Guarda-Rios renasceram em Torres Novas para limpar e proteger o rio Almonda















Profissão que foi caindo em desuso até desaparecer por completo das margens dos rios voltou a emergir em Torres Novas. Município tem dois Guarda-Rios ao serviço do Almonda que diariamente estão atentos a anomalias e se empenham na remoção do lixo que vai parar àquelas águas. A propósito do Dia Mundial do Ambiente, 5 de Junho, O MIRANTE acompanhou uma parte do dia de trabalho do Guarda-Rios, Pedro Neves.
Com uma extensão de 27 quilómetros em Torres Novas, o rio Almonda tem diariamente dois Guarda-Rios que, de carro ou a pé, percorrem alguns dos seus troços para monitorizar a qualidade da água e identificar eventuais irregularidades, como a presença de plantas invasoras, focos de poluição, ou a presença de lixo. E esta última é demasiado frequente. “O lixo que apanho hoje, amanhã volta a lá estar”, lamenta Pedro Neves, o mais experiente da equipa de dois que veio recuperar uma profissão extinta em 1995.
De galochas de cano alto até às virilhas não demora a deixar a conversa para entrar no rio, na zona do Moinho da Cova, onde sobressai um pneu vermelho afundado debaixo da ponte. “A esse não chego com estas galochas, tenho de ir buscar outras”, diz, enquanto carrega em braços um outro pneu e depois de ter saído de dentro de água com uma rede de pesca que encheu de entulho em menos de 60 segundos. “É o toalhete que se deita pelo cano abaixo, é o bidón, a cadeira, o banco de uma carrinha, o animal que morreu e que dá jeito descartar para o rio porque assim deixa de ser visível. Há de tudo... até um chassi já tirei de dentro do rio”, conta o zelador daquelas margens.
Para o Guarda-Rios, habituado a esta vida, a recolha de entulho é tão natural como beber um copo de água. “Temos de sensibilizar as pessoas de que o rio é o artista que tem de estar no espaço dele, de que um corredor ecológico- como o que ali está- não é um jardim urbano. Já se conquistou espaço de rio onde ele perdeu dinâmica, já se conquistaram algumas margens mas há muito trabalho pela frente. Somos dois mas devíamos ser três”, diz sem rodeios, na presença do vereador do Ambiente da Câmara de Torres Novas, João Trindade, que sorri perante a sugestão.
*Reportagem completa na edição semanal de O MIRANTE