Identidade Profissional | 06-05-2023 10:00

O professor de informática que se apaixonou pelas artes marciais

O professor de informática que se apaixonou pelas artes marciais
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Michael Ferreira é um apaixonado pelas artes marciais desde a juventude

Michael Ferreira nasceu na Alemanha e viveu na zona da Floresta Negra até se mudar para Portugal com sete anos. Apaixonou-se pelo ensino, foi campeão de artes marciais e fundou uma associação na Póvoa de Santa Iria que tem hoje lotação esgotada e já sonha com novas instalações.

Nunca como agora foi tão importante promover os valores do respeito pelo outro, sinceridade, empenho e dedicação. A convicção é de Michael Ferreira, presidente da Michael Loyos Team Fighting (MLTF) da Póvoa de Santa Iria, um rosto conhecido da cidade que confessa nunca conseguiu ficar parado no sofá e que está sempre em busca de novos desafios. “É importante na sociedade actual termos mais auto-estima. As pessoas hoje demonstram uma falsa segurança e as redes sociais tornaram-nos ainda mais inseguros. Muita gente usa as redes como máscara para o que as pessoas são”, defende a O MIRANTE.
Michael Ferreira, 54 anos, nasceu na Alemanha, na zona da Floresta Negra, e mudou-se para Portugal aos sete anos para viver com a mãe enquanto o pai ficou em solo germânico. Chegou em 1974 a um país que saía de décadas de ditadura e obscurantismo. “Era filas para comprar leite ou pão, não havia hipermercados como na Alemanha, inicialmente aquilo chocou-me. Chorei muito quando vim para cá e estava sempre a pedir para ir com a minha irmã de volta para a Alemanha”, recorda. Até a televisão a preto e branco em Portugal era um choque.
Quando era pequeno tinha as aspirações normais da idade: um trabalho com fardas, fosse polícia ou bombeiro. Acabou por ser professor de informática no ensino secundário e ainda lecciona, numa escola em Camarate. É também um dos sócios da empresa de informática Infortauros, com Nuno Caroça, outro rosto conhecido da Póvoa de Santa Iria. “Gosto de abraçar desafios e não me vejo a ficar parado no sofá ou num escritório durante sete horas. Tenho de estar sempre em movimento”, conta.

Lotação esgotada
Michael Ferreira abraçou as artes marciais aos 12 anos quando começou a praticar taekwondo e depois kickboxing, seguindo as pisadas dos seus ídolos da altura: Bruce Lee, Chuck Norris e Van Damme. Competiu e foi campeão nacional, regional, ibérico e medalha de bronze nos campeonatos da Europa.
Fundou a MLTF na Póvoa de Santa Iria e há cerca de uma década que a escola tem o estatuto de associação, o que lhe permitiu crescer e é hoje um caso de sucesso. Mais de três centenas de alunos aprendem taekwondo, kempo, kickboxing , boxe e kempo fit, uma variante mais focada no exercício e sem contacto físico. A lotação está esgotada e não há capacidade para receber mais alunos, explica Michael Ferreira. “Temos só algumas vagas no boxe que foi uma modalidade que começou há pouco tempo”, revela.
O grupo treina no espaço polivalente da junta de freguesia, no centro da cidade. O sonho, diz o dirigente, é crescer e construir um novo pavilhão que dê melhores condições aos atletas e espaço para mais desportistas. “Considero o futebol mais violento que as artes marciais, quer física quer psicologicamente. As artes marciais só se tornam perigosas consoante a pessoa que está à frente a ensinar. Sei que há escolas que têm uma visão mais de ataque e não de defesa mas felizmente cada vez se vê menos disso”, diz.
O dirigente acredita que, mesmo tendo a lotação esgotada, muita gente da cidade e da região ainda não conhece a MLTF. Confessa-se um professor exigente que quer que os seus atletas compitam no tatami até à última gota de suor. “Temos campeões regionais, nacionais, europeus e internacionais e isso só se consegue com muito esforço, dedicação e empenho”, explica.
O dirigente está agora empenhado na realização do segundo festival de artes marciais e desportos de combate da Póvoa de Santa Iria, que vai para a rua no final de Maio. “As artes marciais devem ser sempre de defesa. Numa sociedade cada vez mais complicada e agressiva dá jeito saber como nos proteger. É extremamente importante. Principalmente saber lidar numa situação de perigo”, refere.
Transmitir bons valores de vida aos jovens, ajudar quem é vítima de bullying na escola - e também quem o pratica - são outras das virtudes das artes marciais. “Os mauzões só precisam de alguém que acredite neles e lhes dê a mão. Alguém que lhes diga “tu consegues”, afirma o dirigente que não tolera falta de gratidão.

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