Identidade Profissional | 06-08-2024 15:00

Ana Porto é a mulher das contas na empresa da família

Ana Porto é a mulher das contas na empresa da família
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Ana Porto nasceu em Lisboa e passou a sua vida entre Alverca, Carregado e Samora Correia

Ética, compromisso e confiança são alguns dos valores profissionais essenciais para Ana Porto, uma das sócias-gerentes da empresa Molavide, do Carregado.

A empresária acredita que uma boa comunicação é a chave para um grande negócio. Nunca teve uma profissão de sonho mas desde pequena que se apaixonou pela empresa fundada pelo pai, José Porto.

Um empresário que não sonhe e não saiba comunicar bem o seu produto para atrair mais clientes não vinga no mundo dos negócios, acredita Ana Porto, uma das sócias-gerentes da Molavide do Carregado, concelho de Alenquer. A empresária diz estar a viver a sua profissão de sonho, depois de se ter envolvido, desde pequena, na empresa fundada pelo pai, José Porto, precisamente no ano em que Ana nasceu. Ser mulher num cargo de gestão numa oficina dedicada à mecânica é algo que não a assusta e, pelo contrário, motiva-a diariamente a dar o seu melhor. Uma prova da sua resiliência foi ter tirado uma licenciatura aos 37 anos, já depois de ser mãe de duas crianças e ao mesmo tempo que conciliava a maternidade com a gestão da empresa. Ana Porto nasceu em Lisboa, viveu em Alverca na casa dos pais e hoje vive em Samora Correia, concelho de Benavente. Estudou no Colégio Bartolomeu Dias em Santa Iria da Azóia e mais tarde na Escola Profissional de Salvaterra de Magos.
A Molavide, diminutivo de Molas de Moscavide, é uma empresa com estatuto PME Líder que foi fundada em 1979 em Moscavide mas que está em instalações mais modernas no Carregado desde 1997. Dedica-se, entre outros, à reparação e instalação de molas para diversos tipos de veículos, de todo-o-terreno a pesados de mercadorias ou passageiros, repara chassis e fabrica caixas de entulho e caixas basculantes para transporte de inertes e sucata. Faz também trabalhos de serralharia, soldadura, aplicação de “twist-locks” em semi-reboques, reparações de semi-reboques, carroçarias, entre outros.
Para Ana Porto, a experiência conta muito mas um dos problemas continua a ser encontrar nova mão de obra disponível para trabalhar. “Começamos a sentir alguma dificuldade no recrutamento de meios humanos para esta área. Não há pessoas para trabalhar. Antigamente as pessoas procuravam esta área para aprender uma profissão, agora preferem caixas de supermercado ou outras profissões menos técnicas”, lamenta a O MIRANTE.

“Mesmo de férias estou sempre ligada”
Para Ana Porto a sinceridade, lealdade e honestidade são os principais valores que incute no seu trabalho. “Temos de fazer um serviço de qualidade e dar confiança ao cliente. Isso é o principal. Com confiança tudo é mais positivo e rola melhor”, refere. E, no caso da Molavide, rolar é mesmo o mais importante, já que a segurança de um camião na estrada começa precisamente nas molas e amortecedores.
“Nunca tive uma profissão de sonho. O meu pai tinha a empresa e quando comecei a ter 12 ou 13 anos comecei a vir ter com ele nas férias para o escritório e ajudar no que pudesse”, partilha. Actualmente a empresa tem 28 funcionários e Ana Porto diz que no grupo não há colegas ou patrões: são uma grande família onde todos vestem a camisola da empresa.
A empresária impõe-se a si própria ter um horário diário, embora admita que raramente consegue desligar do trabalho, incluindo agora no período de férias. “Nas férias ou em casa estou sempre ligada e a trabalhar porque há sempre assuntos para tratar. A cabeça está sempre na empresa. Não sou viciada em trabalho e consigo ter os meus momentos de tempos livres e para relaxar mas nunca me desligo totalmente”, confessa.

Carga fiscal é um abuso
A elevada carga fiscal é um dos problemas que Ana Porto identifica no panorama actual das empresas nacionais. “É enorme. Principalmente a contribuição para a Segurança Social. É um abuso. Não faz sentido. Fazia mais sentido atribuir esse valor directamente aos funcionários. Era melhor do que estar a dar à Segurança Social para eles pagarem subsídios para muita gente não querer trabalhar. Aqui temos esse exemplo: não conseguimos ter a mão de obra que precisávamos e enquanto houver subsídios haverá sempre essa dificuldade”, lamenta.
Actualmente a empresa tem três rostos ao comando: o pai, José Porto, e o irmão, Sérgio Porto, que lidam directamente com todas as questões da oficina, e Ana Porto, que tem um trabalho de retaguarda na administração da empresa, processando toda a documentação. “Pagar os ordenados é sempre a minha primeira prioridade. Os nossos trabalhadores têm famílias para sustentar e temos sempre de garantir essa necessidade”, diz a empresária, para quem o Carregado é um bom local para ter uma empresa. O seu sonho é ver o negócio a crescer e a centralizar num só espaço as diferentes valências da Molavide, que hoje tem o serviço de desempeno de chassis, fabrico de caixas e serralharia, entre outros, a funcionar num outro pavilhão na mesma zona industrial do Carregado.

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