Confiança e proximidade conquistam os clientes da papelaria “O Cantinho do António”
Mário Marques assumiu em 2015 a gestão do “ O Cantinho do António”, uma papelaria tabacaria familiar em Vila Franca de Xira. Enfrentou desafios, como a pandemia, mas adaptou-se ao mercado e apostou na inovação e na proximidade com o cliente. As pessoas confiam no estabelecimento e nas duas funcionárias que são carinhosas e atentas.
Mário Marques é natural de Alcoentre, concelho de Azambuja, mas vive em Alenquer desde os cinco anos. Trabalhou numa fábrica, passou por armazéns e gestão de recursos humanos e chegou ao negócio da papelaria pela mão do falecido sogro, anterior proprietário do “Cantinho do António”em Vila Franca de Xira. Assumiu o negócio da papelaria e tabacaria em 2015, mas manteve o nome em homenagem ao sogro.
Localizada na Praça Afonso de Albuquerque, no largo da câmara, a papelaria sempre foi associada pelos clientes a um negócio familiar. “Ainda perguntam se a minha funcionária mais nova, a Márcia, é minha filha e se a funcionária mais velha é minha esposa. Eu respondo para não me arranjarem problemas que tenho esposa (risos), mas tentam sempre arranjar um grau de parentesco”, conta.
Um dos momentos mais difíceis, e que obrigou a repensar o negócio, foi durante e após a pandemia de Covid. O proprietário manteve a casa aberta e a receber clientes, porque era uma das actividades permitidas. No entanto, admite ter subestimado a pandemia e nunca reduziu horários nem esteve em lay-off. “Chegámos a funcionar à porta, por causa da pandemia, mas adaptámo-nos ao contexto. Depois, tivemos de reaprender o negócio e transformá-lo”, recorda. A venda de jogo diminuiu e a Santa Casa da Misericórdia viu-se obrigada a alterar a forma de pagamento dos prémios. O mediador suporta os valores a pagar, excepto os primeiros e segundos prémios o que se tornou mais atractivo para as pessoas.
Mário Marques gosta de trabalhar em estreita colaboração com as outras papelarias da cidade. As relações com os colegas da concorrência são boas e quando está um artigo em falta o cliente acaba por ser reencaminhado para outras papelarias.
Acompanhamos os clientes e temos um papel social
“O Cantinho do António” tem duas funcionárias carinhosas com os clientes e vestem a camisola. Como os clientes precisam de atenção, a papelaria acaba por ter um papel social. Há que acompanhar as pessoas para fazer a diferença, “porque para ser impessoal já bastam as compras online”, refere o proprietário. O movimento do estabelecimento despertou a atenção das próprias marcas. A Tabaqueira lançou há alguns anos as máquinas de tabaco e escolheu “O Cantinho do António” para ser um dos pontos promotores. “Os empresários e comerciantes têm de estar constantemente atentos ao mercado. A tendência de compras online vai fazer com que tenhamos de fazer a diferença e complementar com mais serviços. Na mesma deslocação, o cliente tem um leque de serviços que vai desde comprar o jornal, a jogar ou a comprar tabaco”, explica.
O comércio tradicional ainda faz a diferença e mesmo os mais jovens já começaram a dar valor a comprar perto de casa. Os riscos de comprar pela Internet e a desconfiança sobre os produtos que não estão à vista fazem com que a papelaria seja uma opção.
Com o aumento do número de imigrantes, o negócio apostou há dois anos no serviço de abertura de contas online. Com a demora nos processos de legalização de estrangeiros, através da abertura destas contas quem chega a Portugal pode começar logo a pagar despesas e fazer compras com um cartão multibanco. “As pessoas confiam em nós e a nossa opinião tem peso para o comprador. Temos credibilidade”, afiança.
Apesar de ter recebido propostas para alargar o negócio da papelaria a outros concelhos, Mário Marques nunca arriscou. Pai de trigémeos, decidiu ser cauteloso nos negócios porque sabia que tinha três filhos a estudar em simultâneo. “As duas meninas e o rapaz fizeram agora 25 anos. Com todos ao mesmo tempo a estudar na universidade, qualquer risco mal calculado da minha parte poderia ter afectado a sua formação”, explica.
Jornais regionais têm peso em Vila Franca de Xira
Os jornais regionais ainda têm um peso muito grande na comunidade, diz Mário Marques. As pessoas que residem fora de Vila Franca de Xira, mas que nasceram no concelho, gostam de saber as notícias locais. Quando acontece alguma coisa mais marcante procuram saber pormenores. “A percepção que tenho é que a população quer saber quem morreu. Ainda é das coisas mais comentadas”, relata o proprietário.