Identidade Profissional | 27-08-2025 18:00

Francisco Neves fundou a Equiporave e abriu caminho à nova geração da família

Francisco Neves fundou a Equiporave e abriu caminho à nova geração da família
IDENTIDADE PROFISSIONAL
Francisco Neves fundou a Equiporave, de Castanheira do Ribatejo, empresa que passou para as mãos dos filhos - foto O MIRANTE

Natural de Canados, no concelho de Alenquer, Francisco Neves, hoje com 79 anos, construiu uma vida de dedicação ao trabalho e à inovação. Da aviação à indústria avícola, foi sempre pioneiro e empreendedor, apostando de forma contínua na sua formação profissional. Em 1976 fundou a Equiporave, que hoje está nas mãos dos filhos como Equiporave Ibérica, mas continua também a produzir vinhos e a gerir a sua empresa de Galvanização e Metalização, no Carregado. Viciado no trabalho, há cerca de uma década começou a delegar tarefas e deixou de utilizar o computador.

Filho de um feitor agrícola com vinhas e trabalho em quintas, Francisco Neves passou a infância em Canados, freguesia de Meca, no concelho de Alenquer, de onde é natural. Aos 14 anos, o pai deu-lhe uma mota para se deslocar para Alverca, onde ingressou nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), conciliando o trabalho com o estudo nocturno. Quando entrou nas OGMA tinha apenas a antiga quarta classe e, quando saiu, aos 26 anos, já era técnico de electrotecnia e máquinas. Representou as Oficinas a nível internacional, nas Olimpíadas do Trabalho, e conquistou a primeira medalha de ouro para as OGMA em representação de Portugal. Frequentou a antiga Escola Industrial de Vila Franca de Xira e, mais tarde, o Instituto Industrial, actual ISEL.
Com várias ofertas de emprego, Francisco Neves optou por trabalhar numa empresa americana na área dos televisores, que à época tinha 1.500 trabalhadores. Saiu de lá para ingressar na Avimetal – Indústria de Material Avícola, S.A., em Abrigada, concelho de Alenquer, onde permaneceu quatro anos e meio. Casado e com dois filhos, aceitou depois a proposta do Grupo Valouro, entrando como sócio, já que a empresa queria apostar na produção de frangos. Em paralelo, fundou a sua própria empresa em 1976, a Equiporave, em Castanheira do Ribatejo, dedicada à produção de equipamentos de metalomecânica ligeira para agropecuária.

Acidente de carro foi uma reviravolta na vida
Francisco Neves apostou sempre na sua formação profissional e académica. Recorda, com humor, o episódio do dia em que foi fazer o último exame de Inglês para ingressar no Instituto Industrial, quando o seu primeiro filho tinha apenas dois meses: “a minha mulher queria ir mostrar o bebé às tias que moravam em Lisboa, mas eu não tinha tempo. No dia em que fiz o exame, a minha esposa ficou com o nosso filho dentro do carro, um Renault 4L, à minha espera. Mencionei isso no exame, quando me perguntaram se era casado, e acabei por ser despachado mais depressa. Ainda hoje digo que o meu filho me ajudou no exame”, relembra.
Há 30 anos, o empresário sofreu um grave acidente de automóvel em Vila Franca de Xira mas conseguiu recuperar. Fracturou a coluna e desde então vive com ferros e parafusos na espinha. Esse episódio levou-o a repensar a vida e a entregar a outros técnicos parte das responsabilidades no Grupo Valouro. Nessa altura, um dos filhos já se encontrava formado e o outro tinha acabado de concluir o curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico.

Filhos assumem o negócio da Equiporave
Assim nasceu a Equiporave Ibérica, Lda., uma empresa gerida pelos dois filhos, que continua a produzir comedouros e bebedouros, entre outros equipamentos, para a indústria agropecuária. Os principais clientes situam-se nos sectores da suinicultura, avicultura e ruminantes, variando entre pequenos produtores e grandes grupos de produção animal. “O negócio é mais exigente e temos de ter outros cuidados por causa das doenças, mas antigamente metíamos 12 frangos por metro quadrado, hoje metemos 22. Quando aumenta a densidade também aumentam os problemas. Hoje um pavilhão de frangos é uma cabine de um avião: é estanque, tem ar controlado, humidade, etc. Hoje o frango é a proteína mais barata que se cria no mundo”, explica.
Ao longo da vida, Francisco Neves trabalhou em aviões, televisores e pecuária. Mantém ainda uma empresa de protecções contra ferrugem – a Galme - Galvanização e Metalização, Lda., no Carregado –, produz vinhos que vende a granel e foi um dos fundadores da CVR Lisboa e Vale do Tejo.

Francisco Neves não usa computador
Há cerca de uma década começou a abrandar o ritmo, retirando os computadores de casa e dos gabinetes das empresas. Desligou-se da informação instantânea, como refere, mas garante que continua a estar a par de tudo através dos seus funcionários. “Não posso ser escravo de mim próprio. Quando acordo tento fazer o que me apetece. Durante anos a minha vida foi hotéis e aviões e agora, para descansar, vou para a minha casa no Algarve. Refugio-me nas touradas, fados, revistas e nos cerca de 25 almoços com amigos que tenho em atraso”, sublinha. Quando chegar a altura, Francisco Neves conta “estacionar” na quinta que tem em Meca, Alenquer, e permanecer junto às suas raízes.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1731
    27-08-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1731
    27-08-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1731
    27-08-2025
    Capa Vale Tejo