Identidade Profissional | 05-11-2024 21:00

O mecânico de Vialonga que queria ser bombeiro e é apaixonado por fotografia

O mecânico de Vialonga que queria ser bombeiro e é apaixonado por fotografia
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Nuno Ribeiro é o responsável pelas oficinas Auto Ribeiro & Teles de Vialonga e Póvoa de Santa Iria

Nuno Ribeiro adora automóveis e gosta de partilhar essa paixão com quem o rodeia. Nunca virou as costas ao trabalho e desde que abriu as suas duas oficinas que aposta em proporcionar o melhor serviço aos seus clientes. O maior problema, diz, é encontrar mão-de-obra com qualidade.

Nuno Ribeiro, de 49 anos, é um apaixonado pela mecânica, nascido e criado em Vialonga, uma terra que sempre esteve no seu coração apesar de viver na Póvoa de Santa Iria desde que casou. É responsável pela Auto Ribeiro & Teles, oficinas situadas no Cabo de Vialonga, na estrada da Alfarrobeira, e também junto à estação de comboios da Póvoa de Santa Iria, perto da zona ribeirinha da cidade.
Desde a infância que Nuno Ribeiro mostrou um interesse genuíno por carros e pela mecânica. “O meu pai oferecia-me carrinhos de brincar e a primeira coisa que fazia e que mais gostava era desmontá-los para entender como funcionavam. Incluindo os telecomandados”, recorda a O MIRANTE. O fascínio pelas máquinas e a curiosidade de compreender como tudo funciona acabaram por guiar o seu percurso de vida.
A carreira começou cedo, aos 16 anos, quando decidiu abandonar a escola e começar a trabalhar numa oficina em Sacavém. Tornou-se aprendiz e foi aí que começou a sujar as mãos nos automóveis e a entender como funcionavam. Foi à tropa e quando regressou entrou na Renault Portugal em 1997, onde ficou até à crise de 2008. “Fiz de tudo na Renault, desde recepcionista a mecânico. Fui praticamente tudo lá dentro, excepto vendedor”, recorda o mecânico que, curiosamente, não tem um carro de sonho. “Gosto do meu Corsa GT”, revela.
Em 2008 teve uma proposta para chefiar uma rede de oficinas Bosch Car Service mas a experiência não correu bem. Voltou a uma oficina da rede Renault em Sintra, esteve dois anos ao serviço mas a distância de casa era-lhe penosa. Acabou por aceitar uma proposta para chefiar oficinas do grupo Evicar em 2010. Foram esses períodos nas diferentes oficinas que lhe serviram de escola de vida, dando-lhe as bases para, mais tarde, gerir as suas próprias oficinas. Quando a Evicar faliu, Nuno Ribeiro ficou desempregado. Passou três anos sem emprego até mais tarde abrir a sua própria oficina na Póvoa de Santa Iria, em 2017, com um sócio que entretanto abandonou o negócio.
Mais tarde, em 2019, ficou com outra oficina em Vialonga, onde hoje lidera uma equipa de oito profissionais. A relação de confiança e respeito com os seus funcionários é um pilar importante na sua gestão, com Nuno Ribeiro a considerar que todos são como uma família. O empresário valoriza a honestidade com os clientes e acredita que, se a sua equipa não estiver bem, ele também não estará.

Abdicou de salário
para os trabalhadores
A pandemia foi um dos períodos mais complicados para a vida da empresa, recorda Nuno Ribeiro, que lembra ter ficado quatro meses sem receber salário para que este nunca faltasse aos colaboradores. É um líder que entende a importância de uma equipa unida e que vê o seu trabalho como uma extensão de si próprio. No entanto, essa dedicação traz-lhe noites mal dormidas e uma incapacidade de se desligar da oficina.
Além da mecânica, Nuno tem outras paixões, como a fotografia, que o ajuda a aliviar o stress do dia-a-dia. Gosta de fotografar aves na zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria e, no futuro, quando se reformar, sonha em dedicar-se inteiramente à fotografia e a viajar.
O futuro dos automóveis, com a crescente electrificação, não o assusta mas Nuno Ribeiro é céptico quanto à viabilidade dos carros totalmente eléctricos. “Acho que os híbridos e os híbridos plug-in vão continuar mas duvido da viabilidade dos carros que são apenas eléctricos”, defende. Acredita que o mercado de usados para estes veículos será limitado e que o custo de manutenção de eléctricos é muitas vezes subestimado. “A mão-de-obra num carro eléctrico é muito superior à de um automóvel a combustão, já para não falar que um carro eléctrico é descartável. Quem é que vai comprar um eléctrico com dez anos?”, alerta.
Quando era mais novo sonhava ser bombeiro e chegou a fazer as provas para integrar os Sapadores de Lisboa, mas sem sucesso. “Só não fiquei porque as cunhas não chegavam para as vagas”, brinca. Tira-o do sério a mentira e quando, por qualquer motivo, um cliente regressa à oficina no dia a seguir com um problema mal resolvido. É um perfeccionista que não gosta de defraudar os clientes. Na oficina faz todos os serviços de mecânica geral, diagnósticos, revisões e até carregamento de ar condicionado.
Nuno Ribeiro também andou envolvido no associativismo de Vialonga desde os sete anos, tendo pertencido ao Rancho Folclórico da Casa do Povo de Vialonga, onde era já o responsável do grupo. “Infelizmente o rancho parou as actividades com a pandemia e nunca mais retomámos”, lamenta.

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