Identidade Profissional | 07-01-2023 07:00

“Escalada de preços dos materiais é especulação”

“Escalada de preços dos materiais é especulação”
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Francisco Nunes gere a empresa de construção civil fundada pelo seu avô nos anos 80

Francisco Nunes fundou a Framelro no final da década de 80 do século passado em Coruche, de onde é natural e sempre viveu.

O nome da empresa é uma homenagem ao avô paterno, que deu início à vida empresarial da família. A Framelro é uma empresa de metalomecânica e construção civil. Constrói pavilhões, fábricas e outras infraestruturas, além de fazer serviços de soldadura e dá assistência a secadores de arroz e milho. Nos tempos livres aproveita para caçar com os amigos.

Francisco Nunes frequentava o primeiro ano do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, quando teve que deixar os estudos para ajudar a empresa Francisco Nunes Melro, fundada pelo seu avô paterno. O pai de Francisco Nunes, que já trabalhava e geria essa empresa familiar, teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e o agora empresário, de 60 anos, teve que agarrar a empresa, onde já fazia a contabilidade. “Uns meses antes do AVC do meu pai falei com ele e expliquei que tínhamos que criar uma empresa para podermos assinar papéis e tomar decisões, uma vez que o meu avô já estava retirado. Quis homenagear o meu avô ainda em vida e foi assim que surgiu a Framelro, com o nome do meu avô, Francisco Melro”, explicou a O MIRANTE.
A Framelro foi criada no final da década dos anos 80 do século passado. Constrói pavilhões, fábricas de raiz e outras infraestruturas. O cliente tem o terreno, diz o que pretende e a equipa do empresário de Coruche faz. É a única empresa de metalomecânica e construção civil no concelho de Coruche e no distrito de Santarém existem poucas. Quando a empresa começou a dar os primeiros passos dispunha apenas do serviço de serralharia civil. Entretanto começaram a chamar Francisco Nunes para fazer serviços de metalomecânica mas não recebia o que achava que deveria receber. “Como era uma prestação de serviços recebia através da empresa que estava responsável pela obra e só pagavam o que queriam. Foi assim que apostei na metalomecânica e foi a melhor decisão que tomei”, afirma.
Além da construção de infraestruturas também tem clientes a quem presta serviços de soldadura e de assistência a secadores de arroz e milho. O serviço mais procurado é construção de estruturas metálicas e coberturas. Confessa que nunca sentiu falta de trabalho. “Não me posso queixar mas às cinco da manhã estou na empresa e saio depois das oito da noite. Durmo poucas horas, já estou habituado”, refere, acrescentando que bebe entre oito a dez cafés por dia, o que o ajuda a estar acordado e com energia.
Nos últimos tempos sentiu falta de mão-de-obra mas entretanto contratou dois trabalhadores que ajudaram a equilibrar a equipa. Francisco Nunes trata os seus funcionários como família e ouve as suas opiniões quando estão para iniciar uma obra. “Somos colegas de trabalho, aceito quando têm melhores ideias do que eu. Não sou chefe nem patrão. A nossa relação é boa e quando algum deles têm um problema a primeira pessoa com quem falam é comigo. E só não lhes resolvo os problemas se não conseguir”, garante.

Uma empresa sem sucessores
O empresário não sente o problema da falta de materiais e considera que a escalada de preços é especulação dos armazenistas. “Se tivermos dinheiro e pagarmos na hora em que fazemos a encomenda não vamos ter falta de materiais. A empresa está consolidada, felizmente”, considera. A Framelro trabalha na região do Ribatejo, todo o Alentejo, algumas zonas do Algarve e em zonas industriais de Lisboa. Francisco Melro confessa que não aposta no crescimento da empresa porque não tem sucessores. As suas filhas têm a vida encaminhada para outras áreas. O empresário lamenta que não haja quem queira continuar com a empresa quando se reformar.
Francisco Nunes afirma existir concorrência na sua área profissional mas considera que se distinguem na qualidade dos serviços, nos tempos de execução e em não falhar naquilo que os clientes querem. Nos tempos livres gosta de caçar com os amigos e os petiscos desses dias são o melhor que tira. “É quando consigo descomprimir dos compromissos mas levo sempre o telemóvel porque os meus pais podem precisar de alguma coisa e não pára de tocar com trabalho mas tento desligar dele”, confessa.

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