“Casas passaram a ter mais importância na vida das pessoas”
Margarida Silva, consultora imobiliária na Remax Vantagem Ribatejo há quase uma década, não tem dúvidas que a pandemia trouxe novas exigências habitacionais.
Diz que a procura de imóveis é maior que a oferta e adverte que para se ser um bom consultor não basta afixar uma placa e esperar que aconteça. A O MIRANTE lamenta que haja câmaras municipais a não facilitar a reabilitação de imóveis nos centros das cidades que se vão expandindo para as periferias.
Apesar dos efeitos colaterais das subidas das taxas de juro no mercado imobiliário “continua a haver mais procura do que oferta de imóveis” e isso acontece por várias razões. Uma delas, explica Margarida Silva, consultora imobiliária na Remax Vantagem Ribatejo, é o facto de “não se verificar um abrandamento nos preços das rendas” das habitações, que nalguns casos se tornaram incomportáveis para as famílias. Além disso, sublinha, “o que leva uma pessoa a comprar casa acontece hoje e sempre”, ou seja, “um jovem que quer a sua independência, os que se casam, os que se divorciam ou os que mudam de zona geográfica por motivos profissionais”.
Há também outro factor que não pode ser ignorado: “desde a pandemia as casas passaram a ter mais importância na vida das pessoas”. As divisões querem-se mais amplas e com maior exposição solar. E varandas ou pequenos quintais passaram a ser mais valorizados pelas famílias que se viram forçadas a transformar a habitação num escritório e escola partilhados.
“As mentalidades mudaram e penso ser uma tendência que veio para ficar. Nessa altura houve uma corrida às moradias e chegámos a pensar que os apartamentos iam ficar vazios, mas é um facto que nunca houve tanta procura, neste caso, por causa do custo do arrendamento”, diz, acrescentando que muitos jovens com possibilidade de fazer créditos a mais de 30 ou até a 40 anos tiveram a percepção que “pagavam menos pelo seu próprio imóvel do que por uma renda de algo que nunca ia ser seu”.
O percurso de Margarida Silva no ramo imobiliário começou a escrever-se em 2015. Depois de vários anos ligada ao sector automóvel, em Lisboa, resolveu regressar a Torres Novas, a sua terra natal, e começar do zero. Fez a formação, o estágio e nem um problema de saúde a desmobilizou de conseguir o seu objectivo: ser consultora na Remax Vantagem. “Tinha cancro da mama e nessa fase da minha vida achei que não seria capaz e pensei desistir. Felizmente não o fiz, pois hoje sei que estou onde devia estar e tenho a consciência que foi preciso passar pelo que me aconteceu para valorizar outras coisas, como a gratidão e a humildade”.
“Não basta afixar uma placa e esperar que aconteça”
Quando se mudou da capital para Torres Novas a Remax ajudou-a a vender a casa. Agora é Margarida quem assume esse papel na vida de tantas outras pessoas que procuram vender ou comprar casa. “Gosto muito do que faço e não há nada que me traga maior satisfação do que ajudar. As pessoas entregam-me o seu bem mais precioso e faço o que estiver ao meu alcance para conseguir vendê-lo bem”. Para isso, explica, “não basta um agente imobiliário pôr a casa num site, talvez afixar uma placa e esperar que aconteça; é preciso fazer acontecer”. De que forma? Com “descrições claras, apelativas e verdadeiras”, com bons vídeos, fotografias, com a entrada do imóvel nos sites certos e nas melhores posições.
“Os meus imóveis estão sempre à frente nos sites de vendas porque consigo uma qualidade de promoção de 100% ou muito próxima”, assegura, explicando que trabalha em parceria com um fotógrafo profissional e equipa de marketing num plano de promoção que “pode e deve” ser acompanhado pelo cliente. Também é uma vantagem, acrescenta, trabalhar num dos maiores grupos do mundo com 11 departamentos, desde o mercado internacional à Maxfinance que presta acompanhamento no crédito de forma gratuita agilizando o processo negociando e reduzindo o tempo até à escritura.
“As pessoas vão-se afastando de Lisboa e vão arrastando os preços”
Margarida Silva nota que o Ribatejo tem despertado cada vez mais apetites nacionais e estrangeiros nomeadamente em zonas como o Entroncamento que “há uns anos só tinha gente a querer sair e ninguém a entrar”. O panorama, garante, está a mudar mas é preciso cautela. “As pessoas vão-se afastando de Lisboa e vão arrastando os preços das casas para cá. Ainda não chegamos aos valores de lá mas também é certo que subiram desde há três anos”, diz.
Quanto à falta de oferta, na opinião da consultora não basta apostar em nova construção. “A recuperação de casas antigas é importante mas não acontece ao ritmo que se esperava. Há câmaras municipais que não facilitam e as pessoas desistem”, diz, lamentando que ao invés de facilitarem o processo aos que, querem reabilitar, muitas vezes limitam-se a substituir-se ao proprietário no arranjo da fachada esquecendo-se que ali vai continuar a não morar ninguém. “As cidades vão alargando para os lados e o núcleo fica velho e vazio”, remata.