“Trabalhar em restauração não é fácil, muitas vezes é uma prisão”
Rogério Faria cresceu no restaurante O Álvaro e agora é o gerente do espaço. O seu pai, que dá nome ao estabelecimento, criou o negócio em 1997 em Vilar dos Prazeres. Com oito funcionários e uma ementa diversificada, o restaurante mantém-se no activo e com muitos clientes.
O restaurante O Álvaro é já uma referência em Vilar dos Prazeres, concelho de Ourém. Inaugurado em 1997, o espaço continua a receber muitos clientes diariamente, como trabalhadores e famílias. A ementa é diversificada, não faltando pratos típicos da cozinha tradicional portuguesa. Tratando-se de um negócio de família, o restaurante é hoje gerido por Rogério Faria, filho do dono que dá nome ao estabelecimento.
Rogério Faria, 49 anos, nasceu e cresceu em Vilar dos Prazeres. Afirma que teve uma infância feliz. A sua mãe era funcionária pública, mas também ajudava no negócio de família. Já o pai, começou aos 13 anos a trabalhar numa fábrica de malhas, depois casou e foi trabalhar na construção civil. Mais tarde decidiu aventurar-se no mundo da restauração, abrindo um restaurante em nome próprio. Assume que as suas memórias de infância são maioritariamente passadas no restaurante. Recorda que chegava da escola e ia para o restaurante ajudar em pequenas tarefas. Estudou em Ourém até ao 12º ano, indo depois estudar Gestão para o Politécnico da Guarda.
Apaixonado por números, Rogério Faria diz que sonhava em criança ser professor de Matemática. Ainda esteve quase 10 anos na Guarda, mas decidiu voltar para Ourém porque não estava a encontrar trabalho na sua área de formação. Com 30 anos de idade, assinou contrato no restaurante gerido pelo seu pai.
Embora tenha assumido recentemente a gerência do espaço, Rogério Faria garante que é um funcionário como os outros. No total são oito os funcionários que trabalham no restaurante O Álvaro, alguns com muitos anos de casa. Exemplo disso é a cozinheira, que já trabalha no estabelecimento há 35 anos. O gerente afirma que gosta de trabalhar no restaurante e que já não se imagina a trabalhar noutra área. Conta que aprendeu sozinho a ver o pai trabalhar.
Muita burocracia e falta de pessoal
“Trabalhar em restauração não é fácil, acaba por ser uma prisão, temos horários rigorosos, mas gerindo bem o tempo dá para ter uma vida com alguma qualidade”, confessa. No restaurante, Rogério Faria está mais na parte da gestão, faz as compras e está no grelhador à hora de almoço, ajudando ainda em tudo o que seja necessário. Para o futuro, não sabe se quer continuar com o restaurante devido à falta de pessoal e cansaço da equipa. “Um dos maiores desafios que encontro actualmente no meu trabalho é a existência de muita burocracia e pouco pessoal que esteja disponível para trabalhar nesta área”, reforça o gerente.
Aberto de terça a domingo, o restaurante oferece uma carta com diversas comidas tradicionais portuguesas. Rogério Faria explica que a especialidade da casa é o coelho à bruxas - uma espécie de coelho à caçador, guisado com temperos especiais, batata frita, arroz e salada. Também o cozido à portuguesa, servido uma vez por semana, ou a mão de vaca com grão são outros pratos famosos. As sobremesas são caseiras e de grande qualidade, desde mousse de chocolate, até arroz doce, serradura, pudim de ovos e salada de frutas. O restaurante abre sempre à hora de almoço e algumas vezes ao jantar. “O restaurante é uma forma de negócio, mas também tem uma vertente social, as pessoas precisam de comer e nós pensamos muito nisso, daí abrirmos muitas vezes também à noite mesmo tendo poucos clientes”, justifica Rogério Faria.
Para o gerente, uma das coisas que lhe faz falta na vila é a concorrência saudável. Rogério Faria defende que a concorrência é sempre boa porque permite uma complementaridade entre restaurantes. O gerente refere que em Vilar dos Prazeres há meia dúzia de restaurantes de pequena dimensão e que em Ourém a oferta de restauração também é escassa.
Rogério Faria é solteiro e assume estar bem com isso. “Nunca se proporcionou juntar-me com alguém e formar família, não tenho esse objectivo de vida e trabalhar na restauração é sempre um entrave”, reconhece. Pratica padel três vezes por semana, sendo que também já jogou futebol e foi treinador. Mora com os pais na habitação anexa ao restaurante.


