“Nem toda a gente nasce para o negócio”
Nuno Gomes gere e é mecânico na Moto Aço, em Santarém, e defende que quem seguir a mecânica tem o futuro garantido. Trabalhou em feiras e com muito suor e sacrifício montou a sua oficina, onde trabalha com o irmão Rui Pedro e conta com a ajuda do filho de 16 anos.
Nuno Gomes, 47 anos, teve uma roulotte de comes e bebes durante 22 anos e trabalhou de segunda a domingo com um fim-de-semana de folga por mês para montar a sua oficina. O sócio-gerente da Moto Aço, mecânico desde os 15 anos, convidou o irmão, ex-trabalhador da BMW, Rui Pedro, para trabalhar consigo e em 28 anos nunca lhe faltou trabalho. Para Nuno Gomes, quem segue o ramo da mecânica tem o futuro garantido e o filho de 16 anos já aprende o ofício, depois das aulas de mecatrónica automóvel no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Nascido e criado em Santarém, Nuno Gomes estudou no Liceu Sá da Bandeira até ao 9º ano e depois foi para a mecânica numa pequena loja na Calçada do Monte, em Santarém, onde punha as mãos à obra e começou a ganhar o seu espaço. Em Março de 1996, com 19 anos, iniciou-se por conta própria e em paralelo, aos domingos e alguns sábados, vendia comida numa roulotte nos mercados de Santarém, Almeirim, Samora Correia, Benavente e Rio Maior, para investir na oficina. Nuno Gomes reconhece que a roulotte foi o seu “pilar” e que o gosto pelo atendimento ao público veio do tempo em que vendia em feiras. “O negócio quando nasce é para todos, mas nem toda a gente nasce para o negócio”, afirma com determinação.
Satisfeitos e com um sorriso na cara, é assim que quer que os clientes saiam da Moto Aço com as suas motas arranjadas a tempo e horas. Repara também equipamentos para a agricultura e jardinagem, como motosserras, roçadoras, motoenxadas ou varejadoras, que têm sido a maior “dor de cabeça” mas ao mesmo tempo um gosto para Nuno Gomes. “Dá-me um gozo enorme uma máquina vir sem trabalhar, estar de volta dela, puxar o cordel e ver que voltou a trabalhar”, conta.
Além da oficina, a Moto Aço tem duas lojas contíguas onde vende motos e algumas máquinas das marcas Husqvarna e Stihl. É com responsabilidade que Nuno Gomes encara o trabalho e o seu desejo era que houvesse mais pessoas para trabalhar, “mas para isso é preciso que tenham vontade de aprender a ser mecânico”.
O mecânico admite que é difícil a três funcionários e ao filho darem conta de todo o trabalho, que é das oito da manhã às oito da noite de semana e aos sábados até às 13h00. Afirma que tanto mecânicos como serralheiros, carpinteiros, pedreiros e canalizadores “estão a trabalhar e têm trabalho para mais dez pessoas” e acredita que o futuro destas profissões está garantido. “Estes trabalhos vão durar mais anos do que outros como a informática, que chega a certo ponto e não chega para todos. Quem sabe trabalhar com máquinas ganha dinheiro”, afirma.