Identidade Profissional | 25-12-2024 07:00

Um homem do associativismo com obra feita em Vila Franca de Xira

Um homem do associativismo com obra feita em Vila Franca de Xira
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Aurélio Marques é presidente do Núcleo Sportinguista de Vila Franca de Xira há 12 anos

Aurélio Marques é um rosto conhecido na cidade de Vila Franca de Xira, com um percurso dedicado à comunidade, ao desporto e à vida pública.

Já foi dirigente desportivo, fundador da ginástica acrobática no União Desportiva Vilafranquense, vereador e é presidente do Núcleo Sportinguista de Vila Franca de Xira. Nascido no concelho de Santa Comba Dão, o seu trajecto é um testemunho da paixão, resiliência e compromisso que tem com a vida.

Aurélio Marques é um sportinguista de alma e coração e diz que uma das melhores coisas que o seu pai fez ter feito foi ter-lhe passado o legado de ser do Sporting Clube de Portugal (SCP). Dirigente desportivo, ex-vereador e presidente do Núcleo Sportinguista de Vila Franca de Xira há 12 anos, Aurélio Marques celebra 76 anos no dia 1 de Janeiro e mantém um espírito activo e uma vida recheada de experiências e profissões. Diz que nunca foi um homem com medo do trabalho e sabe o valor do esforço para se poder conquistar alguma coisa na vida.
Nasceu na aldeia de Vila Pouca, concelho de Santa Comba Dão. Foi ali que passou a infância, frequentou a escola primária e realizou o exame de admissão à escola industrial, em Viseu. Ainda jovem, trabalhou no escritório de uma fábrica de serração de madeiras, antes de se aventurar para Lisboa aos 15 anos, onde foi viver com familiares.
A sua jornada profissional começou cedo e incluiu várias experiências. Trabalhou na antiga Casa da Sorte, em Lisboa, de onde foi mais tarde para Lourenço Marques (actual Maputo, Moçambique), para uma estadia que era para ser de alguns anos e que afinal acabou ao fim de quatro meses. Depois passou pelo escritório de uma fábrica que vendia artigos de Pirex e Moulinex, trabalhou em escritórios de contabilidade e ingressou na Alfândega como despachante, onde permaneceu até à reforma.

A desfiliação do PS e a zanga de Rosinha
Desde novo que o chamamento político o encantou. Socialista de coração, filiou-se em 1974, tornando-se o militante número sete do partido em Vila Franca de Xira. Rapidamente se identificou com a ala esquerda do PS, tendo participado na fundação da Fraternidade Operária e, mais tarde, da União da Esquerda Socialista. Após o fim desses movimentos voltou ao PS mas mantendo sempre o espírito crítico.
Entre 1989 e 1994, desempenhou cargos de autarca na assembleia de freguesia e na Assembleia Municipal de VFX pelo PS. Mais tarde, a convite de um amigo, juntou-se à CDU como independente tendo sido vereador durante um mandato. Ficou famosa uma reunião de câmara em que, na bancada da CDU, votou ao contrário dos restantes eleitos da coligação liderada pelo PCP, violando o princípio de pensamento único do partido, a propósito da decisão de compra da antiga Escola da Armada.
“Das pessoas do PS nenhuma me deu a entender que tivesse ficado chateada por ter avançado como independente pela CDU excepto uma, que ficou zangada comigo uma série de meses, a Maria da Luz Rosinha, que me ligou a injuriar-me quando soube (risos). Andou uns meses zangada mas depois fizemos as pazes, já enterrámos os machados”, recorda com um sorriso. A sua ida a eleições nas listas da CDU valeu-lhe um processo disciplinar interno no PS, ao qual nunca respondeu, e desfiliou-se. Assegura, no entanto, que continua socialista.
“Ainda tenho guardados os recortes de O MIRANTE desse tempo de vereador, incluindo vários Guarda Rios (hoje chamados Cavaleiros Andantes) e alguns cartoons em que fui protagonista. Gostei bastante e guardo-os todos”, recorda. A política para Aurélio Marques foi sempre mais do que um exercício ideológico – era uma forma de ajudar a comunidade e lutar pelo bem comum.

Um “sofredor controlado” do SCP
Sócio do Sporting Clube de Portugal desde 1966, o amor pelo clube é uma herança familiar que abraçou com entusiasmo. A sua dedicação ao desporto não se limitou ao apoio ao Sporting: Aurélio Marques foi dirigente desportivo em várias organizações locais, incluindo a União Desportiva Vilafranquense (UDV), onde foi o fundador da patinagem artística, e o Mártir Santo Futebol Clube, já extinto.
Desde 1990, ano da fundação do Núcleo Sportinguista de Vila Franca de Xira, Aurélio Marques tem estado envolvido nos corpos sociais, tendo sido um dos sócios fundadores e desempenhando um papel importante na construção de um espaço de convívio para sportinguistas e simpatizantes de outros clubes. A paixão e o trabalho voluntário dos dirigentes ajudam a fazer do núcleo um ponto de encontro diário da comunidade, onde a amizade supera as rivalidades clubísticas. O espaço tem as portas abertas todos os dias do ano. Uma das actividades mais emblemáticas, como O MIRANTE tem dado nota, é o almoço de convívio das leoas dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira, iniciativa em que os homens é que fazem tudo, desde cozinhar a arrumar a loiça.
Vila Franca de Xira, cidade onde o dirigente vive desde 1974, ocupa um lugar especial no seu coração. Embora veja com nostalgia os tempos em que a cidade era mais movimentada e comunitária, continua a apreciar o seu papel na vida local. Lamenta a perda de proximidade entre as pessoas e o declínio do comércio local.
Aurélio Marques diz-se um homem de convicções fortes, tirando-o do sério o cinismo, hipocrisia e o chico-espertismo. Nunca foi um sonhador mas considera-se realizado com as escolhas e o rumo que a vida lhe proporcionou. A sua abordagem é marcada por um profundo respeito por todos os que o acompanharam ao longo da sua jornada, desde colegas de direcção no núcleo até adversários políticos.
“Em tempos o núcleo teve futsal, mas agora há mais dificuldade em manter a actividade. A juventude vem cá ver os jogos mas há dificuldade em trazer os jovens para os corpos sociais. Abrimos as portas todos os dias do ano e aqui ninguém é remunerado, fazemos o que fazemos por paixão ao Sporting”, explica. Actualmente o núcleo movimenta a presença de perto de três dezenas de pessoas por dia.
Para Aurélio Marques, os melhores jogadores de sempre do Sporting foram Héctor Yazalde e Vítor Damas. “E o trio que mais adorei ver jogar foi o Jordão, Manuel Fernandes e António Oliveira”, explica. Para o dirigente, “se o vídeo-árbitro não tivesse vindo para o desporto certamente que não teríamos ganho os últimos dois campeonatos, porque infelizmente o Sporting tem sido o clube que, desde sempre, mais tem sido prejudicado pelos árbitros”, entende. Já a saída de Ruben Amorim é para Aurélio Marques alvo de crítica, considerando que não terá sido a melhor decisão para os dois lados nesta fase do campeonato.

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