António Pereira valoriza a ética na venda de imóveis
António Pereira, de 41 anos, é uma figura conhecida na cidade de Samora Correia. Começou a carreira no futebol e trabalhou numa das pastelarias mais conhecidas da cidade.
Desde Outubro de 2017 que é consultor imobiliário na região, onde prima por uma abordagem diferenciada em relação às grandes imobiliárias que, segundo diz, priorizam o lucro em detrimento da seriedade.
Natural de Aveiro, António Pereira começou cedo a sua jornada no mundo do futebol. Aos 12 anos mudou-se para o Porto e tornou-se jogador do Boavista, onde permaneceu uma década. A carreira como futebolista não seguiu como esperado e, em 2005, foi para Samora Correia. Foi nessa época que começou a trabalhar na pastelaria da família, atrás do balcão, para ganhar dinheiro, uma vez que no clube onde jogava tinha os salários em atraso. Aos 25 anos jogou na equipa sénior do Grupo Desportivo de Samora Correia ao mesmo tempo que trabalhava na pastelaria.
Decidiu depois ir para o Luxemburgo, onde também trabalhou em pastelaria, e regressou novamente a Portugal. O primeiro contacto com o mundo das imobiliárias aconteceu por acaso, quando alugou uma casa e travou amizade. Foi convidado para trabalhar no negócio e aceitou o desafio. Já com alguma experiência no ramo decidiu abrir, com o sócio, a Imobiliária Habipar, em 2017, localizada no Porto Alto. “Os primeiros tempos foram fáceis porque as pessoas da zona conhecem-me. Nessa altura o mercado era mais difícil mas estava habituado a lidar com o público”, conta.
Preço das casas está inflacionado
A vontade de António Pereira é continuar por muitos e bons anos. Não quer fazer parte das imobiliárias que abrem quando o mercado está bom e depois acabam por fechar. Ao reflectir sobre a competitividade do mercado imobiliário, António Pereira expressa preocupação com a concorrência desleal por parte de grandes grupos de imobiliárias, que priorizam a venda a qualquer custo prejudicando os proprietários e clientes envolvidos no processo. “O preço das casas está inflacionado. Não foram os proprietários a definir o valor dos imóveis mas sim colegas meus que inflacionam os valores para ganhar exclusividade. O que é mau”, diz.
Segundo o consultor, um casal com o ordenado mínimo não consegue comprar casa a 150 mil euros, que é o preço de um imóvel com 30 ou 40 anos. “Se uma casa vale 100 mil euros, não vou dizer que vale 120 mil euros para poder angariar clientes. Porque na realidade vou ter propostas de 90 mil euros e não vale a pena andarmos a enganar-nos uns aos outros. Mas a maior parte das vezes é isso que acontece. É uma falta de seriedade. Os consultores que o fazem estão a ser maliciosos”, lamenta.
A Habipar é das poucas imobiliárias que ainda trabalha com o mercado de arrendamento. António Pereira lamenta que com a facilidade em arrendar uma casa os proprietários não recorram a quem percebe do assunto, uma imobiliária, o que origina problemas futuros. Um dos exemplos são as falsificações de declarações de IRS e recibos de vencimento por parte dos inquilinos. Através de uma empresa do ramo é mais difícil a pessoa ser enganada na selecção de inquilinos.
Clientes que são amigos
A abordagem de atendimento personalizado e a honestidade têm sido valorizadas pelos clientes, e António Pereira acredita que é necessário ser humilde, ter cuidado com o vocabulário e não se render a práticas de vendas agressivas. O consultor orgulha-se de estabelecer boas relações com as pessoas com quem trabalha, o que se reflecte em clientes satisfeitos e amizades construídas ao longo do tempo.
“Em tempos, uma colega de outra imobiliária disse que era um peixinho no meio dos tubarões. Não é isso que sinto, até porque muitos desses grupos imobiliários procuram-me para partilha de imóveis. Ultimamente até tenho feito partilhas com uma agência que não tem balcão aqui em Samora”, relata.
O Campo de Tiro de Alcochete, na freguesia de Samora Correia, como localização para um aeroporto seria excelente para o negócio imobiliário. No entanto António Pereira considera que para a cidade não era bom. Vive em Samora Correia com a esposa e os filhos, e caso a infraestrutura vá para o Campo de Tiro pondera mudar de cidade para viver.
Embora esteja satisfeito com a sua trajectória profissional confessa que tem planos futuros para morar no norte de Portugal, nas cidades de Viana do Castelo ou Braga, e expandir o negócio. Admira a forma como a construção é realizada no norte do país, com destaque para a qualidade dos materiais e a atenção dada ao cliente. Determinado a manter a ética profissional e oferecer serviços de qualidade, António Pereira espera continuar a servir a comunidade. Vender a todo o custo está fora de questão porque quem sai prejudicado são os proprietários e por isso aconselha a procurar as pessoas certas.