Identidade Profissional | 18-06-2024 21:00

Leonor Gonçalves foi pioneira da comunicação na Câmara de Benavente

Leonor Gonçalves foi pioneira da comunicação na Câmara de Benavente
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Leonor Gonçalves é uma apaixonada por comunicação que transmite ao mundo o trabalho feito pelo município de Benavente

Quando chegou à Câmara Municipal de Benavente, há 23 anos, Leonor Gonçalves só tinha um computador, sem Internet, e era a única a trabalhar no Gabinete de Comunicação. Hoje coordena o trabalho e conteúdos do Gabinete de Informação e Relações Públicas da autarquia. Dá aulas na universidade sénior, onde também é coordenadora. Para trás ficam os anos de jornalismo, principalmente nas rádios, e que lhe deixam muita saudade.

Nascida e criada em Alverca do Ribatejo, onde viveu até há oito anos, Leonor Gonçalves sempre pensou seguir sociologia ou psicologia. Estudou na Escola Secundária Gago Coutinho e no 12º ano mudou-se para Arruda dos Vinhos para frequentar o Externato Irene Lisboa. A transição para Arruda dos Vinhos, que inicialmente parecia uma mudança drástica para o campo, acabou por resultar em grandes amizades e um primeiro namoro.
Quando terminou o ensino secundário candidatou-se para sociologia, mas as notas não chegavam para entrar nas faculdades públicas de Lisboa. Ingressou numa universidade do Minho mas o pai optou por custear o curso de investigação social aplicada na Universidade Moderna, na capital. Ao mesmo tempo inscreveu-se num curso de jornalismo de um ano, financiado pela União Europeia. Ao mesmo tempo que estudava frequentava o curso prático de jornalismo na Rádio Lezíria, em Vila Franca de Xira, que tinha um protocolo com a TSF. “Na Rádio Lezíria deram-me oportunidade para fazer trabalhos na área política e social. Diziam-me que tinha boa voz e fui crescendo. Era um trabalho remunerado e tinha dinheiro para as minhas coisas. No segundo ano a Moderna passou a ser em Algés e fui-me desligando. Acabei por deixar o curso”, conta.
Durante três anos, Leonor Gonçalves consolidou-se no jornalismo e foi convidada para trabalhar na Rádio Orbital. Nunca abandonou as rádios de Vila Franca de Xira, tendo também colaborado com a Rádio Ateneu. Ainda se inscreveu em Psicologia, na Universidade Independente, mas a conciliação com o trabalho mostrou-se inviável. “Acreditava que para ser uma boa jornalista não precisava necessariamente de um curso superior”, diz.
Na Rádio Orbital trabalhou quase cinco anos e obteve a carteira profissional de jornalista. Ao mesmo tempo era correspondente do Diário de Notícias no concelho de Loures. Foi chefe de redacção do Notícias de Alverca e correspondente do Jornal de Notícias no sul do distrito de Santarém. Passou pela Rádio Paris-Lisboa e foi convidada para ingressar na Rádio Iris. “Estava ao mesmo tempo na Rádio Orbital e na Iris. Era quase uma mercenária das rádios regionais. Entretanto inscrevi-me e concluí o curso superior de Acção Social na Universidade Aberta mas que não me serviu de muito até ter sido convidada para ir para a Câmara de Benavente”.

Duas reportagens marcantes
A O MIRANTE recorda dois dos trabalhos mais emocionantes que fez enquanto jornalista. Um deles foi quando um grupo de kosovares chegou da guerra do Kosovo à Misericórdia de Salvaterra de Magos e estavam muitas pessoas à espera. Quando saíram do autocarro, as pessoas começaram a bater palmas, porém os kosovares baixaram a cabeça num misto de vergonha, mostrando ser um povo mais reservado e cansado de fugir da guerra. Para a Rádio Iris lembra-se da inauguração da catedral da Santa da Ladeira, em Torres Novas. Um “exército branco” de mulheres de idade já avançada, vestidas de noivas, entraram para beijar os pés desnudos da Santa da Ladeira sentada num trono, com muitos convidados do Leste da Europa, ortodoxos, vestidos com vestes aveludadas, douradas e roxas.
Leonor Gonçalves casou-se e abandonou o jornalismo porque não era compatível com o trabalho de assessoria de imprensa. O jornalismo ficou para trás há 23 anos quando aceitou o convite do ex-presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão. Quando chegou ao gabinete nos Paços do Concelho, em Benavente, não tinha Internet, só tinha um computador e era a única assessora porque não existia gabinete de comunicação. Fazia notas de imprensa de várias páginas com tudo o que acontecia nas reuniões de câmara e fazia o boletim municipal. “Quando cheguei era a única na comunicação. Depois chegou a Lubélia para as relações públicas, e as coisas foram-se compondo. Hoje temos uma equipa alargada com profissionais da imagem e do vídeo mas jornalista sou a única desde que o Pedro Santos saiu”.
Leonor Gonçalves passou de ter um computador para o boom das redes sociais, que muitas vezes a entristecem por “ver a forma desleal, pouco própria e sem critério onde se misturam assuntos só para mandar abaixo através das redes sociais”. Mas contrapõe que também existem coisas boas como sentir o apoio das pessoas e ver que a divulgação de iniciativas como o último festival do arroz carolino, que teve casa cheia, é um sinal de que estão a trabalhar bem.

Trabalho com os seniores
Leonor Gonçalves é uma das quatro coordenadoras da Universidade Sénior do concelho de Benavente e coordenadora do Pólo de Samora Correia com outro colega. Começou por dar aulas de inglês e hoje dá aulas uma vez por semana de alfabetização. “Lembro-me de um aluno, que já faleceu, e que tinha cataratas. Achava que não ia conseguia ler mas quando foi operado parece que viu luz. Depois já ia para a biblioteca ler o jornal. Tenho outra senhora que já consegue ir ao multibanco e fazer transferências, Já tinha sido roubada quando pedia ajuda para mexer no multibanco”, afirma.
Para além de coordenar o trabalho e conteúdos do Gabinete de Informação e Relações Públicas da Câmara de Benavente, Leonor Gonçalves tem mais sonhos. Gosta da energia de dar aulas na universidade sénior e revê-se de futuro num projecto do mesmo género.

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