Identidade Profissional | 28-01-2025 21:00

“É uma decepção não haver restaurantes de Santarém no Festival de Gastronomia”

“É uma decepção não haver restaurantes de Santarém no Festival de Gastronomia”
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Francisca Abreu gere o restaurante Flor do Ribatejo junto ao Hospital de Santarém

Francisca Abreu, gerente do restaurante Flor do Ribatejo, é sobrinha de Carlos Abreu, fundador do Festival Nacional da Gastronomia de Santarém. Lamenta que os restaurantes de Santarém não tenham lugar no Festival da Gastronomia e deixa o aviso a quem pretende investir no sector da restauração: “se acham que vão ser patrões e estar encostados, não abram um restaurante”.

Francisca Abreu trabalhou quatro anos como gerente de cozinha no restaurante O Cantinho da Graça, junto ao Hospital Distrital de Santarém, e reabriu-o como Flor do Ribatejo numa homenagem à filha, Flor, de seis anos, após a chefe Graça Cordeiro adoecer e lhe passar muito do seu conhecimento. Aprendeu com Graça Cordeiro os truques e manhas da cozinha para surpreender os clientes com pratos tradicionais e afirma que o segredo da qualidade e consistência dos pratos está no amor que coloca em cada um. A feijoada à transmontana, as enguias fritas, as moelas e molhinhos, a mão de vaca e o cozido de grão à moda do Alentejo são os mais pedidos.
“Na carne de porco à alentejana, em vez de só fritar, levo a estufar para a carne derreter na boca”, refere a chefe de 29 anos, que aos 16 já trabalhava no restaurante do irmão e em criança subia à bancada para ajudar a tia a cozinhar. Uma de seis irmãos, caracteriza-se como uma mulher determinada e admite ter surpreendido os pais quando terminou o curso de Artes e se inscreveu no Curso Técnico de Restaurante e Bar da Escola Profissional do Vale do Tejo. “Uma coisa que eu adoro é aquele barulho de fundo e depois de repente faz-se um silêncio brutal quando as pessoas estão a comer. A parte que mais adoro é ouvir os talheres a bater, porque é sinal de que estão a rapar os pratos”, conta entusiasmada.
Não suporta ver cadeiras e mesas desarrumadas, e o chão sujo, por lhe terem ensinado a andar sempre de bandeja e pano na mão. O restaurante é de cores vivas, estilo vintage e em algumas paredes é possível ver as suas obras de arte. Preza não só a limpeza, como o brio profissional e o bom atendimento. Depois do curso, Francisca trabalhou em vários bares de Lisboa; num hostel onde preparava os pequenos-almoços e assumiu várias cozinhas no regresso a Santarém. “Há muita gente que acha que por ter 28 anos na altura não me aguentava, mas enganaram-se porque não sabem o meu feitio”, afirma, revelando a ambição de ter uma cadeia de restaurantes Flor do Ribatejo e transformar o espaço num restaurante tipicamente ribatejano, dada a escassez de “uma boa comida de tacho”.
Nunca participou em concursos de cozinha, porque quer que as conclusões sejam tiradas através do paladar dos seus clientes. Enquanto empresária e sobrinha do fundador do Festival Nacional da Gastronomia de Santarém, Carlos Abreu, sente-se decepcionada por não ver restaurantes de Santarém representados. “O município não ajuda, concorri em Abril e estive até Outubro a ver se me atendiam o telefone. O meu tio criou o festival para dar a conhecer os produtos regionais de Santarém a nível nacional e acho uma decepção total não ver restaurantes de Santarém representados”, afirma.
Há um ano que Francisca Abreu passa 17 a 18 horas diárias de segunda a sábado no estabelecimento, que também tem serviço de cafetaria e esplanada. Confessa ter feito da sua vida social a vida do restaurante e os clientes tornaram-se seus amigos, esperando um dia poder vir a ter tempo para tirar um curso de empratamento. “Se acham que vão ser patrões e estar encostados, não abram um restaurante. Vão trabalhar mais do que os funcionários todos”, afirma a jovem gerente.

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