Identidade Profissional | 01-06-2022 17:59

José Alberto Moreira é uma referência do associativismo em Almeirim

José Alberto Moreira está ligado ao associativismo desde jovem e actualmente é vice-presidente do Orfeão de Almeirim

Está desde a sua juventude ligado ao associativismo do concelho de Almeirim. José Alberto Moreira começou a trabalhar aos nove anos, quando foi aprender o ofício do seu pai: latoeiro.

Mais tarde conciliou o trabalho com os estudos. Tirou a carta de condução de veículos pesados até que foi trabalhar como motorista do presidente da Câmara de Almeirim. Depois tornou-se motorista de transportes do município, onde ficou até se reformar, há 18 anos. Pertenceu à Banda Marcial de Almeirim 50 anos e foi músico e motorista do Rancho Folclórico da cidade. Actualmente é vice-presidente do Orfeão de Almeirim.

José Alberto Moreira, 83 anos, foi obrigado a aprender o ofício do seu pai, latoeiro, e começar a trabalhar aos nove anos depois de terminar a quarta classe. Na altura, queria ser mecânico mas o pai pô-lo a trabalhar consigo a construir equipamentos para a área da agricultura na oficina, em Almeirim, cidade onde nasceu. Aos 16 anos decidiu conciliar o trabalho com os estudos. Ia e vinha todos os dias de bicicleta para Santarém, onde estudou à noite até aos 21 anos, quando foi chamado para cumprir o serviço militar obrigatório. Assentou praça em Estremoz mas quatro meses depois veio para a banda de música do quartel da Escola Prática de Cavalaria de Santarém porque era músico desde os 11 anos.
Enquanto estava na tropa, nos tempos livres aproveitou para tirar a carta de condução de veículos pesados. Chegou a ser mobilizado para a Guerra do Ultramar mas como já estava na tropa há 25 meses pediu ajuda a um superior que o livrou de ir combater para África. Cumprido o serviço militar ainda trabalhou cerca de um ano com o seu pai mas avisou-o que seria por pouco tempo e que iria à procura de uma profissão que o fizesse feliz. Arranjou emprego como motorista de pesados numa empresa na Chamusca. Dois meses depois foi convidado para trabalhar como mecânico e electricista numa fábrica de produtos químicos em Almeirim. “Ia almoçar a casa e ganhava 400 escudos por semana, o que era muito bom naquela altura. Fiquei lá até ao 25 de Abril, altura em que a fábrica encerrou”, recorda o vice-presidente do Orfeão de Almeirim.
Passou a trabalhar com o presidente da Câmara de Almeirim, Alfredo Bento Calado, durante 13 anos. Quando Sousa Gomes chegou à presidência do município ficou como motorista do município levando as colectividades e equipas de futebol onde fosse preciso. Está reformado há 18 anos mas sempre esteve ligado a colectividades da cidade. A música sempre foi uma paixão. O seu pai e tio eram membros da Banda Marcial de Almeirim e o pai desafiou-o a experimentar. Adorou. Começou por tocar contrabaixo tendo passado a tocar tuba. A primeira saída que fez com a banda foi no dia da inauguração da praça de toiros de Almeirim, em 1957. Pertenceu à banda cerca de 50 anos e confessa que ainda se emociona quando recorda esses tempos. “Éramos uma família. Havia muita união, mesmo que tivéssemos desavenças, o que é sempre normal”, explica a O MIRANTE.
“Acredito que daqui a 50 anos já não existam colectividades”
Além da banda, José Alberto Moreira pertenceu ao Rancho Folclórico de Almeirim, onde conheceu a esposa. Com o rancho conheceu muitos países da Europa: Bélgica, França, Holanda, Espanha, Alemanha, Polónia, República Checa e também a Turquia. Tocava no rancho, mas era sobretudo o motorista. Em simultâneo tocou durante 15 anos na Banda de Coruche e cinco anos na Banda de Alpiarça. Saiu em 1989.
Foi durante vários anos presidente do Orfeão de Almeirim e entretanto passou a vice-presidente para dar lugar aos mais novos. O Orfeão de Almeirim nasceu no seio da Banda Marcial da cidade, em 1979, tendo-se tornado uma associação em Janeiro de 1993. Antes da pandemia tinham 36 elementos e agora têm 23. Estão a tentar recuperar o tempo perdido. Homem ligado desde sempre ao movimento associativo, diz que é cada vez mais difícil encontrar pessoas disponíveis para as colectividades. “Acredito que daqui a 50 anos já não existam colectividades. Talvez sobreviva o futebol mas é preciso muita carolice e as pessoas hoje não estão disponíveis para perder tempo com as colectividades, que dão trabalho”, sublinha o dirigente que tem dois filhos, três netos e um bisneto que nasceu há menos de um mês.

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