Bruno Neves: um homem dos sete ofícios que há nove anos lidera a ElectroCartaxo
Bruno Neves é o que se pode chamar o homem dos sete ofícios.
Aprendeu a fazer pão, trabalhou como ajudante de carpinteiro e de pedreiro e ainda na apanha do tomate. Depois do 9º ano entrou na Força Aérea onde esteve uma década e diz terem sido os melhores anos da sua vida, onde aprendeu tudo e preparou-se para enfrentar a vida. Após a vida militar fez outros trabalhos até que há nove anos abriu a ElectroCartaxo, empresa de venda e reparação de electrodomésticos.
O primeiro ofício de Bruno Neves foi numa padaria, onde aprendeu a fazer pão, durante as férias escolares. Também apoiava o seu avô nas obras a trabalhar como ajudante de pedreiro e carpinteiro e passou pelos campos de Azambuja, na apanha do tomate. Estudou até ao 9º ano, altura em que, descontente com a matéria que aprendia na escola, decidiu concorrer para a Força Aérea. Esteve lá uma década e garante que foram os melhores anos da sua vida. “Só não fiquei porque após dez anos, apesar de ter tentado, não consegui porque havia muita gente para poucas vagas. Foi lá que aprendi tudo e que me preparei a sério para a vida”, conta a O MIRANTE.
Na Força Aérea, na Base da Ota, concelho de Alenquer, aprendeu regras como pontualidade, disciplina ou responsabilidade. Tirou o curso de mecânica de automóveis e também tirou a carta de ligeiros, de pesados e de transportes de passageiros. Saiu aos 30 anos e trabalhou dez anos na distribuição de pão. Natural do Cartaxo, onde vive, soube de uma oportunidade para trabalhar na Nova Luz, empresa de venda e reparação de electrodomésticos na sua cidade natal. “Estive lá cerca de quatro anos até que, há nove anos, o patrão quis fechar o negócio e acabei por ficar com ele”, explica, acrescentando que a empresa passou a chamar-se ElectroCartaxo.
A loja funciona há quase dois anos na Rua do Progresso, perto do centro da cidade, e Bruno Neves considera que está mais bem localizada e mais acessível aos clientes, com mais lugares de estacionamento e outros serviços. Os equipamentos que a ElectroCartaxo mais vende são esquentadores, fogões ou cilindros. O empresário refere que normalmente os clientes precisam dos electrodomésticos com urgência depois daquele que têm em casa se ter avariado.
Bruno Neves, de 48 anos, lamenta que as compras e vendas através das redes sociais prejudiquem bastante o seu negócio. “As pessoas com menor poder de compra acham que estão a fazer grandes negócios ao comprar na internet. Alguém coloca uma publicação a dizer, por exemplo, que está a vender um frigorífico porque precisa de dinheiro e quem aceita comprar também o faz por necessidade. No entanto, quem compra fica sempre prejudicado porque mais cedo ou mais tarde vai ter que comprar um novo. Aconteceu uma situação dessas há muito pouco tempo com uma cliente. Comprou um equipamento em segunda mão a pensar que estava bom mas passado um mês teve que comprar novo porque o outro avariou logo”, alerta.
Se há cerca de dois anos a maioria dos clientes comprava novo, agora optam por reparar para não gastarem tanto dinheiro. Bruno Neves admite que ser empresário é mais difícil do que ser funcionário. Há maiores responsabilidades e dores de cabeça. “Ter uma empresa nos dias que correm é um grande stress pela incerteza do dia de amanhã. Cada vez mais a situação se complica e torna-se difícil as pequenas empresas subsistirem com as adversidades que vão aparecendo. Além disso, deveríamos ser mais defendidos pelo Estado, o que não acontece”, sublinha.
O empresário trabalha com a esposa e confessa estar sempre ligado à empresa. O seu dia começa cedo e termina tarde. Geralmente é ao final do dia que os clientes têm disponibilidade para que possa ir a suas casas instalar equipamentos novos ou reparar os actuais. Disponibilidade e qualidade do serviço é, na sua opinião, o segredo do sucesso.
Nos tempos livres aproveita para podar as árvores do seu quintal e andar com o tractor a mexer na terra. É adeptos de carros e motas antigas. Já teve um carro antigo todo restaurado por si mas como não tinha tempo para o usar optou por vendê-lo. Também uma mota muito antiga, de 1954, estilo lambreta, comprou-a bastante danificada e restaurou-a. “É o que gosto de fazer, restaurar motas e carros mas deixei de o fazer porque não tenho tempo”, conclui.