perde por nada. “Estou de olho nas cebolas, mas só no fim se sabe o que vou levar. Isto é muito engraçado porque vamos discutindo os preços dos produtos e leva quem oferecer mais”, explica notando, porém, que nos seus tempos de meninice a oferta disponível para leiloar era muito superior. Havia de tudo: “chouriços, batatas, muita abóbora, azeite e, nessa altura, aproveitava-se para comprar o que fazia falta em casa”. Era uma espécie de feira em Dezembro. Mas hoje “já são poucos os que cultivam”.
As famílias de emigrantes continuam a antecipar o regresso para passar o Natal para apanharem os dias de festa. Há inclusive quem vá à festa e falte à consoada, porque ali levam-se a sério as tradições. As religiosas e as pagãs. Nestas últimas destaca-se um outro leilão, mais concorrido que o primeiro: o dos andores, que antecede a majestosa procissão em honra de Nossa Senhora do Paraíso, que acontece a cada ano a 18 de Dezembro. *Reportagem para ler na íntegra numa próxima edição semanal de O MIRANTE.