De empregada da limpeza nos Jogos Olímpicos a consultora de sucesso na Póvoa de Santa Iria
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Paula Duarte é consultora imobiliária na Póvoa de Santa Iria e o seu rosto e o seu nome estão por todo o lado. Acredita no poder da comunicação e da publicidade e o investimento já está a dar frutos, com muito trabalho a chegar-lhe. É do Couço, Coruche, e teve uma vida de luta e sacrifício, nunca tendo baixado os braços até chegar ao seu trabalho de sonho.
Paula Duarte trabalha como consultora imobiliária na região entre Lisboa e Coruche e diz ter poucas dúvidas de que toda a gente deve comprar casa em vez de arrendar. Para a profissional, a compra de casa deve ser considerada uma prioridade pelos jovens, antes mesmo de comprar um automóvel. “Há muitas pessoas com 50 e 60 anos que vivem em casas arrendadas e, de repente, têm de sair porque os donos querem as casas. Isso não é bom e conheço muitas histórias preocupantes”, diz a O MIRANTE.
Nascida no Couço, concelho de Coruche, há 56 anos, Paula Duarte diz ter crescido “numa das terras mais comunistas de Portugal”, onde as mulheres lutaram arduamente pelos seus direitos. Desde pequena esteve envolvida nessas lutas contra a pobreza e a discriminação, recordando-se de, com apenas sete anos, ter acompanhado essas batalhas e testemunhado o impacto das tentativas de reforma agrária. “Foram momentos complicados mas marcaram-nos muito”, recorda.
Quando era pequena sonhava ser bailarina ou cabeleireira. Acabou por estudar Direito, tendo feito uma pós-graduação em Direito das Autarquias Locais. Ainda pensou ser inspectora da Polícia Judiciária mas a vida trocou-lhe as voltas quando a mãe adoeceu com Alzheimer. “Ela morreu-me nos braços, foi uma situação muito difícil”, conta. Apesar da dor, não desistiu porque diz não ser mulher de baixar os braços. “Detesto ficar à espera que tudo venha ter comigo. Sou uma pessoa muito competitiva”, confessa.
Desde cedo que Paula Duarte percebeu a importância do trabalho e da dedicação ao que se faz. Começou a trabalhar aos sete anos a apanhar tomate nos campos do Ribatejo e sempre teve um espírito competitivo. “Se apanhava menos caixas que os outros ficava chateada”, recorda com um sorriso. Ao longo da vida passou por várias profissões: foi secretária de administração, trabalhou num supermercado nas Amoreiras e fez limpezas nos Jogos Olímpicos de Londres. “Agarrei nos meus filhos e fui para lá, sem saber falar inglês. Fazia limpezas enquanto estava a ter aulas de inglês”, recorda. Pelo meio ainda trabalhou em escolas do concelho de Vila Franca de Xira.
Paula Duarte vive na Póvoa de Santa Iria e acabou por se dedicar ao mercado imobiliário por paixão, depois de ter vendido a sua primeira casa onde viveu, no Monte do Estoril. Tira-a do sério a má educação. “Há pessoas muito mal educadas e o mundo está muito egoísta. Desde a pandemia as coisas só pioraram”, lamenta.
Publicidade ajudou-a a crescer
Esforça-se muito para ser a consultora com que toda a gente quer trabalhar, assegura a O MIRANTE. Paula Duarte tem apostado fortemente na publicidade e na comunicação da sua imagem. E o investimento está a dar frutos. No ano passado fez 51 transacções sozinha, o que significa ter sido eleita para o nível Platinum da Remax, ou seja, por ter conquistado um volume de facturação entre os 250 mil e o meio milhão de euros em comissões.
O seu conhecimento jurídico ajuda-a a prestar um serviço mais completo aos clientes, fazendo um pouco de tudo, incluindo tratar da compra, venda, arrendamento e tratar da documentação como direitos de preferência, certidões de nascimento e casamento, entre outros. “Comigo é mais fácil para os clientes. O meu trabalho é tirar as preocupações dos clientes e acabar por resolver em termos de documentação e negociação tudo o que seria responsabilidade do cliente”, explica.
Paula Duarte sabe que o imobiliário é um mundo competitivo e que o sucesso exige dedicação. “Durmo uma média de cinco horas por noite. Não consigo desligar-me do trabalho. Deito-me a falar de trabalho e acordo a pensar em trabalho. Neste momento casei com o trabalho”, reconhece. Para a empresária, casa é sinónimo de segurança e conforto. “É um aconchego, um direito, todos devem ter uma casa digna”, defende. Para a consultora uma boa casa tem de ser luminosa e aconchegante. E de preferência não muito grande: ela própria vive num T2, uma casa com dois quartos.
No mercado actual, Paula Duarte confirma que os preços das casas continuam elevados e que a procura jovem ajudará a manter essa estabilidade de preços. “As casas aumentaram 15% do ano passado para este ano. Sinto que os preços vão manter-se estáveis enquanto os jovens procurarem casa. Pelo menos no próximo ano os preços deverão manter-se”, estima.
Gosta de viver na Póvoa de Santa Iria e elege a qualidade de vida, bons acessos e a zona ribeirinha como as principais mais-valias da cidade. “Temos aqui mais qualidade de vida do que em Cascais. Para quem trabalha em Lisboa, viver em Cascais não é bom. Eu chegava a sair de casa às cinco da manhã para estar em Lisboa às 09h00. Era muito complicado”, refere. Viajar é um dos seus prazeres na vida mas nunca consegue verdadeiramente desligar-se do trabalho. “Não consigo ter férias como deve ser, estou sempre a receber chamadas”, confessa.
Com uma vida repleta de desafios, Paula Duarte continua a lutar pelos seus objectivos e pelos dos seus clientes, sempre com a determinação que a caracterizou desde a infância. “Todos os dias traço objectivos para cumprir e sonhos que quero concretizar. Vou morrer a trabalhar porque não me vejo a parar”, conclui.