“Hoje as casas são melhor investimento que o ouro”
Carlos Cristóvão é gestor da imobiliária Malvarosa Place, localizada em Alverca do Ribatejo. Confirma que o problema da falta de casas na região é real e que isso leva a preços pornográficos. Se pudesse mudar algo em Alverca começava por acabar com o terminal de contentores e com o trânsito de camiões dentro da cidade.
Construir boas relações humanas e proporcionar sonhos a quem procura casa é o que mais cativa Carlos Cristóvão, gestor da empresa de mediação imobiliária Malvarosa Place, localizada em Alverca do Ribatejo. Nascido em Angola, chegou a Portugal quando tinha três anos de idade e quase sempre esteve ligado ao concelho de Vila Franca de Xira. Primeiro a viver em Vialonga depois na Póvoa de Santa Iria e agora em Alverca.
Em criança sonhava ser bombeiro ou militar mas o seu destino profissional ficou traçado aos 16 anos durante as férias de Verão quando, por sugestão do pai, foi trabalhar para a agência imobiliária Reis, do Forte da Casa. O seu primeiro ordenado foram 27 contos, cerca de 130 euros aos dias de hoje. Esse foi o ponto de partida para uma carreira sólida no sector imobiliário. Aprendeu cedo as nuances da profissão, desde a dactilografia até aos intricados processos de mediação.
“Nunca tinha pegado numa máquina de escrever e aquela até já era evoluída porque era eléctrica”, conta a O MIRANTE com um sorriso. Quando as férias acabaram a empresa gostou tanto dele que o convidou a continuar a trabalhar nos tempos livres e aos sábados. “Apaixonei-me por isto e nunca mais saí. Gosto de ajudar as famílias a encontrar um lar, que é o bem mais precioso que podemos ter. Infelizmente, hoje é um sonho que muitos não conseguem concretizar”, lamenta.
Entretanto mudou-se para outra imobiliária e licenciou-se em gestão porque, diz, um empresário que queira evoluir não pode ficar estagnado e tem de estar constantemente a aprender mais sobre o seu ramo para poder evoluir. Depois de enfrentar os desafios da crise financeira do imobiliário Carlos Cristóvão fez uma pausa sabática em 2014 para reflectir sobre a sua carreira. Nesse período foi diagnosticado com uma doença relacionada com o trabalho excessivo e foi isso que o levou a abrir com o sócio, Manuel Monteiro, a Malvarosa Place em 2015.
“Criámos algo intimista, com menos violência em termos de carga horária, e passámos de 400 escrituras por ano para um negócio mais calmo, sereno, com cinco ou seis escrituras por mês. Nesta fase da nossa vida queremos privilegiar o tempo com as nossas famílias, que foi algo que não tivemos nos primeiros 20 anos”, explica. Agora a mediação é feita com calma, proximidade ao cliente e construindo relações que vão além da pressão do negócio. Com escritórios em Alverca do Ribatejo e Vila Franca de Xira o negócio está a ser um sucesso sempre apostando na qualidade acima da quantidade. “Damos um tratamento próximo aos nossos clientes e menos ganancioso”, explica.
Falta de casas é um problema
Carlos Cristóvão confirma que a falta de casas na região, seja para comprar ou arrendar, é um problema. “Para alugar temos uma lista de espera de 4 meses. Sempre que surgem imóveis para alugar nem fazemos anúncio, basta ir à nossa lista de espera e por norma nessa tarde a casa fica alugada. Hoje as casas são melhor investimento que o ouro. E como há poucas os preços para venda são um pouco pornográficos”, lamenta.
Além do compromisso profissional Carlos Cristóvão valoriza o tempo com a família e procura equilibrar a vida pessoal com a profissional. A sala e a cozinha são as suas divisões favoritas numa casa. Durante 30 anos morou numa vivenda mas depois mudou-se para um apartamento. “A vivenda dá outra liberdade mas o apartamento, em termos de segurança, é melhor. Acho que hoje não trocava por uma moradia, é muito trabalhosa”, brinca.
Apesar das acessibilidades difíceis diz que Alverca continua a ser uma boa cidade para viver. “Temos a frente ribeirinha, estamos perto de Lisboa e as pessoas que aqui vivem são excelentes. Temos um espírito de bairro como não há em Lisboa. Devíamos era tirar o trânsito pesado da cidade, a começar pelo terminal de contentores e colocar as logísticas fora da cidade”, defende.
“Depois de tudo concretizado as pessoas passarem aqui e agradecerem-nos por lhes termos encontrado a casa de sonho é o que nos deixa mais felizes”, conclui Carlos Cristóvão, dono de uma carreira marcada pela dedicação que é para muitos um exemplo inspirador no dinâmico mundo da mediação imobiliária.