O operário que se tornou gestor para não deixar morrer uma empresa
Quando Bruno Lopes começou a ajudar o pai na fábrica de tintas Mipal, de Vialonga, estava longe de imaginar que teria de abraçar o desafio de ser sócio-gerente para que a empresa não fechasse portas. Hoje é um caso de sucesso que espelha o percurso de um homem que começou como operário e sabe como poucos como é que se deve levar uma empresa a superar desafios.
Ser optimista, empenhado e fazer as coisas com gosto e dedicação são o segredo para o sucesso de uma empresa. Quem o diz é Bruno Lopes, um dos sócios-gerentes da empresa de tintas Mipal, de Vialonga, terra onde vive. Aos 47 anos, Bruno Lopes - que quando era criança sonhava ser bombeiro - vê-se agora com a tarefa de gerir a empresa com o primo, João Silva, onde trabalham duas dezenas de pessoas. “Sou por princípio um homem optimista. Sei que vamos enfrentar crises e entraves mas temos de ser realistas. Agora estamos a crescer e as coisas estão bem, mas isso não significa que não teremos vários anos a estagnar. Temos de contar com isso”, conta a O MIRANTE.
Bruno Lopes começou na Mipal ainda novo a ajudar o pai, que foi um dos sócios da empresa. Algumas divergências levaram-no a sair e a trabalhar para uma empresa de betuminosos de Alverca até que, há cinco anos, o pai, com a saúde fragilizada, precisou de sair da empresa e lhe lançou o desafio. “Achei que foi a melhor altura para dinamizar e dar um novo impulso à empresa. Entrámos quando a Mipal estava na iminência de fechar. Ou pegávamos nisto ou ela fechava. Apesar de todos os entraves que enfrentámos, da Covid-19 à guerra na Ucrânia e ao medo dos bancos, temos resistido”, diz o empresário com um sorriso, lamentando que os bancos sejam apenas aliados quando as empresas não precisam deles.
A Mipal foi fundada em 1977 e começou as suas operações em 1978, sempre mantendo a sede em Vialonga. É hoje uma das empresas bandeira do concelho de Vila Franca de Xira, comprometida em fornecer soluções de alta qualidade em tintas que ela própria desenvolve e fabrica à medida das necessidades dos clientes. Num mercado onde cada vez mais gente apenas olha para o preço a Mipal distingue-se por se preocupar em encontrar a melhor solução para os clientes considerando as suas necessidades e orçamentos. “As pessoas quando só olham para o preço são enganadas e não têm um acompanhamento como deve ser. Aqui arranjamos soluções”, garante Bruno Lopes.
Ao empresário tira-o do sério não conseguir respeitar prazos de entrega. “Gosto de ter os meus dias programados para ter tudo pronto a tempo. Respeitar prazos para mim é fundamental”, confessa a O MIRANTE, admitindo não conseguir dormir bem enquanto um problema não estiver resolvido. Bruno Lopes confessa-se um homem que valoriza a eficiência e a responsabilidade. A sua jornada, que o levou de operário a gestor, ensinou-o que ser empresário é mais desafiador do que ser empregado levando-o a ter uma visão mais abrangente e realista do dia-a-dia da empresa.
A elevada carga fiscal é um dos problemas que mais sente no dia a dia e que precisava de ser revisto pelos governantes. “A carga fiscal é brutal. O Estado, hoje em dia, é a empresa mais fácil de gerir. Cada vez que o dinheiro não chega aumenta os impostos e pronto. Nós não podemos fazer isso”, critica. Trabalhar com amor à profissão e não ter medo de suar a camisola é o segredo do sucesso para Bruno Lopes e a sua equipa, que não deixa passar uma oportunidade de tentar inovar. “Apaixona-me ver a evolução que houve nos produtos do sector nos últimos anos. É fantástico. Estamos agora a desenvolver a cortiça projectada para insonorizar acústica e termicamente as casas. Temos andado distraídos com as potencialidades da cortiça”, revela. Para Bruno Lopes enfrentar desafios diariamente faz parte do caminho para o sucesso e a dedicação ao trabalho é o que o motiva a levantar todas as manhãs.