Identidade Profissional | 18-10-2023 07:00

Saúde oral faz uma diferença tremenda na auto-estima

Saúde oral faz uma diferença tremenda na auto-estima
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Ana Moreira Gomes é médica dentista na Scalisaúde, em Santarém

Ana Gomes decidiu muito nova que queria estar ligada à área da saúde. Tentou Medicina, mas acabou em Dentária. Pensou trocar mas a paixão levou-a a continuar. Aos 28 anos a especialista em implantologia e endodontia apela a que a saúde oral não seja adiada e a que os pais não incutam medo nas crianças. Diz que ter a saúde oral em dia é sinónimo de mais auto-estima e que nem todo o dente que dói é para arrancar.

Ao longo da vida, provavelmente, já nos cruzámos ou iremos cruzar-nos com alguém que tenta não abrir muito a boca enquanto fala “com receio de mostrar os dentes” ou aquela pessoa que diz não sorrir para as fotografias porque não gosta do aspecto da dentição. Estes são apenas dois exemplos onde a falta de saúde bucal representa “uma quebra na auto-estima”, além de “afectar a comunicação e a forma como se relaciona com os outros”. É por isso, alerta a médica dentista Ana Moreira Gomes, que um sorriso bonito e acima de tudo saudável “faz uma diferença tremenda” na auto-estima das pessoas.
A especialista em endodontia e implantologia com clínica em Santarém refere que continua a haver falta de literacia e uma “não compreensão do que é a saúde oral”, o que leva a que muitas pessoas “só comecem a perceber a importância do cuidado dentário após já terem perdido uma grande quantidade de dentes”. E nesta, como em qualquer área da saúde, “a prevenção é sempre o melhor remédio”, vinca, explicando que o ideal é fazer-se revisão à cavidade oral duas vezes no ano. “Existem pessoas que vão rotineiramente ao dentista, mas a maior parte dos casos só vai quando já tem algum problema instalado, porque sentem dor ou existe algum estigma associado, por exemplo, porque querem procurar emprego; a saúde oral é um cartão de visita”.
Para Ana Gomes, a situação económica das famílias acaba por levar alguns a pôr de parte a saúde oral mas ao mesmo tempo, diz, não compreende por que motivo há tantos cheques dentista que ficam por usar. Além disso, um pequeno problema não tratado vai, inevitavelmente, crescer e sair mais caro ao paciente. Outra ideia que também tem que cair, defende, é a de que “se o dente dói é para arrancar”, quando “existe estrutura para desvitalizar e restaurar”.
Questionada sobre se as próteses removíveis - as chamadas dentaduras - já são coisa do passado, a médica dentista responde: “Infelizmente não estão em decadência por questões económicas. Cada vez temos mais interessados nas fixas, mas quando falamos em valores acabam por optar por removíveis”. E não, não dão o mesmo conforto. “As fixas aproximam-se muito mais da capacidade mastigatória dos dentes naturais. As pessoas ganham um brilho diferente, voltam a conseguir sorrir sem medo”.

Viu em Santarém a oportunidade para abrir a sua clínica
Ana Gomes tem 28 anos, é natural de Ovar e licenciou-se na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Nascida no seio de uma família com muitos médicos, incluindo mãe e pai, decidiu, muito nova, que queria seguir o mesmo caminho. Tentou Medicina mas não entrou por duas décimas. Depois de se matricular em Dentária a ideia era, “como a de muitos colegas”, trocar. “Só que gostei demasiado”. Estagiou em várias clínicas e teve em Santarém as primeiras oportunidades de emprego. Casou, comprou casa e, em Janeiro deste ano, inaugurou, juntamente com o marido, Daniel Gomes, a Scalisaúde, uma policlínica que além de Dentária tem Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Nutrição e Terapia da Fala.
O intuito foi aproximar a saúde oral da saúde geral, até porque “há muitas componentes relacionadas, por exemplo, as pessoas que fazem reabilitações extensas, sobretudo os desdentados de longa data que precisam de reaprender a falar, a colocar os vocábulos e a língua”. Também a Medicina Geral e Familiar é uma vantagem porque “muitas vezes há situações que têm repercussão noutros problemas sistémicos” que requerem avaliação. “Quando olhamos para a cavidade oral não vemos apenas dentes, vemos as saídas de glândulas, as gengivas, a língua. Já identifiquei um tumor maligno na bochecha [de um paciente] que foi encaminhado para IPO e tratado”, conta, vincando que é também por casos como este que não se deve descartar a ida ao dentista.
Para Ana Gomes não faz sentido pais ou avós continuarem a incutir medo nas crianças. “Já ouvi de uma mãe: ou te portas bem ou vais ao dentista. Usar a consulta de Medicina Dentária como um castigo não pode acontecer”, afirma, fazendo notar que há crianças com 10 anos que nunca foram ao dentista. “A má higiene oral ainda é um dos maiores problemas e está relacionada com falta de hábitos. Pais e avós com problemas orais acabam por ter crianças com cáries precoces. Precisamos que os pais dêem mais atenção a esta área”, vinca.

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