Identidade Profissional | 21-05-2025 07:00

Filomena Custódio continua poeta e pintora aos 89 anos

Filomena Custódio continua poeta e pintora aos 89 anos
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Tios de Filomena Custódio, de Portalegre, incutiram-lhe o desejo de pintar

Filomena Custódio, professora aposentada e mulher de cultura, lançou o livro A Humanidade – Música para o século XXI, que quer levar às escolas. Preocupada com o que se passa no mundo, a poetisa e pintora de Santarém não desiste de lutar por um mundo melhor com as armas de que dispõe.

Professora aposentada, poetisa e pintora, Filomena Custódio continua atenta e preocupada com o que se passa no mundo. Os temas dos seus quadros, pintados no início do século XXI, permanecem actuais, num tempo em que os conflitos alastram em diversos pontos do globo. Guerra, paz, natureza, pobreza, imigração, justiça social são temas recorrentes nas suas obras e, aos 89 anos, quer voltar às escolas com o seu livro de pintura A Humanidade – Música para o século XXI, para conversar com os alunos, revela a O MIRANTE numa conversa decorrida na Biblioteca de Alpiarça, à margem da apresentação da obra.
Filha de mãe alentejana e de um mestre de alfaiataria natural de Coimbra, “um pouco salazarista”, conta, foi a segunda de três irmãos, o mais velho alentejano e Filomena e Jorge Custódio, historiador, naturais de Santarém. Filomena foi mãe de três filhos, Rui, Ricardo e João. Manteve sempre ligação com os tios pintores, de Portalegre, que lhe incutiram o desejo de pintar, começando por garrafas. Recorda-se de sair com o tio e ficar a observá-lo a pintar paisagens, mas o pai queria que fosse professora. Em 1957 terminou o Curso do Magistério Primário passando pelas escolas primárias de Samora Correia, Benavente, Marmeleira, como professora contratada, e como professora efectiva na escola de Alcobertas. As primeiras obras foram retratos de alunos da escola de Alcobertas e em 1965, ano da sua primeira exposição, partiu para Angola com o homem com quem havia casado, onde foi professora morando em residências do Instituto do Café de Angola.
Com a revolução de 25 de Abril e a descolonização, a família regressa em 1975, primeiro o marido e filhos e depois Filomena com a empregada. Na impossibilidade de frequentar o curso de Artes na Faculdade de Belas Artes por ser necessário assistir a aulas presenciais, decidiu inscrever-se em História na Faculdade de Letras e emigra para Cabo Verde, onde dá aulas como professora cooperante na Escola Preparatória Jorge Barbosa. Entretanto divorcia-se e regressa a Portugal uma década depois, fixando-se em casa da mãe, em Santarém.
Em 1988 passou a leccionar na Escola C+S de Alpiarça, dedicando-se à cultura escolar em actividades de dança, pintura e vídeo do Clube Europeu, tendo recebido alguns prémios e diplomas do Conselho da Europa no ano em que voltou a pintar. Em conversas tidas com alunos percebeu que também eles desconheciam a história do meio onde viviam e convidou-os a conhecerem as suas gentes, o que culminou na publicação da obra Alpiarça: as Casas e os Homens, com as histórias dos moradores. Em 2019 lançou Philomela – O Canto do Rouxinol e em plena pandemia começou a trabalhar para a publicação do livro de pintura A Humanidade.
Filomena Custódio vive actualmente na Póvoa de Santarém com um dos seus filhos e o neto, onde também tem o seu atelier, somando 400 quadros. Não se deixar desiludir e não ter medo do amanhã é a forma como tem encarado a vida, mostrando-se ainda bastante lúcida para entender o que se passa à sua volta. “Um país não é um país só, temos de compreender o mundo. Desde o princípio que se fazem migrações. Preocupa-me o que certos políticos fazem, as pessoas têm direito de viver onde querem”, diz Filomena Custódio sobre as deportações nos Estados Unidos da América.

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