Identidade Profissional | 15-10-2025 10:00

Paulo Lourenço trocou a Marinha por um negócio de sucesso em Vialonga

Paulo Lourenço trocou a Marinha por um negócio de sucesso em Vialonga
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Paulo Lourenço decidiu abrir a Nova Luz em Vialonga para responder às necessidades do mercado - foto O MIRANTE

Em Vialonga, no meio de prédios e oficinas, está a Nova Luz, uma empresa que exporta peças para automóveis relacionadas com airbags, para mais de uma dezena de países europeus.

À frente está Paulo Lourenço, um homem que trocou o uniforme da Marinha por uma bancada de electrónica, uma das suas paixões, e as missões no mar por outra aventura, a de lançar um negócio em terra firme. A sua história é a de alguém que fez da curiosidade um ofício, do rigor militar uma filosofia de trabalho e da honestidade o alicerce de um projecto que, começando numa garagem, se tornou referência no sector.

Aos 37 anos, Paulo Lourenço é o rosto da Nova Luz, uma empresa de Vialonga que nasceu da paixão do empresário por electrónica e que hoje exporta peças automóveis para quinze países da União Europeia. A história de vida de Paulo Lourenço sempre foi marcada pela curiosidade, a vocação pela electricidade e electrónica e uma dedicação profunda à família. Natural de Vialonga diz que gosta da calma da localidade, da proximidade com Lisboa e do sossego do campo. Vialonga, que outrora carregou uma fama injusta de terra violenta, transformou-se para melhor nas últimas décadas e Paulo Lourenço viu essa evolução de perto. “Era mais fama do que proveito. Hoje a vila está muito melhor, há mais serviços, mais segurança, mais vida”, conta a O MIRANTE.
O gosto pela electricidade começou cedo. O primeiro emprego surgiu aos 16 anos como electricista na construção civil. A vida, no entanto, levou-o a outros rumos quando entrou na Marinha, onde permaneceu década e meia como militar especializado precisamente em electricidade. A disciplina, o rigor e a exigência desse período marcaram-no profundamente, com valores que ainda hoje aplica no mundo empresarial.
A decisão de sair da Marinha, conta, foi ponderada mas inadiável. “Queria ser pai e não podia continuar sempre embarcado e em viagem. Era impossível conciliar as missões com a família”, confessa. Em 2019 decidiu meter mãos à obra e abrir a Nova Luz - uma empresa dedicada à reparação e comercialização de fitas de airbag, componentes essenciais para o sistema de segurança dos automóveis. Desde 2021 dedica-se a tempo inteiro ao projecto, que tem crescido desde então e já emprega três pessoas.

Um nicho de mercado
O negócio nasceu de um acaso, quando uma avaria no seu carro lhe despertou a curiosidade. “Desmontei a peça e percebi que podia haver ali um nicho de mercado. Havia pouca oferta e quase ninguém fazia reparações nesta área”, conta. Com a ajuda do sogro, mecânico de profissão, começou a testar, reparar e vender as primeiras fitas de airbag. “Quando viramos o volante temos a buzina, o rádio, o airbag, os comandos do telemóvel e do rádio. Se fossem fios soltos partiam. A fita é uma peça rotativa com um flat cable enrolado, uma peça de desgaste, que se poderá chamar de mola de enrolamento. Quando falha, a luz do airbag acende, a buzina deixa de funcionar, entre outros problemas”, explica Paulo Lourenço.
É um empresário que gosta de meter as mãos na massa. Muitas fitas não se vendem novas e Paulo Lourenço consegue recuperá-las. “O técnico aqui sou eu e reparo. É o único trabalho que ainda não consigo delegar”, conta, admitindo que dedicar-se à gestão da empresa tem sido o mais desafiante. A Nova Luz dedica-se quase exclusivamente a este componente. “Reparamos fitas de airbag. Só isso. Não mexemos nos módulos de airbag, mas temos parceiros nacionais que o fazem. Também reparamos sensores de ângulo de direcção, que lêem a posição do volante. É um complemento do nosso trabalho, a que juntamos a venda de chapeleiras e cortinas de mala”, explica.
A Nova Luz já tem hoje uma estrutura montada e fornece lojas de peças, oficinas, stands e vende material para pelo menos 15 países da União Europeia, sempre a partir de Vialonga. “Não somos os mais baratos, mas somos honestos e trabalhamos com qualidade”, sublinha. A palavra “honestidade” surge repetidamente na conversa. “É o mais importante. Se um carro não precisa de uma fita nova dizemos ao cliente. Prefiro perder uma venda do que enganar alguém”, garante.
A ética profissional é um dos pilares da empresa. Paulo Lourenço acredita que o sucesso nasce da transparência e da perseverança. “Temos de ser resilientes. O Estado não ajuda muito, somos super taxados, mas continuamos a lutar. O segredo é fazer bem, mesmo quando custa”, critica. Assume-se como perfeccionista, exigente e metódico e quando era pequeno sonhava ser carpinteiro. Hoje olha para o futuro com ambição e sonha fazer crescer a empresa. Quer ver a Nova Luz ainda mais reconhecida a nível nacional e integrada nos grandes catálogos de distribuidores europeus de peças. Orgulhoso das raízes e do caminho que construiu, continua a acreditar em Vialonga como o lugar certo para ser empreendedor. A desonestidade magoa-o e tira-o do sério. “O que me move é trabalhar com verdade”, conclui.

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