Valorizar o capital humano é fundamental para o crescimento das empresas
Heliana Travessa é gestora de recursos humanos na RTR, empresa especializada em trabalhos de metalomecânica, sediada em Vila Chã de Ourique.
Defende que a comunicação e a proximidade são armas fundamentais para gerir pessoas e que as empresas precisam de pensar o bem-estar dos seus trabalhadores. É este modelo de gestão que aplica e que valeu à empresa a certificação em gestão da conciliação entre a vida familiar e profissional.
Heliana Travessa soube desde cedo que o seu percurso profissional teria que estar ligado a pessoas, ao cuidado de as ouvir, acolher e tentar, de alguma forma, ajudá-las. Pensou ser jornalista, mas acabou por mudar o rumo e seguir Gestão de Recursos Humanos. A trabalhar há mais de duas décadas na RTR - Tornearia e Fresagem, empresa especializada em trabalhos de metalomecânica ligeira e pesada, fundada pelo seu pai em 1996, Heliana Travessa tem vindo a implementar medidas pensadas para o bem-estar dos trabalhadores, premiadas em 2023 com o Certificado do Sistema de Gestão da Conciliação entre a Vida Profissional, Familiar e Pessoal, ao abrigo da norma NP 4552:2022.
Por norma, o seu dia de trabalho não começa sem se dirigir à área fabril e cumprimentar, individualmente, cada trabalhador. “É importante haver este acolhimento, dar-lhes a atenção de que necessitam porque são as pessoas que fazem a empresa”, diz a O MIRANTE a gestora de recursos humanos e da qualidade - também certificada - que desenvolveu como projecto de final de licenciatura, tirada no ISLA Santarém, cujo tema foi a felicidade no trabalho.
Para Heliana Travessa tem que ser quebrado o estigma de que ambientes de trabalho mais felizes são menos produtivos. Até porque, defende, o que acontece é o oposto. “Se houver sensação de bem-estar, se estivermos tranquilos no local de trabalho, com uma sensação boa, não só os resultados são melhores como levamos esse estado de espírito para o exterior”, afirma, sublinhando que “é extremamente importante as empresas valorizarem o capital humano”. Na RTR, especifica, há benefícios que fazem a diferença tais como garantir seguro de saúde a todos os trabalhadores, facilitar saídas do trabalho para tratar de assuntos pessoais ou atribuir mais dias para descanso caso o trabalhador deles necessite. “São pequenos benefícios que acredito que façam a diferença”, refere.
A gestora de Recursos Humanos sublinha que para que este modelo funcione há duas vertentes que são essenciais: a proximidade aos colaboradores e a comunicação. É por isso importante que quem gere esteja atento, converse e se preocupe verdadeiramente. “Temos que ser uns para os outros, valorizar as pessoas, fazer com que se sintam reconhecidas porque ao fazermos isso estamos a valorizar a empresa”, defende, acrescentando que funciona como “um dar e receber, uma moeda de troca”.
Trabalhar numa empresa familiar traz responsabilidade acrescida
Natural de Vila Chã de Ourique, freguesia do Cartaxo onde está sediada a RTR, Heliana Travessa define-se como uma pessoa optimista por natureza, persistente, ambiciosa e perfeccionista. Foi esta última característica da sua personalidade, acredita, que a levou a ser em tempos uma workaholic, que não largava o trabalho. Uma fase da sua vida que durou até perceber que não é por se trabalhar mais horas que se faz mais e melhor. Aliás, “quanto mais tempo damos menos qualidade estamos a dar ao trabalho e à empresa, tudo tem o seu tempo para ser feito”.
Heliana está há mais de duas décadas como responsável pela gestão de recursos humanos na RTR mas o seu percurso na empresa começou muito antes: nos tempos de meninice em que saía da escola e ia directa para aquelas instalações ajudar no que podia. Durante uns tempos chegou a trabalhar numa outra empresa, mas não tardou a regressar. “Trabalhar numa empresa familiar traz uma responsabilidade acrescida” mas é gratificante. “O que mais ambiciono é dar seguimento à empresa, juntamente com o meu irmão. Sempre pensei isso e sempre me imaginei a fazê-lo porque gosto muito do que faço”, conclui.