Identidade Profissional | 08-11-2023 18:00

“Há sucateiros que trabalham de porta aberta ao público mas não estão legalizados”

“Há sucateiros que trabalham de porta aberta ao público mas não estão legalizados”
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Daniel Leal trabalha na Reciforos, empresa cujo gerente é o seu pai, António Leal, desde a sua fundação em 2007

Daniel Leal está a administrar a Reciforos, juntamente com o seu irmão, uma vez que o pai teve que se ausentar por motivos de saúde.

Começou por ajudar nas férias de Verão e sempre que tinha tempo disponível. A empresa foi criada na altura em que decidiu deixar de estudar. O empresário de Foros de Salvaterra lamenta que exista muita concorrência desleal por falta de fiscalização das entidades competentes.

A Reciforos foi fundada em 2007 por António Costa estabelecendo-se como uma referência no sector da gestão de resíduos sobretudo nos metais ferrosos e não ferrosos. O filho, Daniel Leal, de 38 anos, está a administrar a empresa, juntamente com o seu irmão, Valter Leal, uma vez que o pai teve que se ausentar por motivos de saúde. Daniel Leal trabalha na Reciforos desde o início. Começou por ajudar nas férias de Verão e sempre que tinha tempo disponível. A empresa foi criada na altura em que decidiu deixar de estudar. Mais tarde voltou aos estudos para terminar o 12º ano mas optou por dedicar-se exclusivamente ao trabalho. Ainda fez algumas campanhas de tomate e trabalhou numa empresa ligada à distribuição de café até que percebeu que queria trabalhar na empresa do pai.
A empresa, com sede em Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos, recebe resíduos, metais e não metais. Faz uma primeira triagem onde ficam apenas com os materiais ferrosos incluindo alumínio, cobre, latão, entre outros. Depois reencaminha para uma empresa maior, que faz outro tipo de triagem. Daniel Leal conta a O MIRANTE que o negócio corre bem e que o número de clientes permite ter um negócio estável. Refere que insistiu muito para ter um site, que foi lançado na internet em Maio deste ano. “Costumava dizer: como é que uma empresa do século XXI não tinha site na internet. Estamos no Facebook e Instagram mas faltava um site. Finalmente conseguimos”, confessa, com um sorriso.
A empresa começou com três funcionários nas instalações onde é a casa dos pais de Daniel Leal. Além da gestão de resíduos, dedica-se à compra e venda de alfaias e tractores agrícolas e venda de tudo o que é material agrícola como máquinas industriais. Também vendem carros usados, pesados e ligeiros. Em breve vão abrir o negócio de abate de veículos em fim de vida. Já entregaram o projecto na CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional) e na APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e aguardam que seja feita a vistoria.
Em Março de 2020 mudaram-se para as novas instalações num terreno de cerca de sete mil metros quadrados, também em Foros de Salvaterra. Apesar da mudança ter sido feita durante a pandemia a empresa não precisou de fechar portas totalmente, embora estivessem muito limitados pela proibição de contacto físico. Actualmente são 16 funcionários e a empresa sente falta de mão-de-obra em áreas especializadas nomeadamente mecânica e bate-chapas. “Temos muita dificuldade em encontrar pessoas especializadas nessas áreas. Vai ser um grande desafio para os próximos anos porque não aparecem interessados nestas áreas. Talvez um dia tenhamos robôs a fazer esse tipo de trabalho. Com a assustadora Inteligência Artificial acho que é possível”, refere.
Daniel Leal explica que a área dos resíduos é um bocadinho volátil e que o volume de negócios depende do preço e não da quantidade do que se vende. Lamenta que exista muita concorrência desleal por falta de fiscalização das entidades competentes. “Há sucateiros que trazem o material para aqui mas depois há os sucateiros que trabalham de porta aberta ao público mas não estão legalizados nem têm alvará e não há fiscalização”, critica.
O empresário admite estar sempre ligado à empresa. Com uma filha de cinco anos foi pai, em Outubro, de gémeas. Concilia o trabalho de modo a conseguir estar em casa para dar apoio à esposa nesta fase tão importante das suas vidas. Jogou futebol federado durante 25 anos em vários clubes da região. Terminou a carreira de extremo esquerdo mas continuou a jogar nos veteranos do Salvaterrense, que é o seu escape. Vai deixar a bola por algum tempo mas pretende regressar.

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