Identidade Profissional | 26-09-2023 18:00

Sociedade ainda ficou mais cruel com a pandemia

Sociedade ainda ficou mais cruel com a pandemia
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Susana Pires abraçou o desafio este Verão de liderar o Agrupamento de Escuteiros 1164 de Alhandra nos próximos três anos

Aos 48 anos Susana Pires é a nova chefe do Agrupamento de Escuteiros 1164 de Alhandra.

Enfermeira de profissão, diz que nunca se viu a fazer outra coisa na vida que não seja ajudar o próximo. Quanto ao estado da saúde em Portugal expressa preocupação com a falta de profissionais e o desgaste crescente entre os trabalhadores.

A sociedade anda a viver uma crise de valores, está cruel e os escuteiros são uma boa escola para aprender os valores da amizade, compaixão e capacidade de ajudar o próximo sem esperar receber nada em troca. A convicção é de Susana Pires, a nova chefe do Agrupamento de Escuteiros 1164 de Alhandra, que tomou posse este Verão para um mandato de três anos.
“O que se leva desta vida escutista é a união, o convívio e sabermos dar ao outro. É importante na sociedade actual dar sem olhar a retorno. Sobretudo os valores. Não andamos a ensinar os meninos a fazer contas, tentamos é passar os valores escutistas, de saber viver em sociedade e ajudar o próximo. A sociedade anda muito cruel e com a pandemia ainda ficámos pior porque nos afastámos”, lamenta a O MIRANTE.
Susana Pires, com 48 anos e nascida em Lisboa, passou grande parte da vida na freguesia de Alhandra, residindo também em locais como São João dos Montes ou na vizinha localidade de Forte da Casa. Foi durante esses anos que desenvolveu um profundo amor pela comunidade local. Tem feito a sua carreira profissional na área da enfermagem. Serviu durante muitos anos no Hospital dos Capuchos, em Lisboa. Actualmente é enfermeira na Unidade de Cuidados na Comunidade de Vila Franca de Xira, uma parte essencial dos cuidados de saúde primários na região.
A sua dedicação à área da saúde é total e Susana Pires acredita que o trabalho deve ser mais do que uma mera obrigação mas antes algo que nos apaixona. É uma defensora da importância de se gostar do que se faz, dado o tempo significativo que passamos no trabalho. “O curso que queria era medicina mas por causa das notas não consegui entrar. A segunda opção foi enfermagem e nunca mais ponderei mudar. Quando era pequena não tinha um emprego de sonho, mas no Carnaval já me mascarava de enfermeira. Isso talvez diga muito do que, no fundo, sonhava fazer”, confessa.

A saúde está doente
Quando questionada sobre o estado da saúde em Portugal Susana Pires expressa preocupação com a falta de profissionais e o desgaste crescente entre os trabalhadores do sector. A situação, lamenta, é particularmente grave nos cuidados de saúde primários, onde muita gente no concelho de VFX ainda não tem acesso a médicos de família.
“Na enfermagem temos continuado a fazer o nosso trabalho mas são profissões que estão interligadas, não trabalhamos sozinhos. Fico preocupada com o rumo que as coisas estão a tomar. Já fui mais optimista. Hoje não sei a que ponto vamos parar. Temos muita falta de profissionais e o problema é tão grande que agora até custa começar a perceber por onde começar a resolvê-lo”, lamenta.
Susana Pires relembra com carinho o seu primeiro dia nos escuteiros e a calorosa recepção que teve. Acredita que ser escuteiro é mais do que uma actividade: é um modo de vida que promove a união, o convívio e o espírito de entreajuda. A dirigente está também ciente e preocupada com os desafios que o seu agrupamento enfrenta, especialmente após a pandemia, que resultou na perda de quase metade dos membros. “Passámos de mais de 90 para 50 elementos. Precisamos mesmo de voltar a captar os jovens”, diz.
A dificuldade em atrair crianças e jovens para os escuteiros é agravada com a quantidade de actividades que as crianças têm hoje ao dispor. Apesar disso Susana Pires e a sua equipa estão empenhadas em revitalizar o agrupamento através de sessões de apresentação nas escolas do primeiro ciclo e através da colocação de cartazes na freguesia lembrando que as inscrições estão abertas. A vida de escuteiro, garante Susana Pires, é para toda a vida. “Aqui os miúdos aprendem a desenrascar-se, a cozinhar, montar uma tenda, fazer primeiros socorros, entre outras tarefas. Ser escuteiro tem muitas mais-valias”, garante. A grande actividade que o agrupamento vai desenvolver ao longo do triénio é viver no imaginário de “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, culminando numa viagem à Suíça que encerrará o ciclo, na capital do escutismo mundial, em Kandersteg.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo