Identidade Profissional | 24-07-2024 07:00

António Lopes tem uma vida dedicada aos Bombeiros de Castanheira do Ribatejo

António Lopes tem uma vida dedicada aos Bombeiros de Castanheira do Ribatejo
IDENTIDADE PROFISSIONAL
António Lopes está no quadro de honra dos Bombeiros Voluntários da Castanheira do Ribatejo onde é estimado por todos

Aos 68 anos, António Lopes orgulha-se de ser bombeiro do quadro de honra nos Voluntários da Castanheira do Ribatejo.

Ingressou na corporação em 1981 e continua a colaborar sempre que é solicitado, além de ser responsável pelos instrumentos da fanfarra. Na memória estão os colegas que já faleceram e tragédias como o incêndio nos armazéns do Chiado ou o acidente ferroviário na Póvoa de Santa Iria.

António Lopes fez-se homem e aprendeu a respeitar as pessoas nos Bombeiros Voluntários da Castanheira do Ribatejo. Nasceu em Moura e viveu em Vila Verde de Ficalho até aos 13 anos, altura em que se mudou com os pais para a Vala do Carregado. Trabalhou na fábrica das malhas na Castanheira do Ribatejo e depois numa fundição. Ingressou em 1981 nos Bombeiros de Castanheira do Ribatejo. Recorda-se dos ralhetes da mãe porque em vez de fazer horas extraordinárias na fundição ia para os bombeiros. Numa época em que não haviam computadores nem telemóveis foi nos bombeiros que passou a juventude e onde fez grandes amigos. “Antigamente quando havia uma ocorrência era pega e leva. Hoje cada bombeiro tem o seu fato e protecção. Ainda bem”, diz.
O primeiro incêndio a sério a que foi chamado foi em 1988 nos Armazéns do Chiado. Recorda-se do fogo à porta do falecido jornalista Fernando Pessa e de estar em Lisboa quando chamaram as ambulâncias todas para socorrer as vítimas do acidente ferroviário na Póvoa de Santa Iria, em 1986.
Por causa das varizes nas pernas teve de deixar de andar nos veículos de combate a incêndios. Chegou a estar seis anos nos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira mas em 1999 regressou ao quartel de Castanheira do Ribatejo e começou a trabalhar na central telefónica. Já reformado, esteve como voluntário e sem remuneração a atender telefones 12 horas por dia. Depois passou a ter as mesmas funções a recibos verdes por conta da associação de bombeiros.

O amor à fanfarra e as memórias
Um jogo entre o Benfica e o Ajax, para a Liga dos Campeões, fez com que desde a infância e até hoje seja conhecido por Stuy, nome do guarda-redes do Ajax naquela época. É sportinguista e não podia ter um nome de jogador da equipa rival. Na fanfarra dos Bombeiros de Castanheira é responsável por todos os instrumentos. Limpa, afina e guarda o material com cuidado. Os músicos mais novos tratam-no carinhosamente por tio Stuy. “A esta fanfarra não falta nada, quando vão actuar saem sempre impecáveis”, afirma com orgulho.
António Lopes está desde os 66 anos no quadro de honra dos bombeiros, por limite de idade, mas continua no activo. Sempre que é pedido ainda faz serviço na central e veste a farda nas procissões e eventos. “O meu objectivo era chegar ao quadro de honra porque muitos morrem pelo caminho ou desistem, mas eu consegui. Quando toca a sirene a cabeça está sempre a trabalhar, mas não interfiro. Mas estou sempre atento e se me pedirem venho logo ajudar. Estimo muito o comando e a direcção, porque eles também me estimam a mim e sou muito acarinhado”, reconhece.
Na memória guarda colegas e amizades, como o antigo presidente da assembleia-geral, já falecido, Benjamim, ou o bombeiro Rui Santos que faleceu com um tumor antes de passar ao quadro de honra. “Tenho uma missão muito importante e que só eu é que consigo. Quando morre alguém faço chorar as sirenes do quartel”, conclui.

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