Tribunal de Santarém faz 70 e volta a ter busto que foi retirado no 25 de Abril
Busto do político do regime ditatorial Manuel Rodrigues Júnior, que esteve na origem da construção do tribunal, volta ao átrio das salas de audiências
Os 70 anos do palácio da justiça de Santarém foi assinalado esta quinta-feira com a devolução do busto de Manuel Rodrigues Júnior ao átrio das salas de audiência, de onde tinha sido retirado na sequência da revolução do 25 de Abril de 1974. No pavimento ainda existem as marcas do pedestal onde estava o busto, que agora está numa mesa de madeira.
Manuel Rodrigues Júnior, nascido em Bemposta Abrantes, foi ministro da Justiça no Estado Novo, tendo estado na origem da construção do Tribunal de Santarém e foi responsável por uma reforma legislativa, que proporcionou a reorganização do Conselho Superior Judiciário, a publicação dos novos Códigos do Processo Civil e do Processo Criminal e na criação do Arquivo de Identificação e da Ordem dos Advogados.
A juíza presidente da Comarca de Santarém, que abrange o distrito, salientou na cerimónia comemorativa que a casa da justiça é de todos e que é nela que repousa o garante da paz social. Susana Fontinha sublinhou que ao longo de 70 anos o edifício tem muitas histórias e foi construído na altura num local que era fora da cidade, um terreiro onde não havia nada e hoje o tribunal constitui uma nova centralidade na cidade.
A vereadora da Câmara de Santarém, Beatriz Martins, salientou que o busto tem uma simbologia extraordinária para o tribunal e para a cidade. A autarca aproveitou o momento para realçar que os tribunais precisam de investimentos constantes e criticar o facto de a instalação do terceiro palácio da justiça, na antiga Escola Prática de Cavalaria, arrastar-se há oito anos. Beatriz Martins disse que a câmara até já se disponibilizou para fazer as obras, mas o Ministério da Justiça continua sem nada fazer, realçando que este novo espaço é fundamental porque o espaço no palácio da justiça que agora faz 70 anos não chega e é preciso dar condições a quem trabalha e tem de usar os serviços.