Mário Ruas cumpriu o sonho de jogar futebol profissional e agora é treinador
Mário Ruas, 47 anos, natural de Lisboa, seguiu as pisadas do pai e fez carreira como jogador de futebol profissional. Começou na União de Santarém, onde mais tarde fez história como treinador, e passou por várias equipas.
Foi consultor imobiliário, trabalha na Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e estreou-se recentemente ao comando dos seniores do Grupo Desportivo de Samora Correia.
Peniche, Tomar, Leiria, Covilhã, Coimbra e Caldas da Rainha foram algumas das cidades onde Mário Ruas viveu até aos 10 anos. O pai era jogador de futebol profissional e a mãe jogava basquetebol, o que levou a constantes mudanças de casa, escola e amigos. Acabou por se habituar e quando o pai começou a jogar na União Desportiva de Santarém (UDS) levou a família atrás.
Desde criança que o sonho era ser jogador de futebol profissional e sempre contou com o apoio dos pais. Iniciou a formação na UDS e ainda jogou uma época no plantel sénior mas depois diz que se fez à vida. Jogou no Alcanenense, em “O Elvas”, no Clube Oriental de Lisboa, Pombal, Barreirense e Naval 1º Maio. Terminou o 12º ano e conciliou os estudos com o futebol. Ainda concorreu à Escola Superior de Desporto de Rio Maior mas começou a trabalhar e os estudos acabaram por ficar para trás. “Enquanto treinador faço questão de dizer aos miúdos para estudar. Tenho dois filhos, um joga rugby, outro futebol, e sabem que têm de estudar”, diz.
Uma lesão fez com que ficasse 18 meses sem poder jogar e foi operado três vezes ao joelho. Começou a pensar num plano B e deixar para trás uma década de futebol profissional. Depois da lesão ingressou no Fátima e continuou a jogar no UD Rio Maior, Abrantes, União da Serra, Monsanto e SL Cartaxo. Acabou a carreira enquanto jogador nos Empregados do Comércio de Santarém, na época 2015/16. O sonho era acabar a carreira na UDS mas o clube na altura não tinha equipa sénior a competir.
Conquistou títulos e fez história na União de Santarém
Mário Ruas tinha como meta não deixar o mundo do futebol e enveredar por uma carreira de director desportivo ou gestão de desporto. Os planos alteraram-se quando foi convidado para treinar a equipa sénior do Empregados do Comércio, onde ficou duas épocas como treinador principal. No coração mantinha a União de Santarém e quando o clube o chamou para coordenar o futebol de formação não disse que não.
O objectivo era em três épocas colocar o clube nas competições nacionais, mas em ano e meio Mário Ruas e a sua equipa ganharam tudo o que havia para ganhar. A UDS fez história e foi campeã da 2ª divisão distrital, campeã da 1ª divisão distrital e conquistou a Taça do Ribatejo. “Fizemos história e devolvemos o clube aos nacionais, quase duas décadas depois. Sou reconhecido na cidade e as pessoas sabem o feito que foi, mas o importante é que o objectivo foi cumprido”, afirma.
Mário Ruas foi consultor imobiliário e de vendas enquanto jogava futebol em horário pós-laboral. Actualmente trabalha na Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) na contratação pública e tem o curso UEFA B de treinador de futebol.
Treinador activo que não consegue estar calado
O técnico aceitou a proposta do Grupo Desportivo de Samora Correia e está a treinar a equipa sénior. A experiência está a ser positiva e conta que tem todas as condições para fazer um bom trabalho e preparar os jovens atletas. No campeonato quer o Samora Correia sempre nos lugares cimeiros da tabela classificativa. “Os jogadores mais novos não são difíceis de treinar mas o problema da formação é o que eles ouvem fora do ambiente desportivo. Falta muita cultura desportiva aos pais e 70% não aceita que os filhos podem não ser jogadores de futebol e ter antes jeito para jogar ténis, andebol ou ginástica”, declara.
Enquanto jogador, Mário Ruas era mais tranquilo do que enquanto treinador. Se pudesse entrava para dentro de campo, é activo e não é capaz de ver o jogo calado. Rituais ou superstições nunca teve, mas é crente e benze-se para se proteger e não para ganhar jogos. Sempre respeitou os árbitros e não acredita que errem propositadamente. “Eles estão mais vulneráveis ao erro. Se falharem têm tudo em cima deles”, diz.