Telma Jamila sonhava ser bailarina e fundou a Academia Dance4You
Telma Jamila, 45 anos, sonhava ser bailarina mas só depois de se licenciar em Design Gráfico seguiu nessa direcção.
Optou pela dança do ventre e formou-se para poder dar aulas e abrir o próprio negócio. A Academia de Dança e Eventos Dance4You, em Castanheira do Ribatejo, cresceu e tem uma vasta oferta de estilos de dança para todos, incluindo dança do ventre.
Desde criança que Telma Jamila sonhava ser bailarina. Mas em Alenquer, onde estudou e cresceu, não havia praticamente oferta na área da dança. Só aos 12 anos descobriu que na terra havia aulas de dança jazz e começou a aprender. Enquanto aluna foi frequentando workshops de vários estilos de dança até ir para Tomar estudar. Parou as aulas de dança e dedicou-se ao curso superior de designer gráfico, área em que se licenciou.
Começou a trabalhar como designer, em Lisboa, numa altura em que começaram a surgir academias que ensinavam danças orientais, estilo que teve muita procura por causa da telenovela “O clone”, que estava a ser exibida na televisão. Fascinada pelo Oriente, decidiu começar a praticar dança do ventre no Ateneu de Lisboa ao mesmo tempo que trabalhava como designer. Rapidamente começou a fazer espectáculos com o grupo do Ateneu e chegou a actuar na Feira Internacional de Artesanato e Bolsa de Turismo de Lisboa, no Parque das Nações.
Sentia-se bem a dançar e como na região não havia nenhuma professora de dança do ventre, especializou-se na área. Aprendeu com bailarinas que vinham a Portugal dar formação, tirou o curso de professora de dança do ventre, em Madrid, e fez várias formações em festivais de dança em Barcelona. Foi depois convidada para dar aulas num ginásio em Alenquer e começou a nova aventura profissional. “Percebi que era isso que queria e que me fazia feliz”, conta.
Como bailarina participou num sem número de eventos, incluindo actuações em casamentos. O trabalho que fazia enquanto designer gráfico era como freelancer, o que permitia gerir o seu tempo.
Deu aulas no Ateneu Artístico Vilafranquense, em Vila Franca de Xira, na Academia Paula Manso, em Alverca do Ribatejo, em Arruda dos Vinhos e Torres Vedras.
Quando engravidou do único filho teve de parar. Durante dois anos dedicou-se à maternidade, até que em 2018 arriscou e lançou-se por conta própria. “Já me tinha afastado do design gráfico e montei o meu negócio. Pedi apoio ao centro de emprego e percebi que na região fazia falta uma escola de dança em Castanheira do Ribatejo. Abri um espaço pequeno no centro da vila e resisti à pandemia de Covid-19, altura em que muitas escolas fecharam. Tem sido uma luta”, conta.
A dança do ventre ainda é tabu para algumas mulheres
Há pouco mais de um ano abriu a Academia de Dança e Eventos Dance4You, na Castanheira do Ribatejo. Uma escola maior, mais bem localizada e com todas as condições para se aprender a dançar. A escola tem cerca de 150 alunos e tem professores de vários estilos como kizomba, ballet, hip hop, salsa, danças de salão, zumba, ioga, pilates, capoeira e claro dança do ventre, disciplina em que Telma Jamila é professora. “A dança do ventre é uma das mais antigas que existe e as pessoas não têm noção. Explico às minhas alunas a história para as integrar nesta dança culturalmente”, afirma.
A dança do ventre trabalha os músculos todos do corpo e é óptima para a auto-estima da mulher. É terapêutica, uma vez que ajuda quem tem quadros depressivos e precisa de conviver, ao mesmo tempo que apela ao lado sensual. Mas engane-se quem pensa que é preciso ter um corpo escultural para dançar. “O peso a mais costuma ser um factor inibidor mas não existe um critério físico para dançar, não existe o corpo ideal. Tenho alunas que actuam nos espectáculos e que agradecem porque quando começaram tinham vergonha de mostrar o corpo, nem alças usavam, e ultrapassaram os complexos. A dança tem a vertente física, mental e espiritual. É uma dança sensual mas não é o principal objectivo”, explica.
A dança do ventre ainda é tabu para algumas mulheres e em Castanheira do Ribatejo não tem ainda muitas adeptas. “Nota-se diferença nas mentalidades. Em Alverca, por exemplo, são mais desinibidas, aqui nem tanto. Têm de experimentar e conhecer”.
A Academia de Dança e Eventos Dance4You pretende assumir-se como uma referência da dança na região e, quem sabe, abrir mais escolas.