Identidade Profissional | 21-08-2024 21:00

As salinas de Rio Maior são um diamante em bruto

As salinas de Rio Maior são um diamante em bruto
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Luís Lopes é da quarta geração da Loja do Sal e tem ajudado a expandir o negócio do bisavô com a criação de produtos inovadores

Luís Lopes, em conjunto com os pais e o irmão, tem levado a história das Salinas de Rio Maior aos quatro cantos do mundo. O MIRANTE foi conhecer o empresário mais novo da Loja do Sal em plena campanha.

Luís Lopes, em conjunto com o irmão João, o mais velho, personificam a quarta geração da Loja do Sal, em Rio Maior. Registaram a marca em 2009, mas foi a partir de 2012 que começaram a desenvolver um trabalho mais profissional de promoção e distribuição dos produtos que estão um pouco por toda a Europa, Estados Unidos, Brasil e Japão. Aproveitaram as técnicas que os avós e os pais usavam na produção, aliaram-nas a alguma tecnologia, criaram novos produtos - salatinos, chocolates com flor de sal, sal terapêutico, esfoliantes, sabonetes, entre outros, - e recuperaram os que estavam esquecidos, como os queijos de sal.
O empresário praticou atletismo de alto rendimento durante 10 anos e fê-lo sempre em equilíbrio com a actividade da salina. Optou por um percurso académico na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, em Psicologia, e acabou por não concluir o mestrado em Psicologia de Alto Rendimento, ficando com a pós-graduação e o 12º ano tirado na Escola Profissional de Rio Maior em Comunicação. As lesões fizeram com que uma potencial carreira desportiva derivasse para uma carreira profissional ligada ao sal. “Houve sempre paixão e interesse em desenvolver o negócio do sal. Desde os 14 anos que fui fazendo algum negócio, houve propriedades e salinas que o meu avô me doou para cuidar. Produzia o sal e vendia-lhe. Ele depois fazia a parte da comercialização e da venda”, conta.
Recorda-se do contacto que tinha com o avô na taberna - agora Taberna 1865 em sua homenagem e do bisavô -, na loja e nas salinas. Luís Lopes e os amigos serviam copos quase sem chegar ao balcão, levavam de beber aos salineiros, davam apoio na campanha e tinham a mania de se colocar dentro dos sacos de serapilheira que eram usados para o transporte e dormir sestas nas casas típicas. Chega a trabalhar entre 14 e 18 horas diárias em altura de campanha e este ano vai ser pai. São 16 pessoas a tempo inteiro para gerir, entre loja, processo produtivo e escritórios. Continuam com uma equipa na sua maioria portugueses, mas já são os estrangeiros quem complementa a equipa de salineiros. “Infelizmente não há portugueses que queiram fazer esta actividade sazonal e a mão-de-obra é cada vez menos”, diz.
Em Março/Abril começam as limpezas gerais e conservação e reparação de algumas salinas, ao todo cerca de 140, e em meados de Abril ou inícios de Maio inicia-se o trabalho mais a sério, estando dependente das condições atmosféricas. As expectativas para este ano são boas, uma vez que continuam com um crescimento a “dois dígitos”, diz Luís Lopes.
Para o irmão mais novo, as salinas são “um diamante em bruto que ainda não está explorado” e “devia haver mais consenso, união e trabalho conjunto, mas há muitas visões diferentes sobre produtos e mercados”. Num prazo de cinco anos quer duplicar o volume de facturação e produção e ter um papel importante na distribuição de produtos alimentares de qualidade, diferenciadores e de pequenos produtores. Têm em finalização o centro de fumagem para o sal fumado a frio e a estufa foi um projecto recente para secagem de alguns derivados que vão lançar no mercado, nomeadamente os flocos de flor de sal, ainda este Verão, e a flor de sal de vinho.
“É muito gratificante alguém vir do outro lado do mundo conhecer o que fazemos e a nossa história. O nosso principal apoio são os nossos clientes, fornecedores e a nossa vontade”, conclui o empresário, revelando que os apoios locais e nacionais são simbólicos.

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