Identidade Profissional | 08-01-2025 10:00

Pandemia alterou o negócio das papelarias e a Bravíssimo em Alenquer é um bom exemplo

Pandemia alterou o negócio das papelarias e a Bravíssimo em Alenquer é um bom exemplo
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Fernanda Martins Correia é o rosto da papelaria Bravíssimo, em Alenquer, desde 2014

Fernanda Martins Correia nasceu em Vila Franca de Xira, mas foi em Alenquer que cresceu e vive actualmente.

Apesar de sonhar ser professora, as dificuldades financeiras da família afastaram-na da universidade na juventude. Após trabalhar na Direcção Regional de Agricultura, voltou a estudar aos 26 anos, já casada e com uma filha, e licenciou-se em Gestão e Produção Cultural. O nascimento do seu segundo filho, Manuel, com uma doença rara, levou-a a reavaliar a vida profissional. Assumiu a gestão da papelaria Bravíssimo em 2014 e tem vindo a adaptar-se ao mercado.

Fernanda Martins Correia nasceu em Vila Franca de Xira mas cresceu e estudou no concelho de Alenquer, onde vive desde que casou. Sonhava ser educadora de infância ou professora do ensino primário, mas com quatro irmãos, e numa altura em que as condições financeiras da família eram limitadas, não foi possível ir para a universidade. A mãe estava em casa a cuidar dos filhos e o pai era pedreiro.
Durante oito anos trabalhou na Direcção Regional de Agricultura Ribatejo e Oeste, altura em que conheceu O MIRANTE porque recebia as duas edições do jornal. Quando o Ministério da Agricultura reestruturou os serviços e mandou para casa o pessoal contratado, Fernanda Martins Correia ficou sem trabalho.
Incentivada por uma chefe, voltou a estudar e aos 26 anos ingressou no Curso de Gestão e Produção Cultural, nas Escola Superior de Artes e Design, nas Caldas da Rainha. Já era casada e tinha a filha Leonor e por isso o esforço foi maior. “No primeiro ano da licenciatura ia para as Caldas da Rainha de transportes públicos. Morava em Alenquer mas ia dormir à minha mãe a Olhalvo e de manhã apanhava um autocarro para Torres Vedras. De Torres ia de comboio para as Caldas e andava dois quilómetros a pé até chegar à faculdade. Saía de casa às 7h30 para chegar entre as 09h00, 09h30”, recorda.
Entretanto, tirou a carta de condução e passou a dividir as viagens para as Caldas da Rainha com uma colega estudante que morava no concelho de Alenquer. Terminou a licenciatura e fez um estágio curricular na Direcção Geral das Artes.
As boas notas obtidas na licenciatura deram-lhe a vantagem de seguir para o mestrado sem custos. Ingressou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, mas só concluiu a pós-graduação em Práticas Culturais para Municípios. Na altura, o nascimento do segundo filho Manuel, com uma doença rara, não permitiu seguir a tese. “Nasceu com a doença do Grito do Gato, que só afecta uma em cada 50 mil pessoas no Mundo. Quando o Manuel nasceu andei uns meses sem trabalhar porque a nossa vida era hospital, consultas e internamentos. Agora tem 13 anos mas é um menino que vai ser dependente a vida toda”, conta.
A necessidade de acompanhar o filho mais novo levou a que tivesse de repensar a vida e deixar um trabalho que já tinha na Casa de Repouso na Quinta da Relva, em Olhalvo. Percebeu que seria difícil conciliar as necessidades do filho com as exigências de um emprego convencional.
Foi nesse contexto que surgiu a oportunidade de adquirir a Papelaria Bravíssimo, em Paredes, Alenquer, em 2014. O antigo proprietário propôs a venda, e, apesar dos receios, Fernanda e o marido decidiram avançar. Modernizaram o espaço da loja, diversificaram os serviços e expandiram-se. Alugaram uma loja na mesma rua e compraram um quiosque tabacaria. Acabaram por fazer uma parceria com a transportadora Boa Viagem para venda de passes e outros serviços.

Pandemia alterou o negócio das papelarias
Com a pandemia de Covid-19, em 2020, as coisas mudaram drasticamente. De três lojas que tinha, Fernanda Martins Correia teve de reduzir para uma devido às dificuldades. A pandemia também transformou os hábitos de consumo, com mais pessoas a comprar online. Para se adaptar, começou a trabalhar com seis transportadoras o que permite que os clientes passassem a receber as suas encomendas na papelaria.
A mudança de paradigma trouxe novos clientes e tem ajudado a sustentar o negócio. “De Julho a Setembro temos muito trabalho por causa do livro escolar. Vendo artigos de papelaria, gifts e muitas encomendas. Tenho uma funcionária desde 2015, que é a minha sobrinha, e a minha filha também ajuda quando pode”, diz. Apesar de ter planos, como abrir uma loja no Carregado, o foco agora é consolidar o que construiu. O futuro das papelarias é incerto, devido às mudanças do mercado, mas Fernanda Correia Martins continua a reinventar-se para enfrentar novos desafios.

Papelaria Bravíssimo impulsiona vendas de O MIRANTE em Alenquer

A papelaria Bravíssimo vende o jornal O MIRANTE há pouco mais de dois meses mas com resultados positivos. Os clientes têm procurado o jornal e as edições que têm reportagens de Alenquer esgotam. “Como O MIRANTE vem com o Expresso, e nem todos são leitores do jornal, não liam. Agora também procuram o jornal por si só, porque é vendido à parte”, conta Fernanda Correia Martins.

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