Identidade Profissional | 25-09-2022 12:00

Canil de Vila Franca de Xira ajuda duas centenas de animais abandonados

Ana Leonardo gosta de todos os animais por igual mas são os cães a sua paixão

Ana Leonardo é médica veterinária municipal e exerce a sua profissão de sonho. Todos os dias luta para dar boas condições às duas centenas de animais que foram recolhidos das ruas no concelho de VFX.

Desde pequena que Ana Leonardo, 45 anos, é apaixonada por animais e por isso não se estranha que logo que se abriram as portas da formação superior tenha seguido o ramo da medicina veterinária e concretizado o sonho de passar os dias rodeada de animais. É natural de Coimbra e foi para Vila Franca de Xira aos 12 anos com a família. É médica veterinária municipal, responsável pelo canil municipal, também chamado de Centro de Recolha Oficial (CRO), e chefe da divisão de alimentação e veterinária da câmara, que tem como objectivo controlar a população animal do concelho, o bem-estar animal e tudo o que envolve a saúde pública relacionada com animais.
“Não houve um segundo da minha carreira profissional em que me tenha arrependido de ser veterinária. É uma profissão muito desgastante e a nível psicológico não é fácil. Já tive de lidar com situações complicadas mas temos de aprender estratégias para lidar com elas”, diz a O MIRANTE.
Ana Leonardo confessa chorar no momento e descarregar as emoções para que não leve os problemas consigo para casa no final do dia. Aí a família é muito importante e, claro, os três cães que tem em casa. Dois deles adoptados no CRO e de raça potencialmente perigosa. “É a velha discussão: são potencialmente perigosos, não pelo feitio mas pela capacidade que têm de infligir dano. Muitas pessoas queriam um animal desses precisamente para os usar como arma. Mas os meus são uns amores. Uma foi resgatada de uma situação de maus tratos e outra de uma criação ilegal”, conta. A especialidade da veterinária são os pequenos animais, ou seja, cães, gatos, coelhos, entre outros.

Ter 40 cães dentro de casa é doença
Na sua carreira Ana Leonardo já se deparou com situações de moradores com 30 e até 40 cães dentro de casa, uma situação que a médica diz não ser aceitável. “Já não é uma questão de educação, é questão de saúde mental. Não é bom para a pessoa nem para os animais. Nessas situações os animais são sempre vítimas de maus tratos porque não há capacidade para os ter dentro de um apartamento”, lamenta. Ana Leonardo lembra que a legislação permite apenas quatro animais dentro de uma habitação: 3 cães ou 4 gatos.
Para a profissional os humanos têm muito a aprender com os animais. “Dão sem procurar retorno e amam a pessoa que está com eles. Podemos aprender essa empatia que os animais nos dão constantemente”, refere. No seu trabalho chegar ao canil e ver animais bem tratados é o que lhe dá ânimo e energia para o dia-a-dia.
Por outro lado tira-a do sério o abandono dos animais e a irresponsabilidade. “A falta de sensibilidade, de amor ao animal que esteve lá em casa, as pessoas não pensarem em nada nem em ninguém, nem sequer perceberem que ao abandoná-los estão a obrigar todos os contribuintes a acartar com a despesa de lhes não apetecer ter um animal”, condena. Quem quiser fazer uma adopção responsável basta deslocar-se ao CRO, falar com os técnicos e visitar os animais.

O apelo à adopção de animais
A médica reforça o apelo à adopção de animais e lembrou a O MIRANTE que a compra de determinadas raças perpetua um negócio paralelo nem sempre bom para a saúde animal. É o caso do buldogue francês. “São animais que vivem em sofrimento do nascimento à morte. Para quem acha piada àquele ressonar importa lembrar que se deve à falta de ar e falta de capacidade respiratória do animal. Ao comprar um desses animais estamos a perpetuar o seu sofrimento”, lamenta.
Ironicamente muita gente gasta as poupanças na compra de um desses cães e depois não tem capacidade financeira para lhe dar cuidados de saúde. “Ainda por cima trata-se de animais com imensos problemas de saúde relatados e as pessoas continuam a comprá-los na mesma em vez de adoptar animais saudáveis”, afirma Ana Leonardo.

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