Identidade Profissional | 23-04-2025 21:00

Papelaria Alenquerense resiste ao tempo e às grandes superfícies

Papelaria Alenquerense resiste ao tempo e às grandes superfícies
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Elisabete Ferreira é, há 37 anos, o rosto da Papelaria Alenquerense

Há 51 anos que a Papelaria Alenquerense faz parte da vida da vila de Alenquer. Fundada pelo pai de Elisabete Ferreira, tem resistido às mudanças dos tempos e à concorrência das grandes superfícies. Hoje continua aberta pelas mãos de quem ali cresceu atrás do balcão.

Desde Janeiro de 1974 que a Papelaria Alenquerense tem as portas abertas na vila de Alenquer. O pai de Elisabete Ferreira, caixeiro-viajante, adquiriu um negócio de jornais e revistas, mas começou a vender material de escritório e papelaria. Nessa altura, a Papelaria Alenquerense era a única em Alenquer a vender esse tipo de material e, por isso, era procurada por clientes de todo o concelho. Atrás do balcão estava a mãe de Elisabete Ferreira, que ainda hoje dá uma ajuda no atendimento ao público.
“O meu percurso era sair da escola e vir para a papelaria. O movimento na altura dava gosto, ficava a conhecer as pessoas e perguntava de onde vinham. Havia fábricas, as ruas eram movimentadas e viam-se pessoas a apanhar os transportes, porque poucos tinham carro”, recorda Elisabete Ferreira.
A papelaria chegou a ter quatro funcionários — os pais de Elisabete, ela e a irmã mais nova. Chegou também a ter uma loja na rua em frente ao estabelecimento, que vendia apenas em duas alturas do ano produtos específicos: mochilas antes do início do ano escolar e brinquedos no Natal. O negócio acabou por ser vendido a uma sapataria que ainda hoje tem as portas abertas.

A concorrência das grandes superfícies
O gosto pelo atendimento ao público era tanto que Elisabete Ferreira nunca quis fazer outra coisa na vida. Terminou o 12.º ano e passou a estar na papelaria a tempo inteiro. Na altura, as vendas iam de vento em popa e o futuro era promissor. Seguir o negócio de família era garantir estabilidade. Hoje a realidade é diferente. “Isto mudou tanto que é uma desilusão. Em Alenquer já se vê pouco comércio, temos mais serviços, nomeadamente de estética”, desabafa.
A concorrência das grandes superfícies tem vindo a dificultar a sobrevivência do comércio tradicional. Apesar de os preços não serem, necessariamente, mais baixos, a comodidade de encontrar tudo num só lugar tem conquistado os consumidores. “A nossa linha tem sido sempre a mesma. O problema é que abriram as grandes superfícies e lojas que vendem material de escritório. Não é mais barato nem tem mais qualidade, mas é mais cómodo para as pessoas”. E após um dia de trabalho, muitos preferem fazer as compras todas num único local, mesmo que paguem mais. “Vou buscar o pão, o leite e os ovos, e aproveito para comprar um caderno, uns lápis ou uma mochila. Já não pensam em poupar, é por comodismo”, sublinha.

Preços competitivos
A Papelaria Alenquerense fornece várias empresas com material de escritório e papelaria, a preços competitivos. Elisabete Ferreira está no ramo há 37 anos e conta com vários fornecedores. Os clientes da loja são, maioritariamente, mais velhos, que não se podem deslocar a outros sítios, mas também estrangeiros que procuram cópias e impressões de documentos.
A mudança nos hábitos de consumo reflecte-se também na forma como as famílias encaram a preparação para o regresso às aulas. “Antigamente as pessoas tinham dificuldades e os pais juntavam dinheiro para dar o material aos filhos. Hoje são eles que escolhem”, diz.
Os sobrinhos de Elisabete Ferreira não têm intenção de ficar com o negócio e a filha, que está a estudar fisioterapia, é pouco provável que o faça. Mas, enquanto o negócio for sustentável, é para continuar, até porque Elisabete Ferreira tem gosto em atender os clientes e ajudar as pessoas.

Jornais regionais com lugar na estante

O MIRANTE é um dos jornais que se vende na Papelaria Alenquerense. Tem mais saída quando aparecem notícias ou entrevistas do concelho de Alenquer, e Elisabete Ferreira faz questão de avisar os clientes. Os jornais locais e regionais eram mais procurados antigamente, sobretudo por causa dos obituários, que hoje em dia têm vindo a cair em desuso.

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