“Precisamos de pessoas para trabalhar mas há falta de mão-de-obra”
Em criança detestava ir trabalhar para o negócio de família nos tempos livres porque significava que não podia brincar com os amigos.
Tirou o curso de Gestão e Finanças e outro de Design e Decoração. Esteve no Exército e fez uma missão da NATO no Kosovo. Teve diversos trabalhos, nomeadamente em pastelaria e restauração, até se dedicar inteiramente aos Móveis Antunes, empresa criada pelo seu avô há quatro décadas. Gosta do que faz e lamenta que não haja pessoas disponíveis para trabalhar.
Jorge Antunes recorda-se que na infância e adolescência os tempos livres eram passados a trabalhar na loja de móveis do avô e do pai e que isso não lhe permitia brincar com os amigos. Não gostou desses tempos mas ganhou gosto pelo negócio de família, criado em 1982, e desde 2016 que está à frente dos Móveis Antunes, à entrada da Golegã. A sua família é natural de Vilar dos Prazeres, concelho de Ourém, onde Jorge Antunes nasceu e viveu o primeiro ano de vida. Continua a visitar a família com frequência mas reside na Golegã, onde estão também os pais e os irmãos.
Antes de tomar conta dos Móveis Antunes Jorge Antunes teve várias experiências profissionais. Tirou o curso de Gestão e Finanças na Escola Superior de Gestão de Santarém e posteriormente licenciou-se em Design e Decoração. Aos 18 anos foi cumprir o serviço militar e alistou-se no Exército. Fez a recruta em Santa Margarida e foi lá que ficou enquanto militar.
Ainda tirava o primeiro curso quando já estava no Exército. Uma carrinha militar levava-o ao final do dia para as aulas em Santarém uma vez que estudava em regime pós-laboral. Como as aulas terminavam muito tarde dormia num quarto, cerca de quatro horas, e pelas 06h00 a carrinha militar ia buscá-lo para estar às 08h00 em Santa Margarida. “Foram meses muito difíceis em que dormi muito pouco mas quando gostamos do que fazemos é mais fácil”, refere a O MIRANTE o empresário, de 44 anos.
Seis meses no Kosovo
Entretanto saiu do Exército, em 2004, e regressou quatro anos depois. Foi nessa altura que integrou uma missão na Força de Intervenção Rápida da NATO, durante seis meses, no Kosovo. “O que mais me marcou nessa missão foi o facto de muitas pessoas fazerem-se mais pobres do que realmente eram para que fossem ajudadas com comida e quem realmente precisava nem sempre dizia que necessitava de ajuda”, recorda.
Quando regressou do Kosovo deixou o Exército. Experimentou trabalhar como comercial da área das telecomunicações. Depois apareceu a hotelaria e passou a servir às mesas e lançou os pastéis de São Martinho tendo aberto uma loja na Golegã. Também abriu uma hamburgueria em Fátima, onde lançou os pastéis de bacalhau. “O problema da hotelaria é que é um negócio em que estamos muito presos. Gosto de um dia fazer uma coisa, noutro sair para fazer outra. Por isso deixei a hotelaria”, explica.
Em 2016 passou a dedicar-se em exclusivo aos Móveis Antunes. O negócio corre bem e Jorge Antunes representa a empresa em feiras internacionais onde vai ver novidades, tendências e novos materiais. Através de clientes começou a trabalhar com uma cadeia de hotéis que tem estado a remodelar unidades no Algarve. “Desenhamos para o cliente até ele dizer que é aquilo que quer e depois envio o design para fabrico com todas as indicações que o cliente pretende”, refere.
Jorge Antunes critica a falta de mão-de-obra. “Se existe taxa de desemprego é porque há pessoas que precisam de trabalhar. O problema é que não aparece ninguém para trabalhar. Estamos com dificuldades em chegar a todos os clientes e entregar as encomendas atempadamente porque nos faltam pessoas para conseguirmos fazer tudo. Precisamos de pessoas para trabalhar e não encontramos”, sublinha, acrescentando que em 2007 ganharam o prémio Micro Empresa do Ano e foram a primeira empresa de mobiliário onde os clientes puderam comprar online.